Silvio Osias
O ano era 1977. Eu e Everaldo
Pontes fomos à casa do representante da EMI, em busca do novo LP de
Gonzaguinha, quando ouvi do jovem ator que ele e Luiz Carlos Vasconcelos
estavam ocupando - sim, ocupando! - uma área abandonada por trás da Igreja de
São Francisco e que, ali, fundariam uma escola de teatro.
Foi assim que nasceu a Escola
Piollin. Hoje, o Centro Cultural Piollin, há muito instalado ao lado da Bica,
comemora seus 40 anos.
Posso dar o testemunho porque
sou contemporâneo do nascimento e da consolidação do projeto: a Piollin mexeu
(e também incomodou!) profundamente com a cena cultural paraibana quatro
décadas atrás. E como mexeu!
Havia o trabalho formador de
atores, havia o pequeno teatro, o circo, havia a circulação de público e de
gente que representava as mais diversas áreas da nossa produção cultural. Não
era pouco!
Vimos os irmãos Lira (Soia,
Nanego) crianças, já atuando. E Marcélia Cartaxo. E Eliezer Rolim. Todos, e
tantos outros, participando de um grande encontro anual de teatro feito para
garotos e garotas.
Resultado de um desses
encontros, o espetáculo Os Pirralhos tinha uma força e uma beleza comovedoras.
Vejam a foto. A garota em cena é Soia Lira.
O palhaço criado por Luiz
Carlos a dialogar com a comunidade do Roger. Everaldo Pontes iniciando uma trajetória
que o conduziria dos palcos para o cinema. O cineclube exibindo Nelson Pereira
dos Santos. O show do Grupo Água, do Chile, numa noite mágica e inesquecível.
Tadeu Mathias, Ivan Santos e Firmino a arrebatar o público. Elba Ramalho,
começando, com Ave de Prata.
Logo, a ocupação da área foi
questionada. Patrimônio e Governo entraram em cena e encontraram em Luiz Carlos
Vasconcelos o homem que comandou a luta pela preservação da escola de teatro.
Não era uma causa fácil, porque havia uma ocupação, mas prevaleceu o
entendimento de que era importante manter a Piollin.
A questão foi parar no
gabinete de Eduardo Portella. O intelectual, ministro da Educação do general
Figueiredo, se fez aliado.
O desfecho veio com a
transferência da Piollin para um velho casarão ao lado da Bica. Cobri, como
repórter, a solenidade em que o governador Tarcísio Burity assinou a cessão.
Luiz Carlos estava cheio de sonhos e responsabilidades.
Na nova Piollin, surgiu Vau da
Sarapalha. Nunca vi nada igual!
De todo modo, o Centro
Cultural Piollin está aí, comemorando a marca dos 40 anos.
A luta continua!
postagem publicada: Jornal da Paraíba, Blog do Silvio Osias
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