quinta-feira, 7 de julho de 2022

MEU QUADRO FUNDAÇÃO DE CAJAZEIRAS.

por: Waldemar José Solha



Quadro: Fundação de Cajazeiras
Acervo: Biblioteca Pública Municipal de Cajazeiras
Autor: WJ Solha

Entrei no Banco do Brasil como auxiliar de escrita.
Junho de 62, aos 21 anos, e, logo que tomei posse em Patos - estagiando para trabalhar em Pombal (que seria inaugurada nove meses depois), me avisaram do concurso interno, para escriturário, que aconteceria em setembro, em Cajazeiras.
Foram três meses de cinco horas diárias de estudo, 55 minutos para cada matéria, flexão de braços em cada pausa.
Fui aprovado e, por conta disso, logo seria promovido a chefe da carteira agrícola de Pombal.
E, por causa de mais isso, estive novamente em Cajazeiras.
Agora num encontro desses comissionados do sertão.
O detalhe memorável é que o então colega Mailson da Nóbrega, futuro ministro da fazenda, era o chefe da mesma carteira, na cidade.
Foi então que conheci a história da fundação de Cajazeiras, comemorando, em 1964, seu centenário de emancipação!
Um senhor chamado Cartaxo, que me lembrou Einstein, me levou ao chamado "Açude Grande", e me mostrou o local, ao lado da represa, em que Vital de Souza Rolim construíra sua casa de fazenda, com a esposa Ana, os dois pais do célebre Padre Inácio de Sousa Rolim - cognominado por Pedro II de "O Anchieta do Norte".
Pintei o quadro.
Detalhe inesquecível: o modelo do sorridente bebê que "mãe Aninha" tem no colo, o futuro Padre Rolim, com que ela brinca com um rosário, foi uma foto da então recém-nascida filha do amigo Dr. Atêncio Bezerra Wanderley, de nome ... Ana. Ana Valéria, hoje nos altos escalões da Petrobrás, Rio.
Botei a obra em cima da carga de um caminhão que passava para o Ceará, e acompanhei-a conversando com o motorista, na boleia.
O prefeito me disse que gostara de tudo, mas que iria convocar alguns intelectuais para tomar uma posição consensual, e o fez.
Todos o aprovaram ... Menos Íracles Pires - que discordou de tudo: da beleza de mãe Aninha, “que era muito feia”, do verde da grama, “coisa da terra do moço”, e até da figura do Rolin, “que é um autorretrato”, verrumou - coisa que me fez olhar para a figura que eu desenhara sem modelo e, que, caramba, era eu, mesmo, visto de lado.
Bom, com ou sem controvérsias, o prefeito comprou o quadro... E foi assim que entrei a História da cidade que - em 2021 - publicou meu mais recente livro, "1/6 de Laranjas Mecânicas, Bananas de Dinamite" pela editora Arribaçã, de Linaldo Guedes.
(Da auto b/i/ografia em que estou trabalhando)



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