Rádio Alto Piranhas (1ª parte)
F r a n c e l i n o S o a r e s
Na
Coluna anterior, já lhes falei do meu regresso a Cajazeiras, em 1963, quando
passei a atuar nas atividades de professor e funcionário do antigo DCT –
Departamento de Correios e Telégrafos. Mas, tudo foi apenas um pretexto para
adentrar às atividades radiofônicas, que desempenhei tanto da DRC – Difusora
Rádio Cajazeiras – em 1964, nos tempos saudosos de Mozart e Adegildes, como na
agora cinquentenária Rádio Alto Piranhas, em 1966.
Que
me perdoem os meus leitores, se hoje estarei sendo um pouco mais saudosista.
Mas, já lhes disse, aqui mesmo, que esta é a filosofia e o objetivo precípuo
desta Coluna: trazer a vocês lembranças remissivas de um passado enraizado, mas
que, eu temo, vá se esvaziando com o passar do tempo, ou como o nosso passar
pelo tempo. Afinal, quem, porventura, não se recorda dos dias idos e vividos
nesta longa caminhada pelos caminhos da vida!…
Antigo estúdio da Rádio Alto Piranhas, na Rua Victor Jurema, hoje Lar Sacerdotal.
O veículo da foto é a famosa Rural Willys verde, do padre Loureiro.
Não
me quero fazer de personagem dessa história, apenas eu estou lançando mão, como
disse antes, de um motivo plausível para lhes falar da nossa cinquentenária
RAP, hoje de pé e firme em sua caminhada para novos cinquenta anos e
modernizando-se cada vez mais. Foi numa
manhã, ao raiar do ano de 1966, que colocamos a emissora no ar. Eram 5:30 h
quando, ao som da música “Luar do Sertão”, foi lido por Zenildo Alcântara o
“termo de abertura” da Alto Piranhas.
O
texto, se não me falha a memória, foi escrito por Dom Zacarias, e estávamos
presentes no estúdio, ainda na Rua Victor Jurema, os padres Vicente e Loureiro,
além deste que lhes escreve, diretor de programação, como era classificada a
função que eu exercia.
Lembro-me
bem de que, na noite anterior, tinha havido um baile nos salões do Tênis Clube,
e os notívagos daquela festa vieram concluí-la na frente da emissora, o que
serviu de bom alvitre, como se fosse o apoio que estávamos recebendo da
comunidade. Desejo, nesta Coluna, prestar as minhas mais gratas homenagens
àqueles que, talvez, tenham sido esquecidos pelos registros oficias.
Assim
é que, a começar pelos programas líderes de audiência, mesmo sem pesquisa do
IBOPE, tivemos “No Terreiro da Fazenda”, apresentado sempre das 17:00 às 18:00
h, com a tarimba de Aragão Júnior; O “Correio Musical”, apresentado por Vilmar
Lima, sob o patrocínio de Jota Claudino, em duas edições: das 9:00 às 10:00 h e
das 15:00 às 16:00 h; Paulo Saraiva, com o seu vozeirão, entrava das 20:00 às
21:00 h, logo após a “Hora do Brasil” e mantinha a audiência fechada;
modestamente, eu entrava das 14:00 às 15:00 h, com os sucessos da jovem guarda,
no programa “Os Brotos Comandam” que, dizem ainda hoje, também mantinha
audiência fechada, sendo o programa que introduziu, na época e em toda a
região, o atendimento aos ouvintes, por telefone, tornando-se uma espécie de
coqueluche… Tocavam-se Roberto Carlos, Renato e Seus Blue Caps, Erasmo,
Wanderleia, Demetrius, Wanderley Cardoso, Nílton César, Martinha, além dos
consagrados astros internacionais: The Beatles, Rolling Stones, Nico Fidenco,
Alain Barrière, Charles Aznavour, Gilbert Bécaud, Pepino de Capri, Rita Pavoni,
Trini Lopez e tantos outros. O patrocínio, lembro bem, era da Camisaria
Nogueira, que ditava a moda juvenil na cidade.
Claro
que não se pode esquecer do “Correspondente Willys”, com redação nossa e apresentação
do sempre presente, Zenildo Alcântara que, estivesse onde estivesse, “corria”
para os estúdios para apresentar o noticiário patrocinado por Cavalcanti &
Primo, e que ia ao ar de hora em hora, com notícias captadas e “copydescadas”,
diretamente das emissoras do Sul, através de um potente rádio Transglobe, da
Philco. Funcionava assim: por uma questão de reserva de direitos, eu ouvia as
notícias do “Sul maravilha” e do mundo todo, dando a elas uma nova redação,
para não ferir a legislação vigente. Estávamos, por meio desse processo, sempre
antenados com o Brasil e com o mundo, havendo acompanhado, pari passu, a
“Guerra dos Seis Dias”, ocorrida em Israel e no Oriente Médio e brilhantemente
vencida pelas tropas de Jerusalém, sob o comando de Moshe Dayan. Não perdíamos
nada… (Continua na próxima Coluna)
Antigo
estúdio da Rádio Alto Piranhas, na Rua Victor Jurema, hoje Lar Sacerdotal. O
veículo da foto é a famosa Rural Willys verde, do padre Loureiro.
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