Radialista cajazeirense na Rádio Nacional
“Quem
for a Cajazeiras e não conhecer a Praça João Pessoa, é mesmo que ir a Roma e
não conhecer o Papa”. Acredito que essa frase tem tudo a ver com a principal
Praça de Cajazeiras, porque ela já foi palco de grandes manifestações em todos
os sentidos. Carnaval, Desfile de 7 de setembro, Eleição Municipal, Semana
Universitária, centenário do município em 1964, etc.
No
carnaval, à noite, os foliões se dirigiam aos clubes Tênis Clube, 1º de maio,
Jovem Clube e AABB. A Orquestra Manaíra, de Mozar de Assis, era sucesso total
nos carnavais do Tênis Clube. Já à tarde, via-se um grande número de famílias e
foliões na Praça João Pessoa com seus blocos de rua, escolas de samba, desfiles
de jeeps, entre outras manifestações, fazendo a festa carnavalesca como um
todo. Entre as escolas de samba tinha a de João de Manezin, que se destacava
mais. Eu desfilei na Escola de Samba 2000, em 1971. O bloco de rua mais famoso
de Cajazeiras era o de ‘seu’ Sinval do Vale, o “Mamãe Sem Nora”. Quem não se
lembra da lança perfume? Já fiquei zonzim com lança perfume encharcada no
lenço. Neste momento eu via a Praça João Pessoa bem pequenina.
Nos
desfiles do dia 7 de setembro os grupos escolares Dom Moisés Coelho, Monsenhor
Milanês e mais o Colégio Diocesano Padre Rolim, o Colégio Estadual, o Colégio
Nossa Senhora de Lourdes, o Colégio Comercial e o Tiro de Guerra faziam suas
apresentações sob olhares de cajazeirenses e cajazeirados, que aplaudiam a
todos que representavam essas instituições educacionais. Quando eu estudava no
Colégio Estadual, eu sempre fazia parte da banda marcial, porque dominava o
instrumento tarol.
Nas
eleições municipais, os comícios realizados na Praça João Pessoa tinham a
grande presença do povão. Geralmente, o palanque era a carroceria de um
caminhão, que ficava estacionado em frente a Lanchonete Merendinha. Neste
palanque, os políticos, com suas promessas caso fossem eleitos, faziam com que
todos ficassem atentos. Lembro-me muito dos comícios de Chico Rolim e Raimundo
Ferreira, que eram adversários para a conquista de mais um pleito eleitoral.
Nesta época, muitos jovens paqueravam as garotas nos comícios e muitos acabavam
encontrando a menina para um namoro firme.
Na
Semana Universitária, universitários cajazeirenses que estudavam em diversas
cidades do Brasil (Campina Grande, João Pessoa, Fortaleza, Natal, Recife, etc)
juntos com os que estudavam na FAFIC – Faculdade de Filosofia de Cajazeiras,
participavam de diversas modalidades competitivas em diversos locais da cidade
e a Praça João Pessoa era uma delas. A Semana Universitária era realizada
sempre em junho/julho, período de férias escolares da cidade. Universitários e
estudantes das entidades de ensino de Cajazeiras se faziam presentes nessas
comemorações e, o melhor de tudo isso eram as festas no Tênis Clube, 1º de Maio
e Jovem Clube, com apresentações de conjuntos musicais vindos de fora da cidade
(exemplo, Os Fabulosos do Recife) além de Chico Bem Bem e Seu Conjunto, entre
outros.
Nas
comemorações do centenário do município, autoridades, políticos e pessoas de
diversos segmentos da sociedade marcaram presença no palanque, usando as
palavras sobre a história de Cajazeiras e sua importância para o município.
Um
momento muito visitado da Praça João Pessoa, principalmente pelos turistas, e
também pelos moradores de Cajazeiras, era o Por do Sol visto do baldo do Açude
Grande. Subia-se as escadarias e ao término da subida já se dirigia para
sentar-se no banco de cimento e apreciar o espelho d'água do açude refletindo
com os raios do Por do Sol. Era um espetáculo feito pela natureza do Pai
Eterno.
À
noite a Praça João Pessoa era ponto de encontro, principalmente dos Penetras
(alguns deles: os irmãos Neto, Marcelo, Martus, Zé Dava e Ciro Xavier; Nilmar,
Marcelo, Rafael e Domício Holanda; Dedé bundão, Walter boca de véia, Paulo
Antônio, Ferreirinha, Pirão, Marcílio Cartaxo, Ubiratan, Ivan Braga, João Eudes
Braga, Djones, João Eudes e Neném de seu Eudes, Juarez, João e Filgueira
Moreira, e tantos outros). Tinha também outros asilados, como os irmãos Pereira
– Erisvaldo, Sales, EU, Toinho, Valdin, Eduardo e Ivaldo, etc. Todos estavam na
Praça para aquele bate-papo sobre diversos temas – futebol, política, mulheres,
vida alheia, etc. Grupinhos eram formados ao longo da praça onde era dividida
em três trechos com bancos de cimento: em frente ao Restaurante de Ionas; em
frente à casa de Celestino e em frente ao Cine Éden. No encosto dos bancos
tinha inscrições comerciais do tipo “Oferta do Armazém das Fábricas”, “Oferta
do Armazéns Paraíba”. Ou seja, no encosto de cada banco de toda a praça, tinha
sempre inscrições de propagandas do comércio cajazeirense. Um detalhe: além de
sentar no assento do banco, gostávamos também de sentar na parte superior do
encosto.
Aos
domingos à noite, além dos grupinhos ficarem discutindo sobre o jogo que rolou
na tarde de domingo no Estádio Higino Pires Ferreira, tinha o desfile das
garotas que vinham da Catedral após assistirem a Missa das sete e as que tinham
assistido ao filme no Cine Éden. Que beleza de desfile. Loiras, morenas, ruivas....
Enfim, elas eram o destaque na passarela da avenida. O Cine Éden sempre ficava
lotado aos domingos à noite, quando tinha duas sessões: das 18h e das 20h.
Minha irmã Nem e minha vizinha Eladir, filha do meu vizinho, o maestro
Esmerindo Cabrinha, eram frequentadoras da sessão das 18 h do cinema. Este
cinema, por funcionar na Praça João Pessoa, devido sua localização, sempre
estava lotado aos sábados, domingos e feriados.
Em
frente ao Cine Éden, para quem gostava de apreciar uma chupadinha de picolé,
Elias do picolé de Walmor estava lá e ainda fazia suas presepadas para agradar
o cliente. Tinha também dona Francisca, que ficava ao lado da carrocinha de
Elias, vendendo rolete. Tinino, um senhor magro e negro, também estava na praça
com seu carrinho de pipoca, com um sorriso que conquistava todos que comprassem
ou mesmo que o cumprimentasse.
Lembro-me
muito bem que o Cine Éden sempre colocava uma tabuleta para anunciar o filme do
dia e ficava amarrada num poste geralmente no início da Praça João Pessoa.
Proprietários
de carros: Jeeps, Rural, Aero Willys, Gordine, entre outros, tinham o prazer de
desfilar na Praça aos sábados, domingos e feriados à noite, para mostrar seus
possantes. Nesta Praça, acredito eu, muitos casais que ali paqueravam, hoje são
felizes casais de namorados eternos. As estudantes do Colégio Nossa Senhora de
Lourdes, do Estadual e do Comercial eram as garotas da cidade mais paqueradas
na Praça.
Cito
alguns nomes de moradores e lojas comerciais existentes na Avenida Presidente
João Pessoa, conhecida como Praça João Pessoa, na década de 60, época em que eu
morava em Cajazeiras. Como falo de memória, essas informações, é claro que
alguns moradores ou comércio deixarão de ser citados. Em frente à Praça
funcionava a Merendinha de Chicão. Descendo a avenida, à direita, o prédio com
primeiro andar funcionava em cima o Serviço de Alto Falante Difusora Cajazeiras
e, em baixo, a loja de eletrodoméstico Carvalho Dutra, de Mozart Assis; a
seguir a sinuca de Zé Eliseu; depois o Bar e Restaurante Alvorada de Ionas; a
seguir a Tipografia São José de seu Nezinho; a seguir, o consultório de Dr.
Waldemar Pires; na sequência tinha o beco que dá acesso a Igreja Nossa Senhora
de Fátima. Na esquina seguinte funcionava a Sorveteria Trianon de Chatô
(Chateaubriand); logo após a casa de Chico Corrêa; a casa de seu Eudes Cartaxo;
a seguir a marcenaria de seu João Cassiano; adiante, a casa de Celestino; a
seguir a Radiotécnica de Zé de Totô; logo após vem a sinuca de seu Sérgio
David, que era administrada por Fuampa. Na esquina seguinte, a sinuca de Dedé
do chapéu; depois a sorveteria do pai de Everardo e, a seguir, o Cine Éden, de
Carlos Paulino. Em cima da sinuca de Dedé funcionava o Jovem Club.
Na esquina seguinte, a Concessionária Chevrolet; a seguir a casa de Pedro Moura; depois a casa de Pedro Flor; a seguir a casa de Mirtes e Marcelo Cartaxo e, finalmente, as escadarias do baldo do açude. Subindo a avenida à direita, o prédio em construção de um cinema, que está na Justiça há muitas décadas; a seguir, na sequência: a casa de Renê Moésia; a casa de Nilson Lopes; a escolinha de dona Mônica Claudino; e a bodega na esquina. Na esquina seguinte, a casa dos Barbosa; a casa de Leonel Moreira; a casa de seu Zé Gonçalves; a casa de Irapuan; a casa de Gérson das confecções; a casa de Benú Moreira; a Companhia de Eletricidade de Cajazeiras e, em cima funcionava a concentração do time de futebol Estudante. Na esquina seguinte, a casa de João, cunhado de Perpétuo; a casa de Sibito; o Sesc; a casa de Nestor Rolim; a Cooperativa de Antônio Rolim; o Bar Serra Grande; a Pernambucana, e em cima dela o DER. Lembro que em frente ao consultório de Dr. Waldemar Rolim tinha um mini quiosque, que ficava em cima da calçada e era de Nelito Preto e na lateral da Pernambucana, em cima da calçada, tinha a banca de revistas de Chico Bem Bem.
Auditório do Cine Éden no Início dos anos 70, manhãs de domingo,
Programa Show de Calores da Radia Difusora de Cajazeiras
Na esquina seguinte, a Concessionária Chevrolet; a seguir a casa de Pedro Moura; depois a casa de Pedro Flor; a seguir a casa de Mirtes e Marcelo Cartaxo e, finalmente, as escadarias do baldo do açude. Subindo a avenida à direita, o prédio em construção de um cinema, que está na Justiça há muitas décadas; a seguir, na sequência: a casa de Renê Moésia; a casa de Nilson Lopes; a escolinha de dona Mônica Claudino; e a bodega na esquina. Na esquina seguinte, a casa dos Barbosa; a casa de Leonel Moreira; a casa de seu Zé Gonçalves; a casa de Irapuan; a casa de Gérson das confecções; a casa de Benú Moreira; a Companhia de Eletricidade de Cajazeiras e, em cima funcionava a concentração do time de futebol Estudante. Na esquina seguinte, a casa de João, cunhado de Perpétuo; a casa de Sibito; o Sesc; a casa de Nestor Rolim; a Cooperativa de Antônio Rolim; o Bar Serra Grande; a Pernambucana, e em cima dela o DER. Lembro que em frente ao consultório de Dr. Waldemar Rolim tinha um mini quiosque, que ficava em cima da calçada e era de Nelito Preto e na lateral da Pernambucana, em cima da calçada, tinha a banca de revistas de Chico Bem Bem.
Segundo
minha mãe, dona Maria Pereira (dona BIA), quando nasci morávamos de aluguel na
casa de Benu Moreira, que ficava em frente ao Cine Éden. Quando eu tinha meus
seis anos de idade, fomos morar em um outro endereço da Praça João Pessoa, na
casa que ficava ao lado das escadarias do baldo do açude.
No
relato e descrição de todas essas informações, observei que a Praça João Pessoa
foi realmente um marco histórico para a cidade de Cajazeiras dentro de suas
circunstâncias e acredito que uma outra praça da cidade não virá a fazer tanto
sucesso como a Praça João Pessoa. Com o crescimento da cidade, várias
atividades sociais foram transferidas para outros locais, a exemplo da Rua
Juvêncio Carneiro com o tradicional Carnaval no ‘corredor da folia’ e a festa
junina de São João na Praça Xamegão.
Carnaval na Av. Presidente João Pessoa. A direito da foto. Em cima,
(primeiro plano), o Edifício Ok onde funcionou o Jovem Clube.
Em baixo, no canto, o Cine Teatro Éden.
desfiles de carros, muito pó e agua (mela-mela). trecho
do edificio Ok e Cine Eden
fonte: Página social do autor - Facebook
Um comentário:
Que memória de fôlego. Manda mais artigos desses que alegram nossos corações de saudades gostosas. Parabéns, mininim, ontem, hoje Pereira Filho.Parabens, mano, pelas suas crônicas.
Postar um comentário