por Wanderley Figueiredo de Sousa
cajazeirense, artista
É com muita alegria, honra e
responsabilidade que eu, artista desta tua terra da cultura, chamada
Cajazeiras, ponho-me a te informar como está a situação artística e cultural
desta formosa e graciosa terra, de muitos bons ares, à qual a 09 de março de 1979
vós partistes.
Pelo trabalho cultural feito por ti,
percebe-se que muita coisa mudou nestes 41 anos. Se voltasse hoje aqui, talvez
não mais visse: Romeiros do Futuro, Teatro de Amadores de Cajazeiras (TAC),
Moderna Equipe de Teatro de Cajazeiras (Metac), Grupo Boiada, Grupo de Teatro
Amador de Cajazeiras (Grutac) e Grupo Terra, mas a vasta cidade educacional com
talentos artísticos está altiva e pujante.
Encontraria Íracles, cinco
faculdades, entre elas duas de Medicina - onde uma de suas netas formou-se e
hoje é médica.
Encontraria também alguns
oportunistas de plantão e outros acomodados.
Mas ficaria feliz em saber que
Cajazeiras ficou conhecida como Terra da Cultura, ou a Cidade que Ensinou a
Paraíba a ler, em função da sua vocação para as artes e a educação, frutos
estes do seu trabalho e empenho à arte da cidade. Somos formados de uma
verdadeira mistura étnica e cultural, daí o motivo de ser uma das cidades mais
felizes do Brasil.
Tivemos a construção de um teatro que
leva o seu nome, houve reforma e ampliação do mesmo, entregues em março de 2018
e reforçou essa vocação, com apresentações de espetáculos produzidos por
artistas da terra, seja na área cênica, dança ou música. Afora isso, eventos
culturais se multiplicam pela cidade, seja no cinema, seja na literatura, no
artesanato, na música, no teatro e na dança.
Senão, vejamos: a cidade tem hoje uma
produtora cultural que está no nível de qualquer produtora de qualquer parte do
país. A CZ Produtora tem se notabilizado pela produção de grandes espetáculos
da Paraíba e de outros estados do país, como Rio de Janeiro e Tocantins,
colocando a cidade na rota dos bons espetáculos nacionais, tendo realizado e
colocado uma Mostra de Teatro no calendário de aniversário da cidade.
A cidade conta hoje, também, com uma
editora também de nível nacional. A Arribaçã Editora foi instalada no segundo
semestre de 2018 e já tem muitos livros publicados, e continua produzindo
outros.
A cidade tem um festival de cinema
que já realizou a terceira edição. O Cine Açude Grande reúne todo mês de agosto
o melhor da produção cinematográfica nacional, com premiações e reconhecimento
dos que fazem a sétima arte.
Nas telas, Cajazeiras exporta
talentos. Os filmes: Bacurau, Beiço de Estrada e Pacarrete, lançados
recentemente com atores e diretor cajazeirense, ganharam prêmios na França,
Itália e em Gramado. Destaques para Thardelly Lima, Buda Lira, Suzy Lopes,
Eliezer Rolim, Marcélia Cartaxo, Soya Lira e Ubiratan di Assis.
Não para por ai, Dona ICA. Temos
artesanato de qualidade e a criatividade das louçeiras. Na dança, grupos da
cidade foram premiados em festival nacional realizado em Fortaleza (Dança de
Rua da Paraíba), enquanto um Balé localizado na periferia da cidade investe na
formação de futuras dançarinas (Balé Irmã Fernanda).
Na música, a cena roqueira é uma das
mais fortes do Brasil, a ponto de ter um espaço só para o rock dentro da
programação do carnaval. Também na música, Cajazeiras tem banda tradicional e
uma fanfarra que trabalha a inserção social de crianças e adolescentes. O
Prima, programa do governo do estado, também mostra sua pujança em Cajazeiras,
com um polo que já tem se tornado referência.
No Teatro, não faltam espetáculos
locais, participando de festivais estaduais. Além da produção individual,
Cajazeiras têm, ainda, um Museu em construção, que conta a história dos
fundadores da cidade e de seus escritores e artistas, onde lá, se encontra a
história do nosso futebol.
Ah, não te conto! Foi criada e
instalada, oficialmente, a Academia Cajazeirense de Artes e Letras, com a posse
de 38 imortais e homenagem a 40 patronos que construíram a história de
Cajazeiras. Você tem acento lá e seu filho Saulo Péricles (Pepé), é quem a
representa, na condição de imortal.
Temos um jornal impresso que vai na
contramão dos fatos e se mantém em circulação. O Gazeta do Alto Piranhas é o
que chamamos de resistência e ousadia. Já ultrapassando a edição de número mil,
levando informação a cidade a região e ao país todas as sextas-feiras.
Através do município, existe um Fundo
de Incentivo à Cultura que gera, todos os anos, dezenas de projetos voltados
para o segmento artístico nas mais diversas áreas.
Tudo isso referendado por um polo
educacional, que inclui cinco instituições de ensino superior: Universidade
Federal de Campina Grande, Instituto Federal de Cajazeiras, Faculdade de
Filosofia e Letras, Faculdade Santa Maria e Faculdade São Francisco.
O secretario de Cultura da cidade é
um de seus discípulos, Ubiratan di Assis, poeta, ator, advogado e que nos
representa politicamente numa secretaria que se tornou de primeiro escalão.
Tudo isso aqui elencado, tem
comprovado a vocação natural de Cajazeiras para o segmento cultural. A terra de
Íracles Pires e tantos outros talentos artísticos tem sua vocação fundada em
sua própria história e no talento de seus habitantes.
Isso é o mínimo que posso dizer desta
nossa cidade que ensinou a Paraíba a ler. Convido, portanto, Vossa Senhoria
para uma visita a esta majestosa terra, que muita honra terá em receber tão
ilustre visitante.
Saudosos abraços. Hoje, segunda-feira,
nono dia de março do ano de 2020.
(Artigo de Wanderley Figueiredo,
intitulado “Carta aberta à dama do teatro cajazeirense”, publicado no primeiro
número da Revista da ACAL - Arribaçã Editora, 2020)
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