Na era dos cinemas de ruas, as
ruas da cidade de Cajazeiras, se tornaram paredes expostas
em cartaz, que parecia projetar para o futuro todo romantismo de uma época,
onde o cinema reinava absoluto, não só na produção das suas imagens ilusórias,
mágicas, mas também sob o sentimento que essas icônicas estampas fotográficas
provocavam na população que iam aos cinemas. Cartazes mostrados nas suas vias, eram
sinônimos de aglomerações e curiosidades.
Os retratos batidos pelos seus fotógrafos do tempo, são
provas que Cajazeiras viveu esse momento com obstinação e paixão. Digo assim, por
que vivi esse ciclo e percebia o apego a sétima arte, dos que frequentavam as
três salas de exibições da cidade, estrategicamente distribuídas e fixadas no
seu espaço geográfico, conforme os maiores fluxos de sua população.
Com a presença tão unânime do nosso povo, os espaços de
convivência da cidade iam se transformando em pontos de exposições das chamadas
tabuleta de cinema. Pontos esses disputados pelos donos dos cinemas, para
divulgação dos filmes da semana. Vias públicas a exemplo da Praça João Pessoa e
Terminal Rodoviário, por certo era os locais de maior convergência de
transeuntes.
A Praça João Pessoa, cuja posição urbana ficava e ainda fica
na parte central da cidade, foi nas décadas 50 e 60 o principal entreposto
ocupado pelo Cine Éden. Não por imposição do proprietário desse cinema, mas por
ser a artéria onde estava instalada essa sala de exibições e ter a maioria
dos bares, lanchonetes, danceterias e sorveterias como paradas obrigatórias da
juventude cajazeirense dessa época.
Por outro lado, o principal terminal rodoviário da cidade -
anexo ao Edifício Antônio Ferreira, era ponto cativo de divulgação dos filmes
que seriam exibidos no Cine Teatro Apolo XI, de propriedade da Diocese de
Cajazeiras. Para o exibidor do Apolo XI, o local era estratégico, por ser porta
de entrada dos visitantes que chegavam e dos filhos da terra que retornava à
cidade.
A ocupação desses espaços públicos, nos fazia entender como
era percebível, no ponto de vista econômico, o interesse de cada proprietário
dessas salas. Ou seja, o Cine Éden acreditava no grande fluxo de pessoas do
centro comercial, por achar que essa concentração tinha um perfil mais popular.
Sendo assim, havia mais possibilidade de ter o seu auditório lotado.
Por sua vez o Cine Apolo XI, confiava no movimento de
embarque e desembarque dos ônibus e dos serviços de hotelaria do Edifício
Antônio Ferreira, como fator importante para o aumento de público nas suas sessões
diárias. Como esse cinema era um pouco afastado do centro, apostava também no poder aquisitivo da população da parte
norte da cidade, onde o cinema estava situado, compreendendo aí os moradores da
Barão do Rio Branco e das famílias de classe média da Rua Victor Jurema.
As tradicionais tabuletas, bases de madeiras emolduradas,
para aberturas dos letreiros indicativos dos filmes que seriam exibidos nos
dias da semana, enfeitava a paisagem central da cidade. Vez por outras, a pura
abertura desses letreiros era quebrada e, os cinemas, embora esporadicamente, misturava
colagem de cartazes coloridos com palavras, numa forma atrativa de atrair o
público ao cinema. Mas isso era uma raridade e nem sempre era assim. O que
prevalecia mesmo, era os letreiros estilizados.
Essas famosas tabuletas, tão comum no espaço urbano da
Cajazeiras do passado, simbolizava a melhor solução, em termo de propaganda,
que os cinemas da cidade tinham para divulgar seus filmes. Elas eram um
atrativo a mais no merchandising que o comércio produzia para divulgar e
vender. Muito mais do que simplesmente placas publicitarias, elas eram também,
objetos que compondo a paisagem urbana, serviram para testemunhar um passado,
onde os cinemas reinavam absoluto na vida dos cajazeirenses.