domingo, 16 de outubro de 2022

POLÍTICA e RELIGIÃO, mistura impossível (III)




por: Luiz Carlos Nascimento Sousa 

Para encerrar o assunto da mistura, para mim impossível, de política e religião, aqui vai mais um exercício sobre os resultados que essa união defendida por muitos, inclusive pastores que se autoproclamam ungidos por Deus e são capazes de, em vez de conduzir o rebanho para o Reino, indicar aos fiéis uma candidatura política em quem votar.

O mundo está repleto de exemplos onde à mistura deu resultados terríveis, com a eclosão de guerras, cuja duração uma delas atravessa séculos de História (o caso dos judeus com os palestinos é um deles) ou outros fatos recentes, embora todos inspirados em situações idênticas, nas quais lideranças políticas buscaram na religião argumentos para convencer o povo de que eram escolhidos por desígnios de Deus.

Como é que a fé pode ser usada para defender uma cor partidária? Deus não pode ser refutado, não é uma teoria científica, que exige avaliação dos pares, sistema e método para ser reconhecida e lançada nos compêndios e almanaques, com a edição de livros. Não dá para se opor a Deus com a Evolução das Espécies de Charles Darwin, ou com o Big Bang.

Por mais oposição que se possa fazer a Deus, o máximo é a incredulidade ou ser agnóstico. Tentar raciocinar cientificamente sobre a existência de Deus é quase um delírio.

Imagine, então, tentar conciliar algo que exige a verdade como premissa, o amor ao próximo como mandamento com a arte de tentar apaziguar conflitos, de alternar sistemas econômicos (capitalismo x comunismo).

Dá para defender algo usando a mentira para maquiar a verdade que é dura e pode prejudicar uma candidatura, por exemplo, com a obrigatoriedade de dizer a verdade a qualquer custo.

O mundo está aí com seus povos, seus sistemas, suas opções políticas e religiosas para mostrar que levar o messianismo religioso à política só acaba em confusão, guerras, indignidade, repressão e esmagamento, principalmente dos direitos da mulher e das minorias. Tem que cobrir o rosto, não tem participação política, não pode dirigir, só para citar algumas restrições graves à liberdade das mulheres que são impostas onde a religião se mete na política de forma mais presente. O Oriente Médio está aí.

O pior é que ficam evocando o nome de Deus para massacrar, oprimir e impor pela força física, se necessário com a morte de quem discorda.

Podem pesquisar. De acordo com a Bíblia, o que Deus determina tem que ser cumprido, não dá para recorrer. E não há como existir oposição.

A política dos homens é diferente. Ela separou a Índia, por causa da oposição política que fez nascer o Paquistão muçulmano, revelou ao mundo às monstruosidades da guerra na Bósnia, Croácia e outras ex-repúblicas iugoslavas e a Albânia, sem falar nos anos de terror envolvendo a Irlanda com o terrorismo matando inocentes, dividindo uma nação.

E ainda há o exemplo a que me referi de passagem no início desse texto ao lembrar da guerra entre os judeus e os palestinos, cujo número de mortos chega aos milhares, e a política dos homens não consegue

um acordo de paz, porque o que inspira cada um a tentar destruir o outro é a religião, querer impor seu Deus ao próximo.

E vejam que toda religião prega a paz.  Como entender, então, a guerra suja que a política faz? Guerra na qual o homem atribui a Deus a determinação de matar o inimigo em vez de dar a outra face.

Quando política e religião se misturam só há um resultado: radicalização!



fonte: Jornal A União

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