terça-feira, 30 de junho de 2020

CAJAZEIRAS VISTA PELOS RETRATOS ANTIGOS

Rua Epifânio Sobreira - Centro Comercial de Cajazeiras

Pereira Filho

Pensei escrever algo sobre “retrato”, onde as pessoas, há décadas, falavam assim e nos dias de hoje falam “fotografia”. Naquela época, as pessoas falavam “bater um retrato”, que era nas cores preta e branca, e hoje falam “tirar uma foto” que já é a cores. Devido à evolução tecnológica mundial nas últimas décadas, a máquina de tirar retrato foi substituída pela câmera fotográfica. Portanto, neste artigo vou sempre escrever retrato. O retrato 3x4 colado nos documentos de identificação a exemplo da Carteira de Identidade, Carteira de Trabalho, Ficha de Cadastro dos funcionários, Passaporte e outros mais, sendo que nos dias de hoje são usadas fotografias a cores no tamanho 5x7. 

Lembro que os alunos tinham a Carteira de Estudante para acessar e pagar a metade do preço nos cinemas, teatros, circos e clubes sociais. Essas carteirinhas eram emitidas pela Associação dos Estudantes Secundários de Cajazeiras (AESC) e tempos depois pela Secretaria da Educação e Cultura do Governo do Estado da Paraíba. O retrato na carteirinha era colado à direita na parte superior. A máquina de bater retrato Gebruder, a mais antiga, foi fabricada na Alemanha em 1890 e hoje são várias marcas de câmeras fotográficas, com diversas especificações de manuseio para uso geral.

Lembro que muitas famílias, principalmente em cidades do interior e na zona rural, gostavam de expor retratos de famílias em molduras de madeira com vidro transparente nas paredes das salas de visita. Algumas famílias fixavam, ainda, próximas a moldura do retrato, passarinhos (biscuit era assim que era falado) feitos de porcelana em cores variadas. Interessante, era a posição deles como se estivessem voando no sentido do telhado da sala. O retrato é uma forma do ser humano conhecer o passado da sua família: pais, avós, bisavós, parentes e amigos. O que seria do mundo se não tivesse havido a máquina de bater retrato! Imaginamos, hoje, você conhece Cajazeiras de antigamente, seus moradores, seu cotidiano e tudo aquilo que nos proporciona um conhecimento através dos retratos antigos.

Hoje, com a tecnologia do mundo virtual, através do “Facebook”, estamos conhecendo melhor a história antiga da nossa cidade e vendo através dos retratos, onde muitas pessoas postam retratos de famílias e amigos em festas, reuniões, passeios, formaturas, competições esportivas, ambientes de trabalho e tantos outros recintos. Depois de várias décadas sem encontrar Cajazeirenses e Cajazeirados, que foram morar em outras cidades, da mesma forma que saí de Cajazeiras em 1971 e vim morar em Brasília, foi através do antigo Orkut e agora o Facebook, onde consegui muitos retratos de Cajazeiras.

Acredito que muitos Cajazeirenses e Cajazeirados têm, pelo menos, um retrato guardado ou postado no Facebook. Por outro lado, acredito também, que poucos Cajazeirenses e Cajazeirados têm muitos retratos sobre diversos perfis e eu sou um destes poucos, porque tive essa ideia de garimpar esses retratos. Naquela época, poucas pessoas tinham condições de comprar uma máquina de bater retrato, principalmente a Kodak, que era considerada uma das melhores marcas. Hoje, praticamente, quase todas as pessoas no mundo têm suas câmeras fotográficas, por ela já vir acoplada no celular. A tecnologia criou o “dois em um” (telefone e câmera). Naquela época, também tinha o fotografo ambulante (pessoas profissionais conhecidas por lambe-lambe) que ficavam nas áreas de laser como praças, feiras, jardins e rodoviárias, onde a máquina de bater retrato ficava dentro de uma caixa de madeira, fixada na parte superior de um tripé de madeira.

Nos anos sessenta em Cajazeiras, funcionava quase no final da Rua Padre José Tomaz, próximo à esquina com a Rua Padre Rolim, o “Foto Recife”, do senhor Cícero Batista e na Rua Pedro Américo, entre as ruas Sebastião Bandeira de Melo e a Siqueira Campos, funcionava o “Foto São Luiz”, do senhor Luiz Antônio. Se existia outro estúdio fotográfico em Cajazeiras, naquela época, eu não me lembro. Hoje, segundo fontes de pessoas que residem na nossa cidade, dois Cajazeirenses que residem lá, têm um grande acervo de retratos, são eles: Leopoldo (Borracha) e Aguinaldo Rolim. Quando eu morava em Cajazeiras, na minha casa não tinha máquina de bater retrato, mas tenho três retratos: um, com meus irmãos, irmãs e minha mãe, batido no final do ano de 1958; outro, da “Recordação Escolar” quando eu estudava no Grupo Dom Moisés Coelho no ano de 1959 e, o terceiro, quando eu estava servindo o Tiro de Guerra em 1969. Não me lembro quem bateu esses retratos. Hoje, eu tenho um arquivo com mais de oitocentos retratos antigos de Cajazeiras. Mas como eu consegui tudo isso! Explico. O antigo Orkut e a atual rede social Facebook, foram quem me proporcionaram fazer amizades com muitos Cajazeirenses e Cajazeirados espalhados nesse Brasil de meu Deus. Exemplo: eu tinha mais ou menos mil amigos nessas redes sociais e rastreava um a um a procura de retratos antigos de Cajazeiras e na proporção que eu ia encontrando, eu copiava para um HD (pendrive) de 500 Giga, que tem a capacidade de armazenar 100 mil fotos e 125 mil músicas em MP3, e assim fui aumentando minha coleção. Dessa forma, meu Orkut e depois o meu Facebook foram sendo muito acessados por esses amigos (as) onde eles viam muitos retratos antigos de Cajazeiras anos 60 e 70. Ou seja, isso facilitou para eles, porque iam encontrar muitos retratos em um só lugar. Também copiei muitas fotos dos Blogs de Cajazeirenses, a exemplo do “Coisas de Cajazeiras” e Retrovisor, do Jornalista, Radialista e Multimídia, Christiano Moura; Sete Candeeiros, do Advogado, Dirceu Marques; O Último dos Moicanos, do Economista e Empresário, Claudiomar Matias Rolim; Cajazeiras de Amor, do Teatrólogo, Claudimar Ferreira e meu mano Eduardo também tem seu acervo de retratos antigos de Cajazeiras anos 60. Copiei retratos do acervo do Professor Francelino Soares, postadas no Blog Coisas de Cajazeiras. Sempre lembrar em dá crédito ao postar, se não esquecer.

O mundo evoluiu muito nas últimas cinco décadas, fazendo com que a construção civil mudasse a originalidade de muitos imóveis, tanto residencial como comercial, com reformas e construções nas cidades. Pequenas cidades se transformaram em grandes metrópoles, a exemplo de Cajazeiras e isso fez com que muitas residências se transformassem em comércio. Alguns prédios foram desativados e não reformados. O Clube 1º de Maio foi demolido e no lugar foi construído um espaço de laser com quadras de Futsal (Futebol de Salão). A antiga Rodoviária Antônio Ferreira foi desativada, devido à administração municipal ter construído uma nova rodoviária, na Rua Padre Rolim, próximo ao Hospital Regional, o antigo prédio continua desativado há décadas, ocupando um espaço muito valioso. O casarão da família Epifânio Sobreira continua como antes, muito bonito, ganhou uma nova pintura onde hoje está instalada a Secretaria de Cultura e o Museu do Futebol. Ao lado desse casarão, antes era um muro, que foi transformado em uma quadra de esportes. A casa de Maciel (o mouco), não lembro o nome dele, que fica localizada na Rua Pedro Américo, esquina com a Rua Sebastião Bandeira de Melo, continua original com suas paredes externas em tijolos, que nunca foram rebocadas. O Colégio Diocesano Padre Rolim continua como antes, mas com nova pintura, porque lá funciona a FAFIC (Faculdade de Filosofia Ciências e Letras) e o prédio da Rua Padre Rolim, onde era a Ação Católica, funcionou a FAFIC e hoje funciona a 9ª Nona Regional de Educação, com sua edificação original e com nova pintura.

No final da Praça João Pessoa, ao lado da subida das escadarias do Baldo do Açude Grande tem um prédio antigo, que talvez fosse ao futuro, um cinema, continua até hoje do mesmo jeito e acredito que o mesmo esteja embargado na Justiça há quase cinquenta anos. O Prédio das Freiras, assim era chamado, que fica localizado entre as Ruas Pedro Américo e Felismino Coelho, foi ocupado nos anos sessenta, na parte de baixo, pelo Cine Pax da Diocese, depois foi desativado o cinema e reformado, onde hoje funciona a administração da Diocese. Na Rua Pedro Américo, esquina com a Rua São Francisco, o velho Circulo Operário continua original, mas com nova pintura. Ainda na Rua Pedro Américo, esquina com Rua Padre José Tomaz, tem um belo casarão, que era do senhor Sinval do Vale, era um dos mais bonitos de Cajazeiras, continua original. O casarão de Dr. Zuca Peba, que fica ao lado da Catedral, continua original com pequenas reformas de pintura. O Colégio Comercial Monsenhor Constantino Vieira (Colégio Comercial) perdeu sua originalidade, foi demolido, dando vez a uma grande edificação educacional.

O prédio antigo na Praça Coração de Jesus (Praça dos Carros), que era de Álvaro Marques, hoje está com pequenas reformas e pintura nova, lá funciona uma Boutique. Na Rua Padre Rolim tem várias residências antigas originais, que eram de famílias ricas e continuam quase originais. No final da Rua Barão do Rio Branco (Rua dos Ricos), ao lado do Baldo do Açude Grande, tem um casarão que foi da família do senhor Zé Palmeira (marchante), continua original. A Ponte de Madeira do sangradouro, com seus cabos de aço nas laterais, servindo de corre mão, era muito bonita e frequentada pelos Cajazeirenses na época das fortes chuvas, que caiam na cidade, fazendo com que as pessoas iam apreciar a descida das águas junto com as piabinhas, suvelas e corrós. Outro prédio antigo era o da Estação Ferroviária, que foi desativado e hoje funciona o Núcleo de Extensão Cultural da UFPB; a Sanbra (Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro), que funcionava no final da Rua Desembargador Bôto, saída para Sousa, foi demolida para ser construído prédios comerciais. A indústria algodoeira de Major Galdino, que funcionava na Rua Paulo Pires, próximo a Rodoviária Antônio Ferreira, também foi desativada, mas o prédio continua fechado e nunca foi ocupado.

O meu arquivo de retratos mostra a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FAFIC), a primeira instituição de ensino superior, fundada em 17 de janeiro de 1970, que foi instalada no prédio da Ação Católica. Os colégios: Diocesano Padre Rolim, Nossa Senhora de Lourdes, Estadual e Monsenhor Constantino Vieira. Os grupos escolares: Dom Moisés Coelho, Monsenhor Milanês, Professora Lica Dantas e Monte Carmelo. As igrejas: Catedral e Nossa Senhora de Fátima. A Prefeitura, a Estação Rodoviária Antônio Ferreira, os Correios e Telégrafos, o Hospital Regional, a Estação de Trem, o Cristo Rei, o Baldo do Açude Grande com seu sangradouro. Os Clubes Sociais: Cajazeiras Tênis Clube, Clube 1º de Maio, Jovem Clube e AABB. Os Cines: Éden, Cruzeiro, Apolo XI e o PAX. As Rádios: Alto Piranhas e a Difusora Rádio Cajazeiras. A fachada e o estúdio da NPR (Norte Publicidade Radiofônicas) e a Voz do Sertão, ambos na Praça Camilo de Holanda. As Praças: João Pessoa, Cardeal Arcoverde (Catedral), Nossa Senhora de Fátima com seu coreto, Dom Moisés Coelho (Espinho), Congresso (atrás da Prefeitura), Coração de Jesus (dos Carros) e Camilo de Holanda. Os desfiles do Dia 7 de setembro dos Colégios, Escolas Públicas e o Tiro de Guerra. Alguns retratos mostram as Ruas: Dr. Coelho, Juvêncio Carneiro, Padre José Tomaz, Higino Rolim e outras.

Tem ainda os retratos dos acontecimentos sociais da cidade realizados em vários locais, a exemplo da Semana Universitária, os comícios e as passeatas para Eleições municipais, as festas religiosas nas Igrejas (Natal, Ano Novo, Semana Santa, Missa, batizados, procissões, quermesses), dos programas de auditório no Cine Éden aos domingos pela manhã e muitas coisas. Alguns retratos mostram a torre da Catedral em fase de construção e depois de concluída e também da Prefeitura. No ano de 2010, ano em que foi criado a AC2B (Associação dos Cajazeirenses e Cajazeirados de Brasília), meu mano Eduardo, que fazia parte dessa associação, criou um blog para a AC2B, e sugeriu aos Cajazeirenses e Cajazeirados, que quisessem enviar qualquer material ou fotos para divulgar Cajazeiras. Foi pensando nessa ideia do mano, que eu tive a iniciativa de escrever alguma coisa sobre Cajazeiras anos sessenta e assim fiz. Hoje, tenho mais de cinquenta artigos sobre “Cajazeiras Anos 60” e “Cajazeiras Quase Memória”. Tempos depois tive a ideia de garimpar retratos antigos de Cajazeiras e assim pensei em escrever esse artigo “CAJAZEIRAS VISTA PELOS RETRATOS ANTIGOS” se baseando nos artigos e no meu acervo de retratos.

E para finalizar, foi pensando nesse trabalho, que no futuro meus netos e muitas crianças, principalmente de famílias Cajazeirenses e Cajazeirados irão conhecer Cajazeiras antiga através dos retratos e artigos. “Viver o futuro é também conhecer o passado”.



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