BRASIL - MUNDO
Brasileiro se destaca em Israel como difusor da música nordestina.
O cantor paraibano, Bá Freyre - Foto: Divulgação
Um
brasileiro está se destacando, em Israel, como difusor de ritmos musicais
nacionais menos conhecidos no exterior, entre eles baião, xote e forró. Apesar
de também tocar, em seus shows, ritmos famosos como samba, Bossa Nova e axé, o
cantor e compositor paraibano Bá Freyre, de 61 anos, não deixa as raízes de
lado apesar de morar em Israel desde 1992.
Daniela
Kresch, correspondente da RFI em Tel Aviv,
Bá,
que tem 11 discos gravados, é um dos únicos músicos brasileiros a privilegiar e
difundir em Israel estilos musicais nordestinos para o público em geral.
Trata-se, segundo ele, de uma bandeira pessoal.
“Eu
me sinto até responsável de ter levantado essa bandeira de universalizar a
música brasileira, que já é conhecida no mundo todo, mas tem um núcleo da
música brasileira que é pouco explorado. O baião era explorado, e é, no Japão,
na Europa, mas na Ásia, aqui... Eu sou um dos precursores, que trouxe esse
estilo para cá”, diz Freyre.
Nascido
em Souza, na Paraíba, José Zilmar de Queiroga Freire, o Bá Freyre, começou cedo
na música em Cajazeiras (PA), onde cresceu depois que sua família se mudou para
a cidade.
Mas
foi em São Paulo, nas décadas de 70 e 80, que participou de festivais da canção
e fez parte da famosa Vanguarda Paulista, movimento cultural que destacou nomes
como Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Tetê Espíndola e Ná Ozzetti.
Membro
da banda Amor Instantâneo, Bá também fez parcerias musicais com nomes como Tom Zé,
Jessé e Zeca Bahia.
Ecletismo
musical
Há
24 anos, se mudou para Israel, onde moram suas duas filhas, e começou a
difundir os ritmos nordestinos, que, para ele, têm muita afinidade com a música
oriental, ou “mizrahi”, como se diz em hebraico.
Em
Israel, esse tipo de música é tradição não só dos árabes-israelenses, mas
também dos judeus “sefaraditas”, originários de países do Oriente Médio e do
Norte da África.
“O
baião vem dessas influências da música árabe e da música francesa. O francês
bebeu dos marroquinos, dos argelinos, da Líbia. Esses ritmos entraram dentro da
música francesa que, quando foi exportada pro mundo, principalmente para o
Brasil, influenciou no nascimento do baião. A mecânica do tempo, ritmo, do
compasso, ela veio de elementos da música árabe”, afirma Bá.
O cantor Bá Freyre, durante um show em Israel - Foto: DR
Nessas
mais de duas décadas em Israel, Bá já tocou com alguns dos maiores nomes da
música local, se apresentando em shows, festas, eventos, em canais de TV e de
rádio. Em todo esse tempo, seus shows com compasso e batuque nordestinos foram
muito bem recebidos pelo público local.
Seu
último trabalho autoral foi o CD “Tudo pela música”, lançado no ano passado com
produção de Roberto Menescal, mas ele já se prepara para a gravação de um novo
álbum.
Dessa
vez, a ideia é inserir em seus baiões compassos e instrumentos da música
“mizrahi”, como por exemplo a “darbuka”, espécie de tambor árabe.
“Eu
trouxe da lá para cá. Agora quero levar daqui para lá. Assim, quero acoplar o
elemento ‘mizrahi’ nas músicas que estou compondo e em outras que já estão
prontas. Quero botar a ‘darbuka’ (tambor árabe) e outros instrumentos coma cor
da música israelense e árabe dentro da minha. Isso vai causar um impacto”,
acredita o cantor e compositor paraibano
Veja melhor a reportagem de Daniela Kresch no site VOZES DO MUNDO
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