Nos idos anos 70 e 80, o Bloco do Jaraguá - como bem batizou um dos seus criadores, o folclorista e brincante João de Manezim, era a expressão mais viva possível do nosso folclore e da nossa cultura popular a animar com originalidade e simplicidade, o carnaval de rua de Cajazeiras.
O bloco saindo de sua parentela, partia pelas ruas do Bairro de Capoeiras, no batuque da charanga de João de Manezim e tendo como rei da bateria, o bicho feio do Jaraguá. E seguia num cortejo fantasmagórico; formatando seu trajeto, formados por garotos e garotas que conduziam seus instrumentos de percussão, tocando, fazendo barulhos sob a orientação dos solfejos saídos do apito do mestre João de Manezim. E assim seguiam, desciam a ladeira do Cemitério em direção a marco zero do nosso carnaval, a praça João Pessoa.
Irreverente e hilariante, o Bloco do Jaraguá tinha com alegoria principal, uma espécie de boneco confeccionado por madeira, arame, tecido de chita e com a cabeça sendo uma queixada de um jumento, manipulável, que abria e fechava a estranha mandíbula colorizada, chamando atenção por onde passava, ou espantando a molecada tímida que ficava de olhos esbugalhados nas calçadas, olhando aquela coisa estranha com a sua indumentária exótica e engraçada, provocando risos e alegria por ondo passava.
Nos três dias de folia, o diferencial do carnaval de rua, era o famoso Jaraguá e suas centenas de foliões esfarrapados, arrastados ao som da charanga dos meninos do mestre João de Manezim.
Até então adormecido no seu jazido momesco, eis que reaparece pelas ruas da cidade, o lendário bloco. Quanto a propositura responsável pela sua aparição, há anos no anonimato, para esse carnaval 2017, foi do povo de Cajazeiras que tão bem soube escolher seu representante cultural, o articulador cultural Rivelino Martins, que cresceu, creio eu, vendo nos carnavais passados a performance desse Bloco que fez história, e que contou sua história pelas ruas da velha Cajazeiras de antigamente.
Portanto, Rivelino como bom articulador das atividades culturais na cidade, trouxe para esse carnaval, a chama que embora apagada, por longos anos, permaneceu embasado no respaldo do brincante folclorista João de Manezim, que por sua vez, viu nascer nos anos 50, esse personagem tão original do nosso carnaval.
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