quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Escola Piollin mexeu com a cena cultural há 40 anos!

Silvio Osias

O ano era 1977. Eu e Everaldo Pontes fomos à casa do representante da EMI, em busca do novo LP de Gonzaguinha, quando ouvi do jovem ator que ele e Luiz Carlos Vasconcelos estavam ocupando - sim, ocupando! - uma área abandonada por trás da Igreja de São Francisco e que, ali, fundariam uma escola de teatro.
Foi assim que nasceu a Escola Piollin. Hoje, o Centro Cultural Piollin, há muito instalado ao lado da Bica, comemora seus 40 anos.
Posso dar o testemunho porque sou contemporâneo do nascimento e da consolidação do projeto: a Piollin mexeu (e também incomodou!) profundamente com a cena cultural paraibana quatro décadas atrás. E como mexeu!
Havia o trabalho formador de atores, havia o pequeno teatro, o circo, havia a circulação de público e de gente que representava as mais diversas áreas da nossa produção cultural. Não era pouco!
Vimos os irmãos Lira (Soia, Nanego) crianças, já atuando. E Marcélia Cartaxo. E Eliezer Rolim. Todos, e tantos outros, participando de um grande encontro anual de teatro feito para garotos e garotas.
Resultado de um desses encontros, o espetáculo Os Pirralhos tinha uma força e uma beleza comovedoras. Vejam a foto. A garota em cena é Soia Lira.


O palhaço criado por Luiz Carlos a dialogar com a comunidade do Roger. Everaldo Pontes iniciando uma trajetória que o conduziria dos palcos para o cinema. O cineclube exibindo Nelson Pereira dos Santos. O show do Grupo Água, do Chile, numa noite mágica e inesquecível. Tadeu Mathias, Ivan Santos e Firmino a arrebatar o público. Elba Ramalho, começando, com Ave de Prata.
Logo, a ocupação da área foi questionada. Patrimônio e Governo entraram em cena e encontraram em Luiz Carlos Vasconcelos o homem que comandou a luta pela preservação da escola de teatro. Não era uma causa fácil, porque havia uma ocupação, mas prevaleceu o entendimento de que era importante manter a Piollin.
A questão foi parar no gabinete de Eduardo Portella. O intelectual, ministro da Educação do general Figueiredo, se fez aliado.
O desfecho veio com a transferência da Piollin para um velho casarão ao lado da Bica. Cobri, como repórter, a solenidade em que o governador Tarcísio Burity assinou a cessão. Luiz Carlos estava cheio de sonhos e responsabilidades.

Na nova Piollin, surgiu Vau da Sarapalha. Nunca vi nada igual!


Com a transferência, o projeto cresceu, mas tenho sempre a impressão de que perdeu algo de sua mística.
De todo modo, o Centro Cultural Piollin está aí, comemorando a marca dos 40 anos.
A luta continua!



postagem publicada: Jornal da Paraíba, Blog do Silvio Osias

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