sexta-feira, 23 de julho de 2021

Cátia de França. Uma hóspede da natureza



Cátia de França é um patrimônio ativo da música e da cultura paraibana, nordestina e brasileira. Precisa ser referenciada e divulgada, pois sua obra musical especificamente é rica e vasta e representa a essência cultural nordestina, já que os elementos significativos dessa cultura estão presentes em tudo que ela produziu e vem produzindo, pois apesar dos imprevistos provocados pelo tempo que vivemos que tem afetado a produção cultural no mundo, Cátia continua na estrada em consciência e pensamento do que pode ainda fazer, compondo e produzindo cultura. Para conhecer o seu trabalho e sua trajetória, até aqui, continue lendo o texto abaixo produzido pela equipe do site Porangareté.

Cátia de França

Catarina Maria de França Carneiro (João Pessoa, Paraíba, 1947). Cantora, compositora, instrumentista, escritora. É alfabetizada pela mãe por meio de canções. Estuda piano desde os quatro anos, deixando o instrumento aos 15, quando ingressa num colégio interno em Pernambuco. Passa a tocar violão e envereda pela música popular. Aprende também flauta, sanfona e percussão. Em Recife, faz teatro, leciona música e toca em casas noturnas.

No final dos anos 1960, viaja pela Europa integrando o grupo folclórico da Fundação Artístico-Cultural Manuel Bandeira. De volta ao Brasil, muda-se para o Rio de Janeiro, onde integra as bandas de Zé Ramalho (1949), Amelinha (1950) e Sivuca (1930-2006). Em 1970, interpreta a canção “Mariana” (parceria com o poeta e jornalista Diógenes Brayner) em compacto duplo com as quatro canções vencedoras do IV Festival Paraibano de MPB. Trabalha em trilhas sonoras para cinema e teatro, entre as quais o filme Cristais de Sangue (1975), de Luna Alkalay (1947).

Apadrinhada pelo compositor e produtor Zé Ramalho, grava seu primeiro trabalho pela CBS, 20 Palavras ao Redor do Sol (1979), que conta com a participação de Sivuca, Dominguinhos (1941-2013), Sérgio Boré, Chico Batera (1943), Lulu Santos (1953) e Bezerra da Silva (1927-2005). O disco inclui composições de sua autoria, como “Coito das Araras” e “Kukukaya”, e poemas de João Cabral de Melo Neto (1920-1999), musicados por ela. No ano seguinte, lança o álbum Estilhaços. Em 1982, participa do Projeto Pixinguinha, ao lado de Jackson do Pandeiro (1919-1982) e Anastácia (1941), e apresenta-se na série Seis e Meia, com Teca Calazans (1940), ambos promovidos pela Fundação Nacional de Artes (Funarte).

Em 1985, lança o LP Feliz Demais, pela Continental e, em 1986 grava o LP Olinda, com participação da Banda Azymuth. Em 1990, fixa residência na Paraíba, onde integra a ONG e o Projeto Malagueta, que divulga o acervo cultural da Paraíba. Lança o CD Avatar (1998) pelo selo CPC Umes, do qual participam Chico César (1964), Xangai (1948) e Quinteto de Cordas da Paraíba. Publica cordéis e livros infanto-juvenis, entre os quais A Peleja de Lampião Contra a Fibra Ótica, Saga de Zumbi e Falando da Natureza Naturalmente.

Em 2005, lança o CD Cátia de França Canta Pedro Osmar (1954), interpretando músicas do cantor, compositor e instrumentista paraibano. Em 2012, grava o CD independente No Bagaço da Cana um Brasil Adormecido, com a Camerata Arte Mulher, formada por musicistas eruditas da Paraíba e inspirado em textos de José Lins do Rego (1901-1957).

Apesar de nunca ter abandonado a música, Cátia estava afastada dos palcos e gravadoras. “O mercado só aposta no que já está evidente – ou em loiras com pernas maravilhosas. Fiquei um bom tempo sem condições financeiras para gravar do jeito que eu queria. Tem gente que fala: coloca todo mundo numa kombi e grava. Não é assim, precisa de cuidado”, diz. Desde 2005 ela buscava patrocínio para lançar seu sétimo disco, Hóspede da natureza, produzido pelo selo Porangareté e com a direção musical de Rodrigo Garcia. Dez anos mais tarde Cátia foi contemplada por um edital da Natura Musical e conseguiu tirar o sonho do papel.  



fonte: https://porangarete.com.br/index.php/artist/catia-de-franca/

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