por José Dias Neto
Não é de hoje que a cidade de
Cajazeiras ignora os personagens da sua história: com o passar do tempo parece
não mudar essa dura realidade, que por sinal é contestada por muitos dos seus
filhos. Pretendo neste valoroso espaço
rememorar a figura do advogado e político cajazeirense João Bosco Braga
Barreto, ou simplesmente Bosco Barreto, de quem cresci ouvindo relatos que
sempre me causaram fascínios.
Existem poucas fontes onde se encontre algo
sobre a figura de Bosco Barreto (Jornal Gazeta do Alto Piranhas possui em seus
arquivos muito sobre sua trajetória) mas na Biblioteca Pública Municipal pouco
se encontra sobre o líder político Bosco.
Graças ao conteúdo exposto na
internet, pude beber um pouco sobre o libertário cajazeirense, e o
agradecimento da coluna ao poeta e escritor Linaldo Guedes por ter eternizado o
mandato de deputado estadual cajazeirense através da sua facilidade em
escrever.
Um texto do também
cajazeirense Linaldo Guedes, intitulado de Bosco Barreto: um mandato a serviço
da ‘’Cidade Liberdade’’ traz em suas linhas um apanhado da postura ética e
combativa do deputado estadual Bosco Barreto, e deixa claro que sua voz ecoava
contra as truculências do tempo de chumbo do Brasil (1964-1985).
Leia o trecho do texto de Linaldo Guedes:
João Bosco Braga Barreto foi
eleito deputado estadual em 1974 pelo então Movimento Democrático Brasileiro
(MDB). Fez campanhas memoráveis, sem recursos financeiros, defendendo seus
“irmãos e suas irmãzinhas também” nos palanques pelo interior do Estado. Vindo
do Alto Sertão da Paraíba (era natural de Cajazeiras), Bosco Barreto exerceu
mandato por intermédio do qual não deixou de lutar em favor das principais
reivindicações de seus eleitores, como: financiamento para a agricultura e a
escola pública de qualidade.
No entanto, seu principal lema, enquanto esteve
exercendo o mandato parlamentar, foi mesmo a Liberdade ou a Cidade Liberdade,
como gostava de clamar em discursos, ora aparteados, ora ouvidos
silenciosamente pelos demais parlamentares. Nascido em 20 de novembro de 1936,
Bosco Barreto tinha 39 anos quando assumiu o mandato, em fevereiro de 1975. Foi
eleito numa época em que o país vivia uma delicada situação política. Quase
simultaneamente, em março de 1974, Ernesto Geisel assumia a presidência da República
garantindo um processo lento, mas gradual, de distensão política.
O texto do conterrâneo Guedes
serve de norte para quem quer se aprofundar na vida do inesquecível Bosco
Barreto. No mesmo texto, o escritor deixa claro o posicionamento do político cajazeirense
em oposição à ditadura militar: eram tempos de exceção e mesmo assim o deputado
gritava em alto e bom som contra as imposições ditatoriais do sistema.
Nesta época de chumbo, a
cidade de Cajazeiras conseguiu ver um de seus filhos assumir o Governo do
Estado, Ivan Bichara através da indicação indireta do Regime Militar. Assumiu o
Poder Executivo Estadual e teve enquanto governador a forte oposição do seu
conterrâneo, o deputado estadual Bosco Barreto.
João Bosco Braga Barreto não
foi um simples cidadão cajazeirense: foi protagonista de uma rouca voz, de
certa forma isolada, que sempre gritou a favor de melhorias na vida da
população sertaneja, e haverá de ser uma referência de resistência por seus
ideais libertários.
O falecimento de Bosco calou a
sua voz, mas não suas ideias. Ainda hoje, existem em Cajazeiras guardiões do
legado de Barreto que mantêm viva a memória do libertário cajazeirense. A bem
da verdade, preciso dizer que são poucos que se preocupam em rememorar a figura
do politicamente (in) correto Bosco Barreto. Em tempos em que a situação
política do Brasil vive momentos sombrios, é preciso resgatar as pessoas que no
passado possam servir de referência, Bosco é sem sombra de dúvidas um desses
referenciais para a nossa atualidade.
Todas essas preocupações
levantaram a motivação de alguns interessados nesta causa a formarem um
coletivo chamado de ‘Sou Forte, Sou Bosco Barreto’. Para realizarem neste ano,
um ato público que contam com o apoio do entusiasta e admirador do político, o
atual vereador Rivelino Martins resgatará a memória do que foi um dos maiores
líderes populares da História política de Cajazeiras. O perfil dos que integram
esse coletivo, inicialmente são: admiradores do político e outros que começam a
tomar conhecimento da ação e querem juntar-se ao movimento que homenageará Bosco,
o libertário cajazeirense.
HOMENAGEM
Os envolvidos no coletivo já
iniciaram um trabalho de pesquisa, que resultará na produção de um
documentário, através de depoimentos das pessoas que conviveram com o político
libertário sob o prisma: “Quem foi Bosco Barreto”. Ainda sem data definida, o
movimento planeja exibir o documentário em local público para resgatar a
importância de Bosco para a História política de Cajazeiras.
O ato público em homenagem a Bosco
Barreto deverá contar com a presença de familiares, simpatizantes, admiradores,
contemporâneos e a população em geral, no que poderá ser um dos maiores eventos
populares já realizados na História recente de Cajazeiras.
O coletivo possui a autorização
da família de Bosco Barreto e produzirá camisas, bonés e adesivos para
comercialização. Todo dinheiro arrecadado será revertido para financiar o ato
público.
Para mais informações, coloco
a disposição o meu número de telefone para que os interessados também possam se
engajar. José Dias Neto: (83) 99144-0709.
A Praça João Pessoa foi palco dos grandes comícios
fonte: (Diario do Setão) Coluna de José Dias Neto
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