O meu avô Antônio Ferreira de
Lira - Seu Tiantonio Ferreira (como era chamado), que nasceu no Sítio Catolé, em Cajazeiras, no ano de 1901, viveu e morreu nessa mesma localidade. Portanto,
já falecido. Ele me contava com detalhes quando eu era criança, dos momentos difíceis dos períodos de secas que passou, principalmente, as secas das primeiras décadas do século XX. Lendo
esse texto de Joel Paviotti, transformado em postagem e divulgada pelo nosso
querido professor José Maria Gurgel, em seu Facebook, lembrei muito das histórias que meu avô contava sobre esse problema climático tão presente na vida de todo nordestino.
Veja na íntegra o texto de Paviotti, que é uma espécie de comentário que o
mesmo faz sobre a fotografia acima.
Fotografia que circulou o
mundo durante a maior seca da história da região nordeste, ocorrida em 1877 e
1878, mostra de pai e filho cearenses.
Conhecido como "A
Grande Seca", o evento trágico guardou na memória dos brasileiros, muita morte, dor e resistência do povo do
Nordeste.
Na época, o fenômeno
climático matou cerca de 400 mil nordestinos, quase metade da população do
Ceará naquele período. Essa seca marcou a história da região e também foi
responsável pela primeira grande diáspora nordestina. Cerca de 200 mil pessoas
se refugiaram em outros estados.
José do Patrocínio,
jornalista negro e ativista, fez com que as imagens, captadas pelo
fotojornalismo fossem transformadas em uma espécie de encarte e publicadas em
jornais de todo o Brasil e o mundo.
Houve comoção geral e até o
Papa da época enviou mensagens de solidariedade. Após comoção, campos de
concentração foram construídos e passaram a abrigar quem já estava para morrer
de fome. Corpos eram abandonados diariamente nas portas das casas. Apodrecendo
ao sol de 40° apenas os urubus mantinham a dieta sem fome, ao saborearem os
corpos dos desvalidos.
As imagens foram feitas pelo
fotojornalista
J A Corrêa. Dizem seus
biógrafos que, após as captações, o jornalista nunca mais foi o mesmo.
"A Grande Seca"
foi retratada em quadros, livros, filmes e séries, mas sua maior presença está
nas vozes e memórias de homens e mulheres que passaram aos seus filhos e netos
as dificuldades vividas durante a desgraça de 1877.
Joel Paviotti
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