segunda-feira, 4 de julho de 2022

CENAS DOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS

por: Tania Benisrael Greif

Ba Freyre (in memoriam) foto/autoria: Tamar Matsafi 


Tem sido muito difícil escrever essa parte da história que ainda me é tão recente.
5 anos nos restam entre o retorno de Ba Freyre a Israel até o dia da sua partida definitiva.
Momentos tão atuais que meu cérebro se recusa a aceitar como parte de um passado.
Nesse período, além de ter produzido mais dois novos álbuns no Brasil que eu considero os mais lindos de sua carreira, aqui em Israel fizemos dezenas de “Pocket Shows”, originais, divertidos e diversificados.
Ba Freyre com sua música, sobressaiu em Israel nos anos 90 e na primeira década do novo milênio, trazendo muita alegria para os brasileiros e “sabras” num tempo em que as facilidades eram outra e as dificuldades eram muitas.
No entanto, o seu destino ia em contra "partidas e voltas". 
Seu coração se dividia entre dois mundos dos quais ele não conseguia conciliar. 
Enquanto tapetes vermelhos eram estendidos do lado de lá, por aqui as portas pareciam se fechar.
Em Israel Ba Freyre se via fora da panela e isso o deprimia. 
Sou da opinião que seu talento incomodava. 
Amadurecido pela vida, aquele rapaz cabeludo dos anos 90 tinha ficado pra trás. 
Com metas bem definidas e dezenas de obras imortalizadas nas suas idas para o Brasil, aqui ele se sentia um estranho fora do ninho. 
Vendo ele se afogar nas suas mágoas, tomei o leme do barco. 
Ba não precisava de grandes orquestras, ele sozinho se bastava, e nós dois juntos éramos uma pequena potência.

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