Faleceu,
ontem, aos 88 anos de idade, em Juazeiro do Norte, Ceará, onde será sepultado
hoje à tarde, o empresário Raimundo Correia Ferreira, natural de Várzea Alegre,
no Ceará, que fez estudos na Paraíba e se instalou como grande empreendedor na
cidade de Cajazeiras, no Alto Sertão, com investimentos como a Viação Brasília
e a Estação Rodoviária. O pioneirismo de Raimundo Ferreira e seu tino para os
negócios são destacados em depoimentos de personalidades que conviveram com
ele. Da mesma forma, há o registro da falta de sorte com a política. Por duas
vezes, candidatou-se a prefeito de Cajazeiras e, nas duas ocasiões, foi
derrotado – a primeira, em 1963, concorrendo pelo PSB, para Francisco Matias
Rolim, a segunda, em 1968, por Epitácio Leite Rolim. Raimundo Ferreira se
declarava “um apaixonado” por Cajazeiras, mesmo tendo tido insucesso na
política. Mas, após as derrotas eleitorais, fixou-se no Ceará, indo a
Cajazeiras esporadicamente.
Ele
iniciou os estudos na própria cidade de Várzea Alegre, transferindo-se,
posteriormente, para Campina Grande, onde os concluiu no Colégio Alfredo Dantas
por volta de 1949. Na época, a carreira preferida entre os estudantes
interioranos era Medicina e Raimundo Ferreira não fugiu à regra, mas sua
vocação era, mesmo, a de ser empresário. Instalou uma difusora com alto-falante
e uma pequena indústria em Várzea Alegre, no Cariri paraibano. Viabilizou
empreendimentos como Rápido Juazeiro, mas foi com a Viação Brasília que ganhou
projeção como empresário de transporte de passageiros. Incursionando pelas
cidades cearenses de Juazeiro do Norte e Crato, fez sociedade com outro
empresário, fixado em Várzea Alegre, que durou até 1957, quando se mudou para
Cajazeiras, no extremo oeste da Paraíba. Costumava dizer que “foi amor à
primeira vista” por Cajazeiras e levou essa “paixão” a sério, como uma espécie
de compromisso, passando a se destacar como benfeitor da população da cidade.
Amigo
pessoal do então presidente Juscelino Kubitscheck de Oliveira, tanto assim que
homenageou a Capital federal erguida pelo governo dele no Centro-Oeste do
Brasil no seu empreendimento rodoviário mais bem-sucedido, Raimundo Ferreira
passou a ser cortejado por lideranças políticas de oposição em Cajazeiras para
ingressar na atividade, concorrendo à prefeitura. Na segunda disputa à
prefeitura, teve como candidato a vice o comerciante José Donato Braga, de
prestígio no meio social da cidade. Raimundo, apesar dos melhoramentos
carreados para Cajazeiras, não tinha, na opinião de líderes tradicionais, o
perfil característico do político. Não era de dar tapinhas nas costas de
eleitores, muito menos de fazer promessas mirabolantes. Era homem de ação,
coerente com a sua formação empreendedora, e foi derrotado com maiorias
expressivas numa conjuntura em que Epitácio Leite e Francisco Matias Rolim
alternavam-se na hegemonia política na cidade de Cajazeiras, como lembra o
escritor Francisco Sales Cartaxo Rolim em seu livro “Do Bico de Pena à Urna
Eletrônica”. A notícia da morte do empresário Raimundo Ferreira causou grande
consternação na cidade de Cajazeiras.
Nonato Guedes
Nenhum comentário:
Postar um comentário