Para encerrar o assunto da mistura, para mim
impossível, de política e religião, aqui vai mais um exercício sobre os
resultados que essa união defendida por muitos, inclusive pastores que se
autoproclamam ungidos por Deus e são capazes de, em vez de conduzir o rebanho
para o Reino, indicar aos fiéis uma candidatura política em quem votar.
O mundo está repleto de exemplos onde à
mistura deu resultados terríveis, com a eclosão de guerras, cuja duração uma
delas atravessa séculos de História (o caso dos judeus com os palestinos é um
deles) ou outros fatos recentes, embora todos inspirados em situações
idênticas, nas quais lideranças políticas buscaram na religião argumentos para
convencer o povo de que eram escolhidos por desígnios de Deus.
Como é que a fé pode ser usada para defender
uma cor partidária? Deus não pode ser refutado, não é uma teoria científica,
que exige avaliação dos pares, sistema e método para ser reconhecida e lançada
nos compêndios e almanaques, com a edição de livros. Não dá para se opor a Deus
com a Evolução das Espécies de Charles Darwin, ou com o Big Bang.
Por mais oposição que se possa fazer a Deus,
o máximo é a incredulidade ou ser agnóstico. Tentar raciocinar cientificamente
sobre a existência de Deus é quase um delírio.
Imagine, então, tentar conciliar algo que
exige a verdade como premissa, o amor ao próximo como mandamento com a arte de
tentar apaziguar conflitos, de alternar sistemas econômicos (capitalismo x
comunismo).
Dá para defender algo usando a mentira para
maquiar a verdade que é dura e pode prejudicar uma candidatura, por exemplo,
com a obrigatoriedade de dizer a verdade a qualquer custo.
O mundo está aí com seus povos, seus
sistemas, suas opções políticas e religiosas para mostrar que levar o
messianismo religioso à política só acaba em confusão, guerras, indignidade,
repressão e esmagamento, principalmente dos direitos da mulher e das minorias.
Tem que cobrir o rosto, não tem participação política, não pode dirigir, só
para citar algumas restrições graves à liberdade das mulheres que são impostas
onde a religião se mete na política de forma mais presente. O Oriente Médio
está aí.
O pior é que ficam evocando o nome de Deus
para massacrar, oprimir e impor pela força física, se necessário com a morte de
quem discorda.
Podem pesquisar. De acordo com a Bíblia, o
que Deus determina tem que ser cumprido, não dá para recorrer. E não há como
existir oposição.
A política dos homens é diferente. Ela
separou a Índia, por causa da oposição política que fez nascer o Paquistão
muçulmano, revelou ao mundo às monstruosidades da guerra na Bósnia, Croácia e
outras ex-repúblicas iugoslavas e a Albânia, sem falar nos anos de terror
envolvendo a Irlanda com o terrorismo matando inocentes, dividindo uma nação.
E ainda há o exemplo a que me referi de
passagem no início desse texto ao lembrar da guerra entre os judeus e os
palestinos, cujo número de mortos chega aos milhares, e a política dos homens
não consegue
um acordo de paz, porque o que inspira cada
um a tentar destruir o outro é a religião, querer impor seu Deus ao próximo.
E vejam que toda religião prega a paz. Como entender, então, a guerra suja que a
política faz? Guerra na qual o homem atribui a Deus a determinação de matar o
inimigo em vez de dar a outra face.
Quando política e religião se misturam só há
um resultado: radicalização!
fonte: Jornal A União
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