domingo, 14 de janeiro de 2018

BOSCO BARRETO

por José Dias Neto




Não é de hoje que a cidade de Cajazeiras ignora os personagens da sua história: com o passar do tempo parece não mudar essa dura realidade, que por sinal é contestada por muitos dos seus filhos. Pretendo neste valoroso espaço rememorar a figura do advogado e político cajazeirense João Bosco Braga Barreto, ou simplesmente Bosco Barreto, de quem cresci ouvindo relatos que sempre me causaram fascínios.
Existem poucas fontes onde se encontre algo sobre a figura de Bosco Barreto (Jornal Gazeta do Alto Piranhas possui em seus arquivos muito sobre sua trajetória) mas na Biblioteca Pública Municipal pouco se encontra sobre o líder político Bosco.
Graças ao conteúdo exposto na internet, pude beber um pouco sobre o libertário cajazeirense, e o agradecimento da coluna ao poeta e escritor Linaldo Guedes por ter eternizado o mandato de deputado estadual cajazeirense através da sua facilidade em escrever.
Um texto do também cajazeirense Linaldo Guedes, intitulado de Bosco Barreto: um mandato a serviço da ‘’Cidade Liberdade’’ traz em suas linhas um apanhado da postura ética e combativa do deputado estadual Bosco Barreto, e deixa claro que sua voz ecoava contra as truculências do tempo de chumbo do Brasil (1964-1985).

Leia o trecho do texto de Linaldo Guedes:

João Bosco Braga Barreto foi eleito deputado estadual em 1974 pelo então Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Fez campanhas memoráveis, sem recursos financeiros, defendendo seus “irmãos e suas irmãzinhas também” nos palanques pelo interior do Estado. Vindo do Alto Sertão da Paraíba (era natural de Cajazeiras), Bosco Barreto exerceu mandato por intermédio do qual não deixou de lutar em favor das principais reivindicações de seus eleitores, como: financiamento para a agricultura e a escola pública de qualidade. 
No entanto, seu principal lema, enquanto esteve exercendo o mandato parlamentar, foi mesmo a Liberdade ou a Cidade Liberdade, como gostava de clamar em discursos, ora aparteados, ora ouvidos silenciosamente pelos demais parlamentares. Nascido em 20 de novembro de 1936, Bosco Barreto tinha 39 anos quando assumiu o mandato, em fevereiro de 1975. Foi eleito numa época em que o país vivia uma delicada situação política. Quase simultaneamente, em março de 1974, Ernesto Geisel assumia a presidência da República garantindo um processo lento, mas gradual, de distensão política.
O texto do conterrâneo Guedes serve de norte para quem quer se aprofundar na vida do inesquecível Bosco Barreto. No mesmo texto, o escritor deixa claro o posicionamento do político cajazeirense em oposição à ditadura militar: eram tempos de exceção e mesmo assim o deputado gritava em alto e bom som contra as imposições ditatoriais do sistema.
Nesta época de chumbo, a cidade de Cajazeiras conseguiu ver um de seus filhos assumir o Governo do Estado, Ivan Bichara através da indicação indireta do Regime Militar. Assumiu o Poder Executivo Estadual e teve enquanto governador a forte oposição do seu conterrâneo, o deputado estadual Bosco Barreto.
João Bosco Braga Barreto não foi um simples cidadão cajazeirense: foi protagonista de uma rouca voz, de certa forma isolada, que sempre gritou a favor de melhorias na vida da população sertaneja, e haverá de ser uma referência de resistência por seus ideais libertários.
O falecimento de Bosco calou a sua voz, mas não suas ideias. Ainda hoje, existem em Cajazeiras guardiões do legado de Barreto que mantêm viva a memória do libertário cajazeirense. A bem da verdade, preciso dizer que são poucos que se preocupam em rememorar a figura do politicamente (in) correto Bosco Barreto. Em tempos em que a situação política do Brasil vive momentos sombrios, é preciso resgatar as pessoas que no passado possam servir de referência, Bosco é sem sombra de dúvidas um desses referenciais para a nossa atualidade.
Todas essas preocupações levantaram a motivação de alguns interessados nesta causa a formarem um coletivo chamado de ‘Sou Forte, Sou Bosco Barreto’. Para realizarem neste ano, um ato público que contam com o apoio do entusiasta e admirador do político, o atual vereador Rivelino Martins resgatará a memória do que foi um dos maiores líderes populares da História política de Cajazeiras. O perfil dos que integram esse coletivo, inicialmente são: admiradores do político e outros que começam a tomar conhecimento da ação e querem juntar-se ao movimento que homenageará Bosco, o libertário cajazeirense.

HOMENAGEM

Os envolvidos no coletivo já iniciaram um trabalho de pesquisa, que resultará na produção de um documentário, através de depoimentos das pessoas que conviveram com o político libertário sob o prisma: “Quem foi Bosco Barreto”. Ainda sem data definida, o movimento planeja exibir o documentário em local público para resgatar a importância de Bosco para a História política de Cajazeiras.
O ato público em homenagem a Bosco Barreto deverá contar com a presença de familiares, simpatizantes, admiradores, contemporâneos e a população em geral, no que poderá ser um dos maiores eventos populares já realizados na História recente de Cajazeiras.
O coletivo possui a autorização da família de Bosco Barreto e produzirá camisas, bonés e adesivos para comercialização. Todo dinheiro arrecadado será revertido para financiar o ato público.
Para mais informações, coloco a disposição o meu número de telefone para que os interessados também possam se engajar. José Dias Neto: (83) 99144-0709.
 
  A Praça João Pessoa foi palco dos grandes comícios
 Na Praça João Pessoa, multidões aplaudia Bosco Barreto
   








fonte: (Diario do Setão) Coluna de José Dias Neto 

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