por JOSÉ ANTONIO DE ALBUQUERQUE
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
No célebre poema “Os Lusíadas”,
Camões narra a viagem em que Vasco da Gama descobre o caminho marítimo para as
Índias. Na terceira estrofe, os versos inflamados “Cesse tudo que a Musa antiga
canta/ Que outro valor mais alto se alevanta” referem-se à superioridade dos
feitos portugueses sobre todos os outros cantados na Antiguidade e significam
que tudo que foi escrito antes deveria ser esquecido.
Cajazeiras e seus filhos foram
atingidos por um fato inesperado, uma surpresa sem precedentes, que põe por
terra séculos de história, que destrói uma narrativa forte que celebra a
importância de nosso berço querido, numa tentativa de destruir a simbologia de
nossas conquistas e tradições.
Quantas vezes, no decorrer da
vida efervescente, somos atingidos por algum fato inesperado, uma surpresa sem
precedentes ou de um fato que abala nossa estrutura!
Mas qual o “valor maior que se alevanta?” A história, como Mestra da Vida, nos ensinou que Cajazeiras foi a “cidade que ensinou a Paraíba a ler”, mas que de repente, em um Portal da cidade, foi tudo por terra e passou a ser a “Cidade da Cultura”. Uma verdadeira catástrofe e uma insânia acompanhada de uma imensa tristeza. Dói n´alma ver toda uma narrativa ser posta por terra.
Mas qual o “valor maior que se alevanta?” A história, como Mestra da Vida, nos ensinou que Cajazeiras foi a “cidade que ensinou a Paraíba a ler”, mas que de repente, em um Portal da cidade, foi tudo por terra e passou a ser a “Cidade da Cultura”. Uma verdadeira catástrofe e uma insânia acompanhada de uma imensa tristeza. Dói n´alma ver toda uma narrativa ser posta por terra.
Alcides Carneiro nunca foi tão
feliz em sua vida no dia em que usou da tribuna, com seu eloquente discurso, em
meio ao povo bradar: “Cajazeiras, cidade que ensinou a ler”, frase que tem
gerado inúmeros artigos, trabalhos de conclusão de curso e tese de mestrado.
Não existe nada mais significativo e representativo para nós cajazeirenses do
que esta frase de Alcides Carneiro.
E o mais importante em tudo
isto é que temos sobradas razões de andar propagando-a pelo mundo afora.
Poderia ilustrar com inúmeros exemplos porque Alcides assim se expressou com
relação a nossa cidade. Nós que poderíamos ter um museu dedicado somente aos
fatos ligados a esta narrativa, agora nos aparece na entrada da cidade como
terra da cultura. Cultura de que, pelo amor de Deus? Como vamos justificar esta
triste mudança?
Prefeito José Aldemir, de quem
já ouvi inúmeras vezes, a frase de que sua cidade ensinou a Paraíba a ler,
antes do término de seu mandato, ainda dá tempo de corrigir este grave erro
histórico, com relação ao nosso amado torrão natal e se transforme em Camões e
brade: “cesse tudo que a antiga musa canta e que outro valor mais alto se
alevanta” e mande destruir, sim destruir essa invenção de “terra da cultura” e
erga um imenso e enorme portal, para nossa glória, que “Cajazeiras foi a cidade
que ensinou a Paraíba a ler”. Pelo amor de todos que amam esta cidade
transcenda os umbrais do cume, sem orgulho, com amor-próprio, empregando as
armas da humildade e da lealdade e não vire suas costas para a bela história
desta cidade, então, mande retornar ao seu leito o que existe de mais fiel para
traduzir a história deste povo sertanejo, que nasceu em torno do ensino e que
ele continua sendo a pujança e a grandeza desta cidade que nasceu para brilhar
e ensinar. A História é a mestra da vida.
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