Texto/Redação com nota máxima no ENEM 2019.
“O filme ‘’Cine Hollywood’’ narra a chegada da
primeira sala de cinema na cidade de Crato, interior do Ceará.” Na obra, os
moradores do até então vilarejo nordestino têm suas vidas modificadas pela
modernidade que, naquele contexto, se traduzia na exibição de obras
cinematográficas. De maneira análoga à história fictícia, a questão da
democratização do acesso ao cinema, no Brasil, ainda enfrenta problemas no que
diz respeito à exclusão da parcela socialmente vulnerável da sociedade. Assim,
é lícito afirmar que a postura do Estado em relação à cultura e a negligência
de parte das empresas que trabalham com a ‘’sétima arte’’ contribuem para a
perpetuação desse cenário negativo.
Em primeiro plano, evidencia-se, por parte
do Estado, a ausência de políticas públicas suficientemente efetivas para
democratizar o acesso ao cinema no país. Essa lógica é comprovada pelo papel
passivo que o Ministério da Cultura exerce na administração do país. Instituído
para ser um órgão que promova a aproximação de brasileiros a bens culturais,
tal ministério ignora ações que poderiam, potencialmente, fomentar o contato de
classes pouco privilegiadas ao mundo dos filmes, como a distribuição de ingressos
em instituições públicas de ensino básico e passeios escolares a salas de
cinema. Desse modo, o Governo atua como agente perpetuador do processo de
exclusão da população mais pobre a esse tipo de entretenimento. Logo, é
substancial a mudança desse quadro.
Outrossim, é imperativo pontuar que a
negligência de empresas do setor – como produtoras, distribuidoras de filmes e
cinemas – também colabora para a dificuldade em democratizar o acesso ao cinema
no Brasil. Isso decorre, principalmente, da postura capitalista de grande parte
do empresariado desse segmento, que prioriza os ganhos financeiros em
detrimento do impacto cultural que o cinema pode exercer sobre uma comunidade.
Nesse sentido, há, de fato, uma visão elitista advinda dos donos de salas de
exibição, que muitas vezes precificam ingressos com valores acima do que
classes populares podem pagar. Consequentemente, a população de baixa renda
fica impedida de frequentar esses espaços.
É necessário, portanto, que medidas sejam
tomadas para facilitar o acesso democrático ao cinema no país. Posto isso, o
Ministério da Cultura deve, por meio de um amplo debate entre Estado, sociedade
civil, Agência Nacional de Cinema (ANCINE) e profissionais da área, lançar um
Plano Nacional de Democratização ao Cinema no Brasil, a fim de fazer com que o
maior número possível de brasileiros possa desfrutar do universo dos filmes.
Tal plano deverá focar, principalmente, em destinar certo percentual de
ingressos para pessoas de baixa renda e estudantes de escolas públicas. Ademais,
o Governo Federal deve também, mediante oferecimento de incentivos fiscais,
incentivar os cinemas a reduzirem o custo de seus ingressos. “Dessa maneira, a
situação vivenciada em ‘‘Cine Hollywood’’ poderá ser visualizada na realidade
de mais brasileiros.”
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DANIEL GOMES, tem 25 anos, mora em Fortaleza (CE), cursa engenharia de produção na Universidade Federal do Ceará (UFC). Agora quer cursar medicina.
DANIEL GOMES, tem 25 anos, mora em Fortaleza (CE), cursa engenharia de produção na Universidade Federal do Ceará (UFC). Agora quer cursar medicina.
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