sábado, 20 de março de 2021

RETALHOS HISTÓRICOS DO SÍTIO CATOLÉ

por: Padre Andrade


Vista panorâmica (hoje) do Sítio Catolé. Imagem gravada da casa de Joaquim Ferreira.
Foto: Cleudimar Ferreira


As terras do Sítio Catolé constituem parte das sesmarias doadas a Inácio Cabral da Cunha e sua mulher: Bernarda Domingues de Azevedo, em 1732. A propriedade desses dois primeiros colonizadores iniciava se no Sitio Santo Antônio, um pouco além da Barragem que margeia a BR 230. Partindo do Sul em direção ao Norte, a dita propriedade se estendia até o Sítio Calixto.

Do leste ao Oeste, ia da Barra do Catolé, limite com o Sítio Almas, até, um pouco além da casa de Seu Pedro Marcelino. A outra propriedade que ocupava o primitivo território do Sítio Catolé fora doada a Vicente Marcos de Paiva, em 29 de outubro de 1754.

Tinha esta propriedade, o nome de data do Riacho do Catolé. Eis, pois, o nome mais antigo do Sítio: Riacho do Catolé. Não é fácil entender de imediato, as configurações históricas dessas propriedades, pois, já no século XVII, seus proprietários, venderam partes das mesmas. 

A mais primitiva pertencente a Inácio Cabral da Cunha e sua mulher, tinha o nome de: Data de Santo Antônio. No limite sul, ambos se encostavam, na altura da Ponte que fica sobre o Riacho da Curicaca, pertinho da concessionária Fiat. Sei bem que, por outra direção, mais referida aos Sítios: Cachoeirinha e Pé de Serra, três outras Sesmarias atingiam o município de Cajazeiras.

As duas que mais aparecem como bem conhecidas, são: a Data do Formigueiro, doada a João Manoel Dantas, em 20 de Maio de 1752 e a Data das Sobras da Lagoa de São Francisco, Doadas a Luiz Gomes de Albuquerque, em 7 de Fevereiro de 1767.

A Data do Formigueiro atinge o pé de Serra. A Data das Sobras da Lagoa de São Francisco, pega grande parte da Cachoeirinha e do Catolé dos Macieis, lugar de morada do Velho Moisés, de saudosa memória.

A surpresa que me toma, é saber que, houve também, outra Data de Terras, denominada de: Sobra da Data do Catolé. Esta, doada em 7 de Agosto de 1788, a João Carvalho da Silva. Esta data, de complicada localização tem, também, seu lugar ao sol, na história territorial do catolé.

RESUMINDO TUDO

O Catolé, propriamente dito, tem seu fundador. Vicente Marcos de Paiva e a data de fundação foi a de 29 de Outubro de 1754. Esta se configura como dará oficial, porém, é quase certo que, seus vaqueiros, já enveredavam pelo velho Catolé, antes daquele dia e ano.

Embora, pioneiros na história da colonização do território do município de Cajazeiras e de parte do Catolé, em particular; Inácio Cabral da Cunha e Bernarda Domingues de Azevedo, não levam o troféu de fundadores do Catolé, porque, mesmo que suas terras tenham atingido consideravelmente o Catolé, a sede da Fazenda, ficava no Santo Antônio do Bé e não no Catolé. Quero dizer: suas terras atingiam o Catolé, por extensão.

Contudo, o referido casal, teve sua parcela de contribuição para o desenvolvimento de parte do Catolé e por isso, tem seu lugar em nossa história.

Luiz Gomes de Albuquerque e sua esposa, Luiza Maria do Espírito Santo, foram de grande importância para a história do Catolé, visto que, além das terras que tinham por Sesmarias, compraram muitas partes das outras Sesmarias que atingiam o Catolé.

João Carvalho da Silva era pelo que me parece, descendente do grande estrategista, Manoel Araújo de Carvalho. Ele foi o último dia, pioneiros colonizadores das terras do Sítio Catolé.
O Catolé era um todo, com esse nome. O segundo nome mais antigo, era o da Barra do Catolé, pois, aparece nos documentos oficiais com esses nomes, desde 1754.

Os outros nomes de Sítios foram surgindo depois. O mais primitivo era: Riacho do Catolé. Começava na ponte da Curicaca, rasgava parte do Bairro Vila Nova, margeando a estrada que vai para São João do Rio do Peixe. 

Um dos nomes mais antigos que surgiu no velho Riacho do Catolé foi o do Sítio Calixto. Este nome, conjectura que foi dado, homenagem a um dos artistas mais antigos de Cajazeiras, cujo nome era Calixto.


PADRE ANDRADE
É PADRE, PROFESSOR DE ENSINO RELIGIOSO E PESQUISADOR, RESIDINDO 
ATUALMENTE NO SÍTIO CATOLÉ (FUÁ) CAJAZEIRAS
 

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2 comentários:

Anônimo disse...

Eu, Padre José de Andrade , faço apenas uma correção do meu erro involuntário no que diz respeito ao nome de Inácio da Cunha. Ao invés de Cabral, leia-se : Ribeiro. Então estamos certos. Inácio da Cunha Ribeiro.

Francisco Cleudimar F. de Lira disse...

Então, Padre Andrade, está feito a correção. Sei que você é um homem ocupado, mas acho que nas horas vagas, o senhor poderia escrever mais sobre Cajazeiras, especificamente, sobre o sítio Catolé. Vou te dar uma dica: Que tal você escrever sobre as manifestações culturais do Catolé. A manifestação da Brincadeira do Juda. Lembro que toda semana santa tinha essa atividade. Como era feito; quem era as pessoas que estava por trás dessa brincadeira. A brincadeira tinha 3 atividades: a 1ª, A mãe do Juda saia com outras pessoas. Sai fantasiada, com chocalhos por todo corpo, quase irreconhecível, pedindo dinheiros, presentes, gêneros alimentícios. A 2ª, Era o roubo de tudo que a mãe do Juda colhia. As pessoas tinham que invadir um cercado pegar os presentes sem receber uma chicotada. A 3ª era a flagelação e morte do Juda. Meu pai fez uma brincadeira dessa lá em casa. Mas não foi ele que fez. Foram umas pessoas daí do catolé. Elas fizeram lá em casa porque o terreiro era muito grande. Porém, minha mãe e meu pai acabaram gostando da brincadeira dando total apoio logístico e até financeiro. Não quem foi que teve essa ideia. Lembro que a primeira exibição de cinema que vi, foi na casa de Zuza Emídio. Não lembro quem foi que exibiu esse filme. Lembro que as imagens foram exibidas na parede externa da casa de Zuza Emídio. E todos nós ficamos sentados em cadeiras das casas de Zuza e das residências vizinhas. Lembro que as imagens desse filme, mostrava cenas de uma imensa chuva sobre uma barragem, a barragem transbordava e causava uma inundação. Uma ironia para todos nós acostumados com anos de secas e falta de água.