terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Lampião em Juazeiro 1926

por: Vilma Maciel

Foto de Pedro Maia, Acervo: Raimundo Gomes

1926 foi um ano atípico para a história de Juazeiro. Ano em que a Coluna Prestes, um movimento político militar (Comunista) contrário ao governo da República Velha e as elites. Esses movimentos de revoltosos marcharam em direção ao Sul do Ceará ameaçando a tranquilidade do povo. O líder do movimento foi o então Capitão Luís Carlos Prestes.

Por outro lado, na cidade de Juazeiro do Norte e regiões circunvizinhas o Líder religioso era o Padre Cícero, considerado homem "santo", e de enorme influência na vida do povo nordestino.

Padre Cícero tinha como aliado político, e, de interesse para sua comunidade, o Dr. Floro Bartolomeu da Costa, grande líder político, junto ao então presidente da República Dr. Artur Bernardes, e assim conseguia recursos e proteção conta os revoltosos Comunistas.

Porém o Dr. Floro adoeceu e partiu para o Rio de Janeiro em busca de tratamento. Ficando o Padre Cícero com toda carga pesada. Dr. Floro já havia convocado Lampião e seu bando para integrar a defesa da cidade junto ao Batalhão Patriótico que enfrentaria a Coluna Prestes. Não resta dúvida que Lampião veio à cidade de Juazeiro atendendo o convite de Dr. Floro, que faleceu exato no dia 07 de março quando Lampião já se encontrava na cidade.

Floro foi o grande articulador da empreitada presidencial que daria a patente a Lampião, também armas, munições, e fardamento.

Quem conhece a verdadeira história de Virgulino Ferreira, o "Lampião", sabe que ele era um homem devoto do padre Cícero, mesmo antes de conhecê-lo, por está razão, enviou sua família, ou seja, o que restou depois da morte de seus pais. Teria enviado os irmãos que passaram a residir na cidade com a proteção do "Padim".

Foi assim que Lampião chegou a Juazeiro para integrar os chamados Batalhões Patrióticos, comandados por líderes regionais para enfrentar os revoltosos. Floro achou uma boa alternativa incorporar o temido bando de Lampião para esse embate.

06de março, Lampião já se encontrava na região do Cariri. Padre Cícero enviou uma pessoa de sua confiança, o Francisco Chagas de Azevedo que num breve encontro tratou do assunto, num lugar de nome Cipó. Lampião queria falar diretamente com o padre. Assim, Lampião o acompanha com seus 49 Cangaceiros, entre eles Sabino Gomes, chefe de subgrupo que atacaria a cidade de Cajazeiras Paraíba no ano seguinte. Também Antônio Ferreira seu irmão mais velho seu lugar tenente.

A princípio o bando de hospeda na Fazenda Nova pertencente a Dr. Floro na entrada da cidade, onde hoje se localiza o Orfanato Jesus Maria José.

No mesmo dia Padre Cícero vai ao encontro dele, procura de toda forma convencê-lo a se retirar da cidade. Lampião apesar de respeitar, não aceita a proposta, visto que já estava aqui, iria até o fim do acordo prometido, visava suas vantagens.

Na mesma noite, o bando de dirige ao centro da cidade e se aloja no sobradinho pertencente ao poeta João Mendes, localizado na Rua Boa Vista, atualmente, ao lado do Ginásio Batista. Esse imóvel foi reformado e perdeu o andar superior e suas características originam.

Ciente que Lampião estava na cidade, logo o boato se espalhou, pessoas e curiosos foram ver. 07de março Lampião recebe a visita dos fotógrafos, Pedro Maia do Crato e Lauro Cabral de Barbalha e posa para fotos. Também concede uma entrevista ao Jornalista Otacílio Macedo, que foi publicada no jornal "O CEARÁ".

09 de março era madrugada quando Lampião e seu bando deixa o Juazeiro, receberam as fardas, armas e munições dos integrantes do Batalhão Patrióticos. A patente de Capitão Lampião recebeu das mãos de um funcionário público agrônomo de nome Pedro Albuquerque Uchôa. A patente não teria nenhum valor legal, sem nenhum registro militar.

*Vilma Maciel é natural de Cajazeiras mas é radicada na cidade de Juazeiro do Norte/CE.



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