José Mojica Marins inaugurou o cinema de terror
no Brasil com o filme “A meia noite levarei a sua alma”, que iniciou a saga do
Zé do Caixão em 1964, e teve sua continuação em 1967, com “Esta noite
encarnarei no teu cadáver” e em 2008, o fim da trilogia com “Encarnação do Demônio”.
Mas nesse período, Mojica continuou sempre dirigindo filmes de terror como “O
Exorcismo Negro” (1974), Inferno Carnal (1977), Delírios de um anormal (1978) e
Demônios e Maravilhas (1987).
Cineastas renomados como Carlos Hugo
Christensen e Walter Hugo Khouri contribuíram de maneira importante para o
gênero. Christensen realizou dois excelentes filmes: “Enigma para demônios” e “A
mulher do desejo”. Khouri, mergulhou no terror mais introspectivo com “O anjo
da noite” e “As filhas do fogo”.
Nos anos 70 e 80, o gênero existiu de maneira
mais consistente nos filmes da “Boca do Lixo de São Paulo”. Alguns diretores se
destacaram, como Jean Garret, ex-assistente de Mojica, que dirigiu “Amadas e
Violentadas (1976) e A Força dos Sentidos (1980). John Doo, com os
perturbadores “Ninfas Diabólicas” (1978) e Excitação Diabólica (1982). Juan
Bajon com O Estripador de Mulheres (1978); Luiz Castillini com A Reencarnação
do Sexo (1982) e Fauzi Mansur com Belas e Corrompidas (1978), Karma - Enígma do
Medo (1988), Atração Satânica (1989) e Ritual Macabro (1991).
A produção independente também passou a ganhar espaço graças a tecnologia digital que reduziu custos de produção. A liberdade de produção permitiu que cineastas como Peter Baiestorf, Paulo Biscaia Filho e Paulo Aragão pudessem expressar sua liberdade. Baiestorf dirigiu Zombio (1999) e Zombio 2: Chimarrão Zombies (2013). Biscaia com Morgue Story - Sangue, Baiacu e Quadrinhos (2009), o impressionante Nervo Craniano Zero (2012) e O coração que falava demais (2013). Aragão persegue os filmes de monstros e zumbis, como Mangue Negro (2008), A Noite do Chupacabras (2011), Mar Negro (2013) e As fábulas Negras (2015), dirigido em parceria com Mojica, Aragão e Baiestorf.
Até o cinema comercial se rendeu ao gênero como
“Isolados, quando eu era vivo”, “Gata velha ainda mia”, “O amuleto” e “Condado
Macabro” e “As boas maneiras” que participaram de vários festivais e foram
lançados nos cinemas.
Além de A misteriosa morte de Pérola de Guto
Parente, que é um suspense psicológico no estilo de Polanski, Diário de um
exorcista, de Renato Siqueira, estrelado por Ewerton de Castro, 13 histórias
estranhas, uma antologia de relatos curtos de 13 diretores diferentes, a
sequência de A capital dos mortos: Mundo Torto de Tiago Belotti, Deserto Azul
de Eder Santos, A percepção do medo de Kapel Furman, Armando Fonseca e Gurcius
Gewdner e Toda la noche de Jimena Monteoliva e Tamae Garategy, uma coprodução
Argentina/ Brasil e o já citado As Fábulas Negras.
Outro representante brasileiro é Ivan Cardoso que criou o “terrir”, os filmes de terror que fazem o público rir, como “O segredo da múmia” (1981), “As sete vampiras” (1986), “O escorpião escarlate” (1991) e “Um lobisomem na Amazônia” (2008). O horror brasileiro ainda não tem um estilo definitivo, mas ele não vive apenas com o Zé do Caixão. Ele conta com vários realizadores dedicados que enfrentam muitos obstáculos (como o preconceito do público com o gênero), mas sem nunca desistir. Ainda bem.
fonte: (transcrito) gilbertocarlos_gilbertocinema.blogspot.com
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