por: Vilma Maciel
1926 foi um ano atípico para a
história de Juazeiro. Ano em que a Coluna Prestes, um movimento político
militar (Comunista) contrário ao governo da República Velha e as elites. Esses
movimentos de revoltosos marcharam em direção ao Sul do Ceará ameaçando a
tranquilidade do povo. O líder do movimento foi o então Capitão Luís Carlos
Prestes.
Por outro lado, na cidade de Juazeiro
do Norte e regiões circunvizinhas o Líder religioso era o Padre Cícero,
considerado homem "santo", e de enorme influência na vida do povo
nordestino.
Padre Cícero tinha como aliado
político, e, de interesse para sua comunidade, o Dr. Floro Bartolomeu da Costa,
grande líder político, junto ao então presidente da República Dr. Artur
Bernardes, e assim conseguia recursos e proteção conta os revoltosos
Comunistas.
Porém o Dr. Floro adoeceu e partiu
para o Rio de Janeiro em busca de tratamento. Ficando o Padre Cícero com toda
carga pesada. Dr. Floro já havia convocado Lampião e seu bando para integrar a
defesa da cidade junto ao Batalhão Patriótico que enfrentaria a Coluna Prestes.
Não resta dúvida que Lampião veio à cidade de Juazeiro atendendo o convite de
Dr. Floro, que faleceu exato no dia 07 de março quando Lampião já se encontrava
na cidade.
Floro foi o grande articulador da
empreitada presidencial que daria a patente a Lampião, também armas, munições, e
fardamento.
Quem conhece a verdadeira história de
Virgulino Ferreira, o "Lampião", sabe que ele era um homem devoto do
padre Cícero, mesmo antes de conhecê-lo, por está razão, enviou sua família, ou
seja, o que restou depois da morte de seus pais. Teria enviado os irmãos que
passaram a residir na cidade com a proteção do "Padim".
Foi assim que Lampião chegou a
Juazeiro para integrar os chamados Batalhões Patrióticos, comandados por
líderes regionais para enfrentar os revoltosos. Floro achou uma boa alternativa
incorporar o temido bando de Lampião para esse embate.
06de março, Lampião já se encontrava
na região do Cariri. Padre Cícero enviou uma pessoa de sua confiança, o
Francisco Chagas de Azevedo que num breve encontro tratou do assunto, num lugar
de nome Cipó. Lampião queria falar diretamente com o padre. Assim, Lampião o
acompanha com seus 49 Cangaceiros, entre eles Sabino Gomes, chefe de subgrupo
que atacaria a cidade de Cajazeiras Paraíba no ano seguinte. Também Antônio
Ferreira seu irmão mais velho seu lugar tenente.
A princípio o bando de hospeda na
Fazenda Nova pertencente a Dr. Floro na entrada da cidade, onde hoje se
localiza o Orfanato Jesus Maria José.
No mesmo dia Padre Cícero vai ao
encontro dele, procura de toda forma convencê-lo a se retirar da cidade. Lampião
apesar de respeitar, não aceita a proposta, visto que já estava aqui, iria até
o fim do acordo prometido, visava suas vantagens.
Na mesma noite, o bando de dirige ao
centro da cidade e se aloja no sobradinho pertencente ao poeta João Mendes,
localizado na Rua Boa Vista, atualmente, ao lado do Ginásio Batista. Esse
imóvel foi reformado e perdeu o andar superior e suas características originam.
Ciente que Lampião estava na cidade, logo
o boato se espalhou, pessoas e curiosos foram ver. 07de março Lampião recebe a
visita dos fotógrafos, Pedro Maia do Crato e Lauro Cabral de Barbalha e posa
para fotos. Também concede uma entrevista ao Jornalista Otacílio Macedo, que
foi publicada no jornal "O CEARÁ".
09 de março era madrugada quando
Lampião e seu bando deixa o Juazeiro, receberam as fardas, armas e munições dos
integrantes do Batalhão Patrióticos. A patente de Capitão Lampião recebeu das
mãos de um funcionário público agrônomo de nome Pedro Albuquerque Uchôa. A
patente não teria nenhum valor legal, sem nenhum registro militar.
*Vilma Maciel é natural de Cajazeiras mas é radicada na cidade de Juazeiro do Norte/CE.
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