Hoje
é domingo. É claro! Se eu fosse saudosista ou vivesse com os olhos diretos no
retrovisor e a imaginação em confluência com o passado, nesse momento, às seis horas
dessa manhã de vinte e sete de março de dois mil e vinte dois, eu estava com
meu pensamento já ligado, 'antenado', lembrando das antigas matinês de domingo do Cine Teatro Apolo
XI.
Nesse
cinema, as sessões desse dia eram matutinas. Começavam sempre entre às nove horas e
trinta minutos e a duração das películas exibidas, dependendo do tempo de cada filme, iam até às onze e trinta, ou quase chegando ao meio-dia. Esporadicamente, havia filmes que tinha uma duração maior e até passava
das doze horas. Os filmes que rolavam no cinema do Bispo Dom Zacarias, ou eram aquelas aventuras produzidas por
Walt Disney ou os clássicos faroeste americano protagonizados pelo lendário ator John Wayne.
À
tarde, eu colocava os nervos a for da pele e as emoções ligadas nas partidas de
futebol. Ou seja, nas grandes contendas entre o Atlético Clube Cajazeirense e
as equipes de futebol de Sousa, que frequentemente era a Sociedade Esporte Clube.
Além disso, quem nos visitava também nos domingos, eram os clubes da vizinha cidade
de Juazeiro do Norte/CE. As pelejas aconteciam no velho e histórico Estádio Higino
Pires Ferreira.
Quando não havia disputa futebolística no Higino Pires, eu assiduamente não perdia tempo, ia vender ou trocar minhas revistas em quadrinhos, nas escadarias do Cine Teatro Pax, durante a sessão vesperal desse extinto cinema. Nas tardes de domingo o Pax, se tornava o ponto de encontro da garotada e da juventude da zona sul da cidade.
As trocas ou vendas das tais revistinhas, só ia até o início do filme, pois quando esse momento chegava, todos previamente, já com seus ingressos no bolço, corriam em direção a portaria do cinema. Não ficava ninguém nas escadarias do Pax. Quando o "The End" se mostrava, marcando o fim do filme, as luzes da cidade já anunciavam o início da noite.
Em outro estágio do tempo, quando o filme não era lá essas coisas ou convidativo, eu chegava mais sedo em casa. Dias assim, em outras noites, quando os ponteiros dividiam o mostrador do relógio, marcando às dezoito
horas, eu descia a Rua Samuel Duarte, sobre a penumbra dos últimos raios do sol da tarde, em direção a missa da Catedral de Nossa Senhora da Piedade. Depois, às dezenove horas, quando a missa acabava, com a alma aliviada dos pecados da semana,
rumava para a Praça João Pessoa.
Nesse
local - point da juventude cajazeirense dos anos setenta e oitenta, eu relaxava
às tensões desse dia, nos braços dos brotinhos cheirando a leite, nos dancings
do Jovem Clube e da Boate Chapéu de Couro. Era assim o meu domingo. Um tempo
que agora me fez lembrar a frase: "Como era gostoso o meu francês".
Título de um filme do cineasta Nelson Pereira dos Santos (Im memoriam), protagonizado pela
atriz Ana Maria Magalhães.
João Pessoa, 27.03.22
Calorosos abraços nesse domingo a minha querida e saudosa Cajazeiras de tantos momentos vividos.
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