por Lenilson Oliveira
FONTE CZ. POSTAGEM PUBLICADA EM 24 DE JULHO DE 2024
Antiga instalação do Cine Éden, hoje, o local é um supermercado. Foto: Bosco Pinto
Quem hoje tem 30 e poucos
anos, talvez nem saiba que Cajazeiras já teve três salas de cinema, que
disputavam a preferência dos que não tinham outro programa cultural, sobretudo
nos fins de semana.
Os cines Pax e Apollo XI, da
Diocese de Cajazeiras, e o Éden, privado, eram as atrações da cidade, trazendo
para a terra do Padre Rolim, as “fitas” de Tarzan, o mais famoso da época, e de
outros heróis menores, os faroestes de Django e companhia, os melodramas de
“Marcelino Pão e Vinho”, “Christiane F., Drogada e Prostituída” e afins, as
comédias de “Os Trapalhões”, sem esquecer as pornochanchadas nacionais e os
filmes de sexo explícito de Cicciolina e outras beldades que enfeitavam os
cartazes do Cine Éden na Praça João Pessoa. Mas o que mais tocava os
cajazeirenses era “A Paixão de Cristo”, certeza de casas cheias na Semana
Santa.
Tudo isso ficou apenas na
memória dos que viveram esse tempo áureo da sétima arte na “terra da cultura”,
já que os três cinemas sucumbiram ante a falta de sensibilidade de uma cidade
que pouco se importa com perdas tão significativas para a arte, a cultura e o
lazer de seu povo.
A história do cinema em
Cajazeiras remonta, entretanto, há anos muito antes das suas três grandes
salas, quando abnegados improvisavam pequenos projetores e atraiam a meninada.
O desaparecimento dos cinemas
em Cajazeiras deixou um vazio que precisa ser preenchido, muito mais agora que
a cidade está num crescente desenvolvimento em todos os aspectos. Se não nos
mesmos lugares - já que somente o prédio do Cine Pax foi preservado -, em
outros espaços.
O Cineteatro Apollo XI,
imponente, teve sua estrutura comprometida desde o episódio da bomba, nos anos
plenos da Ditadura Militar, terminando por ser desativado e reformado, ao passo
que o Cine Éden, no então coração da cidade, a Praça João Pessoa, deixou de
vender magia e ilusões para vender arroz e farinha.
Talvez, esta fosse a hora de
se pensar no resgate de, pelo menos, uma sala de cinema para uma cidade que já
tem inúmeros trabalhos registrados na sétima arte, seja com cajazeirenses no
elenco, na direção ou na produção.
Sonhar é preciso.
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