por Lincoln Cartaxo de Lira
No
carnaval que passou, depois de uma boa caminhada, alternada com banhos de mar,
conversa fiada e algumas cervejas geladíssimas, nada mais encantador do que
puxar àquele bom bate-papo com um amigo/conterrâneo cajazeirense que não havia encontrado há tantos anos.
Costumo dizer que morre lentamente quem não
preserva a sua história, os seus amigos, não troca de ideias, não troca de
discurso, não se desperta na busca de novas amizades. Por isso, sou um
aficionado por uma boa conversa, principalmente tipo daquela que remove o nosso
passado de juventude e de infância.
Contato como esse, não há como falar de
Cajazeiras sem citar os seus grandes educadores como, por exemplo, de seu
fundador Pe. Inácio Rolim, do Bispo Diocesano D. Zacarias Rolim de Moura, que
celebrou a minha primeira comunhão, do Cônego Luz Gualberto de Andrade, de
Monsenhor Vicente Freitas e do intelectual e distinto professor Antônio José de
Souza, carinhosamente chamado de “Titonho”.
Na condição de aluno, foi com ele, o nosso
querido “Titonho”, que tive o prazer de sua convivência e de seus ensinamentos
quando exercia então a função de secretario do Colégio Comercial Monsenhor Constantino
Vieira e, às vezes, como professor, quando da ausência (em sala de aula) de
algum outro mestre. Que saber? Não importava a disciplina, estava pronto para
discorrer sobre qualquer assunto.
Sua sabedoria era abundante. Não a apenas
como uma visão superficial das coisas. Qualidade que o levaria ser o maior
cronista da cidade, com estilo inteligente e o deleito da leitura. Outro dia vi
a sua foto na internet, engasguei. Foi como voltasse ao passado distante, e ao
mesmo tempo tão presente em minha vida. Pelo seu perfil, a mesma postura e as
mesmas roupas que ele usava: tecidos clássicos como o linho e a seda, com
caimento impecável.
Nasceu na zona rural de Cajazeiras, sítio
Cotó, hoje sítio Fátima. Em razão das dificuldades da época o impediram de
concluir o ginásio, dedicou-se a ensinar o que aprendera. Abriu uma escola, inicio
o exercício do magistério, fez-se professor. Quando ele se dirigia aos seus
alunos não era ara fazer cabeças, mas para estimular e para reflexão.
Sim, é verdade. Toda a sua vida foi dedicada
ao ensino. Ao ponto de casar-se com a vocação do magistério. Quem quisesse
conhecer Cajazeiras, buscava o Mestre “Titonho”: um acervo vivo, uma memória
prodigiosa. E se ele falou, está falado e garantido - assim manifestava os seus
discípulos.
O inesquecível professor “Titonho” é o
protótipo perfeito de educador concedido pelo jornalista Alexandre Garcia,
quando disse que ser professor é um dom, é uma vocação. A pessoa nasce
professor. E não tem que se envergonhar, a não ser com o salário.
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