Nesse domingo (20) de outubro de 2019, Dia do Poeta, lembrei do jovem poeta cajazeirense, Ivaldo Pereira de Souza (in memória). Falecido
prematuramente em 1982. Ivaldo escrevia muito bem e apresentava promissoras habilidades
com as letras. Uma dessas particularidades com a poesia, era a de gostar de brincar com as
palavras. Nos dois poemas que segue: Re-Colhida e Dia-a-Dia, ele constrói seus
versos melodicamente, usando trocadilhos das palavras, dando a elas a
destinação certa, a rima certa. Com a evolução que o ato de escrever chegou nos dias atuais, onde a construção da poesia se vestiu do moderníssimo, encolhendo a sua nomenclatura, desconstruindo estrofes, rimas e tamanho; deixando para trás as chatices formatações concretas, Ivaldo se estivesse vivo, com certeza, talvez fosse hoje um dos grande poetas da vanguarda paraibana.
RE - COLHIDA
Uma praça
na praça
um praça
na praça
caça
com raça
uma criança,
sem raça,
que passa
sem graça
entre a massa.
Que trapaça!
uma raça
traça
de graça
a desgraça
da massa
e ainda amassa!
DIA A DIA
Meio - dia,
barriga vazia,
agonia.
Desastre na via,
nenhuma melhoria,
só alegoria.
Mulher que jazia,
ninguém socorria,
mais uma Maria.
Criança sem regalia,
nas grades vivia,
utopia.
A hierarquia,
de baixo comia,
mordomia.
Aumento na mercadoria,
sistema aplaudia,
carestia.
Poucos na folia,
muitos na penitência,
hipocrisia.
fonte: RAÍZES, Livro de Poesias. Cajazeiras, 1982
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