Locomotiva
0-4-0ST da IFOCS. Construída pela Baldwin/abril de 1922.
Trabalhou nos Açudes
São Gonçalo, Pilões e Boqueirão de Piranhas.
Exemplar de nº 501. Museu do Algodão de Campina
Grande/PB.
Se
o ramal ferroviário, que ligava a cidade de Cajazeiras a São João do Rio do
Peixe ainda estivesse em atividade, com o trem em movimento, deslisando e circulando entre
essas duas cidades, nesse mês de junho, talvez, fosse o momento de uma dessas
duas cidades comemorar uma data especial - os cem anos da chegada do primeiro
trem ao Sertão da Paraíba, cuja cidade de São João do Rio do Peixe, foi o marco
e a porta de entrada, vindo do vizinho Estado do
Ceará.
Para
contar como foi no passado esse marco, um relatório de 1921, preparado pelo então
Ministério da Aviação e Obras Públicas do Governo Federal, mostra um pouco desse
instante e revela como aconteceu a história da construção do ramal principal
que ligava os estados do Ceará e Paraíba. Diz assim o documento desse órgão
federal: "A fim de facilitar a construção das grandes barragens
localizadas nos Estados do Ceará e Parahyba do Norte, providenciou-se em junho
de 1920, pela Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS), sobre a
ligação ferroviária destes Estados”.
E
continua o relatório: “Fez-se então o reconhecimento para o traçado de uma
linha entre Timbaúba, hoje Palhano (km. 474 da Estrada de Ferro de Baturité), e
Pilões, e de um sub-ramal destinado ao transporte de materiais para a construção
da grande barragem no boqueirão de Piranhas”.
Conforme
especifica o relatório, fica claro que a linha não tinha como objetivo
principal somente o transportes de passageiro (essa demanda foi uma
consequência que veio depois), mas o carregamento de mantimentos e materiais
para as construções de barragens no Sertão Paraibano, sob a responsabilidade da
antiga Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS). Ou seja, a serviço
da logística que possibilitou nessa época, a construção da barragem de Pilões e
viabilizou a construção dos açudes de Boqueirão de Piranhas e São Gonçalo, na
região de Sousa.
E
segue o relatório: "Em janeiro de 1921 já estava sendo executada a linha
de Pilões em direção a Alagoinha, bem como o ramal de Cajazeiras a Pilões,
conjuntamente com o trecho de Palhano a Alagoinha. O serviço de terraplanagem
já está pronto até Souza e atacada a construção da linha em toda a extensão de
Souza a Patos”.
Como
se ver, a intenção da instalação dessas linhas férreas ia além de um objetivo,
mas passava por outros interesses, tinha pretensões mais extensivas com intuito
de trazer desenvolvimento para região sertaneja, especificamente nesse caso, o interior
da Paraíba.
Em
1922, o ano começou com fortes chuvas no sertão, trazendo problemas,
atrasando o cronograma de execução das obras de instalações dos trilhos. Porém
mesmo com todas as dificuldades do tempo, que a quadra invernosa que apresentou os
primeiro meses do ano, no dia 01 de junho desse mesmo ano, os trilhos adentraram
a zona urbana de São João do Rio do Peixe, chagando definitivamente a essa
cidade, partindo em seguida em direção até Cajazeiras e em outro trecho,
rumando à cidade de Sousa.
Com
os cortes das verbas destinadas ao IFOCS no final desse mesmo ano, no dia 26 de
dezembro de 1922, as obras do trecho que já estava bastante adiantado - que
partia de Souza para Patos, foram entregues a Rede de Viação Cearense (RVC). Esse
órgão assumiu a construção, só que a volumetria dos serviços foi mais lenta,
motivado por questões financeiras. O ramal só chegou a Pombal em 1932. E a
Patos, em 1944. Ou seja, vinte e dois anos após o ramal de ter chegado à cidade
de São João do Rio do Peixe.
Especificamente a cidade de Cajazeiras, as datas
podem revelar controvérsias. Conforme relatoria do Ministério da Aviação e
Obras do governo federal, o trem operou entre os anos de 1926 e 1971. Porém
houve tráfego a partir de 1923. Um espaço do tempo equivalente a quarenta e
oito anos. Quanto à construção da estação de passageiros, fontes afirmam que a
mesma foi construída em 1926. A circulação da máquina a vapor em solo
cajazeirense, possibilitou e facilitou o transporte de passageiros. Ou seja,
trazia ou levava pessoas para as cidades circunvizinhas a Cajazeiras,
principalmente as cidades do Estado do Ceará.
O trem foi um fator importante para o desenvolvimento econômico
da cidade, pois além de facilitar a ida e vinda de pessoas, o trem também trazia produtos comerciais para
o abastecimento do comercio local e, em contra partida, embarcava produtos
manufaturados e industrializados no nosso município, visto que no tempo em que
circulou entre nós, o algodão ainda era a principal economia cajazeirense, e no município
havia várias indústrias de beneficiamento desse produto na sua área urbana.
O principal símbolo do trem que ficou em Cajazeiras,
a velha Estação, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
da Paraíba (IPHAEP), em 2001, através do decreto de número 22.082/2001. Hoje isolada
no espaço urbano, esquecida entre prédios e edificações modernas, serve apenas como sede
do Núcleo de Extensão Cultural NEC/UFCG.
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Álbum Fotográfico:
Referência das Fotos:
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1. Estação da cidade de São João do Rio do Peixe. Construída em 1925.
2. Estação de Cajazeiras. Local de embarque e desembarque de passageiros e produtos para comércio.
3. Seu Perez (a direita) Chefe da Estação. Seu Uchôa (a esquerda) Chefe do Trem. Ambos funcionários da estação de Cajazeiras.
4. Trem levando materiais para os açudes de Pilões, São Gonçalo, Boqueirão. Fonte: O Malho,11 de novembro de 1922.
5. Ponte provisória sobre o Rio do Peixe, onde passa a linha para o Açude de Pilões Fonte: O Malho,11 de novembro de 1922.
6. Ponte provisória sobre o Rio do Peixe. Entrada de São João do Rio do Peixe. Dormentes de madeiras servindo de pilares. Fonte: O Malho, 11 de novembro de 1922.
7. Bilhete de embarque numerado para passageiro de segunda classe. Percurso entre as cidades de Santa Helena e Cajazeiras.
8. Movimentação do trem na Estação de Cajazeiras. Funcionários da RVC (plano aberto).
9. Movimentação do trem na Estação de Cajazeiras. Funcionários da RVC (plano fechado)
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