terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Sobre a Professora Lica Dantas, Escreveu Rosilda Cartaxo

por: Rosilda Cartaxo

foto da Profª. Lica Dantas

Seu nome representa uma legenda de dedicação, amor e carinho à causa dos pobres, desvalidos e desamparados. Era filha de Raimundo Dantas de Oliveira e Maria Dantas, nascida em São João do Rio do Peixe (a informação não diz a data).

Ainda jovem resolveu se mudar para Cajazeiras, levando duas sobrinhas para servir-lhe de companhia, morando em uma casa simples, incendiada alguns anos depois.

Toda a sua vida foi de sacrifício e abnegação. Fazia da dor do pobre sua própria dor. Era uma peregrina da paz até na maneira de trajar. Na rua, de vestes humildes (longas) era encontrada, de dia ou de noite, parecendo um anjo, percorrendo as ruas de Cajazeiras, de mãos estendidas implorando ao público ou conduzindo trouxas e bacias com auxílio conseguido para saciar a fome e amenizar o frio nas noites de inverno, daqueles que não tinham o que comer nem onde morar. Era o retrato vivo da ternura e da pureza.

Seu sonho era construir um abrigo para os pobres. Não conseguiu. Sua morte fez a pobreza de Cajazeiras chorar. Deve ter levado n'alma a tristeza de não ver o seu desejo realizado.

Dr. Otacílio Jurema, médico e humanitário da cidade, num rasgo de bondade, convidou-a para trabalhar no seu consultório, onde permaneceu por algum tempo.

A morte leva sem distinção as pessoas. Ela se foi, deixando a imagem de santa e um benemérito trabalho, hoje perpetuado na lembrança e na história de Cajazeiras.

Como reconhecimento, foi fundada em 12 de abril de 1959 (não se tem dados sobre o decreto), em sua homenagem, a Escolinha Profissional Lica Dantas reconhecida de utilidade pública. Até 19 de outubro de 1970 funcionou como Escola de Artesanato, inclusive datilografia. Dada a sua importância, a Escolinha Lica Dantas funcionou durante 11 anos, com diretorias compostas de homens probos que ocupavam cargos de representação social e política na cidade, cuja presidência, pela sequência, foi ocupada pelos comerciantes Donato Braga e Dirceu Marques Galvão; Prefeito Francisco Matias Rolim; empresário Raimundo Ferreira e Dr. Abidiel Rolim, odontólogo e político conceituado na região.

Naquela data - 19 de outubro de 1970 - a Escolinha passou a denominar-se Grupo Escolar Lica Dantas.

Pela sua luta, sua bondade, não poderia deixar de figurar no livro Mulheres do Oeste. Lica não só foi mulher, mais que isso, repito, foi santa, pois será que existe na face da terra perfeição maior que possa marcar a vida com tanta capacidade de amar?”

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fonte: CARTAXO, Rosilda. Mulheres do Oeste, pp. 47/48, Halley S. A. Gráfica e Editora

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