poema de Bosco Maciel
das fundas cavernas
dos lagos sem fim
me diz olho d`agua
que trazes pra mim
alguns manuscritos
do rei Salomão
lenha de fogueira
da inquisição
um braço de mar
e um dedo da mão
de Daladier
pois é, isso tudo
trago pra você
do fundo das águas
do rio tapajós
me diz olho d`agua
que trazes pra nós
vestido de chita
fitas de cetim
o som da matraca
tiros de festim
catarro da gripe
de um curumim
filho de urupês
pois é, tudo isso
trago pra vocês
das chuvas cadentes
sobre os milharais
me diz olho d`agua
que trazes a mais
as vigas da terra
as dores do mundo
o bastão de ouro
de Pedro segundo
o bobo da corte
em sono profundo
e seus ancestrais
são todas estas coisas
que trago de mais
por fim olho d`agua
preciso saber
me diz o que foi
que não pôde trazer
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