Maria Nazareth Lopes (In Memoriam) Crônica publicada em 1983, no Jornal A União
Cajazeiras, o centro da cidade. Hoje está tudo mudado.
Antes que vocês façam um esforço mental, é
SAUDADE o tema deste trabalho – Cajazeiras de ontem. Esse ontem refere-se a
trinta e cinco anos passados.
Não faz tanto tempo, mas tudo era diferente.
Como era tudo tão bom!
O progresso cria coisa boa, mas outras ótimas
ficam no rol das que “já eram”.
Pensávamos como tudo mudou. Vejamos uma síntese
do antigo ano sócio religioso em nossa cidade.
A começar pela Semana Santa: naquele tempo não tínhamos
a igreja catedral e, principalmente, no sábado de aleluia, já pelas quatro horas
da madrugada nos comprimíamos na atual matriz de N. S. de Fátima, de onde saiamos
mais tarde com uma rosa do altar do santo sepulcro.
O carnaval de rua era mais simples, com menos
barulho, mas havia a concorrência entre os clubes 1º e 8º de maio que
desfilavam com suas fantasias e um teria que vencer, mediante os aplausos do
povo que vibrava com esta apresentação.
Durante o mês de maio, a igreja ficava cheia de
gente que, diariamente comparecia às novenas. O altar cada noite se revestia de
mais encanto, porque os responsáveis faziam tudo que pudessem para exaltar
Maria, a Rainha dos Homens. Depois da novena, os fogos de artificio chamavam a
atenção dos mais velhos, enquanto os jovens faziam o seu costumeiro passeio ali
na praça da matriz.
O mês de junho era dos mais animados, pois
festejávamos Santo Antônio, São João e São Pedro. A festa de Santo Antônio, lá
em frente a sua capela, era uma beleza, com o folclore presente na banda de
pífanos (que nós chamávamos banda cabaçá), e os célebres leilões. Eram três
noites de muita alegria.
O São João. Ah, o São João era muito bem
comemorado. Na primeira quarta feira, começavam os ensaios de quadrilhas que se
repetiam todas quartas e sábados que precediam a noite de São João. Havia
prêmios para os homens mais caipira e para mulher que se apresentasse com característica
de matuta. Tivemos até o prazer de receber um desses prêmios. (Como era comum naquele
tampo, a festa tinha seu início às 20 horas e não havia as bebedeiras tão comum
hoje) O Baile de São Pedro, não sei porque era em traje passeio, mas a
quadrilha não faltava.
Vinha A então tradicional festa de agosto. No
dia 5 de agosto, havia o hasteamento da bandeira da paróquia, seguindo-se nove
noites de quermesses, com dois partidos, numa competição entusiástica que
contagiava todos. No dia do Estudante, 11 de agosto, saímos da igreja, em passeios
cantando o nosso hino do Estudante até o local das barracas, onde o Estudante ara
o homenageado da noite.
Natal e Ano Novo hoje, ainda se assemelham
muito ao do no passo tempo. Havia os mesmos passeios do povo da cidade e dos
sítios, pelos mesmos locais, com a Missa do Galo, no Ano Novo, o Réveillon,
despertando para novos dias.
E, com estas recordações, quisemos não só mudar
um pouco a norma das crônicas, mas, principalmente, informar a geração de hoje
sobre Cajazeiras de ontem e, reavivar algumas, ou, quem sabe, grande saudade no
coração de muita gente.
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