sábado, 7 de maio de 2016

Veja como foi o último dia de exibição de filmes no Cine Éden, nesse texto escrito pela Jornalista Mariana Moreira e publicado no Jornal "A União", do dia 14 de julho (Domingo) de 1985; Página 12 - Municípios. A quase, 31 anos atrás.



O Ocaso do Cine Éden
Mariana Moreira

Em matéria veiculada pelo Jornal A UNIÃO, em sua edição do dia 21 de outubro de 1984, sobre o título “Cinema em Cajazeiras: A Crise Ameaça uma Tradição”, alertava para no sério problema enfrentado pelos cinemas cajazeirense, onde a concorrência, até certo ponto desleal, da televisão estava roubando o público e ameaçando de fechamento tradicionais casas de exibição, cujas vidas se misturam e se confundem com a própria história da cidade.

E a previsão acontece. Hoje o Cine Éden, com mais de 50 anos de existência, fecha suas portas para o público e encerra uma história de vidas e de sonhos. Fundado em 1935, por José Lira, que decide criar em Cajazeiras um espaço requintado onde a população tivesse acesso aos filmes sonoros, que por essas bandas representava novidade e sofisticação o Cine Éden, instalado no Edifício OK, na época o que de mais moderno existia em construção na cidade, não suportou os altos custos da exibição cinematográfica no interior, aposenta seus projetores.

E a Televisão? Que culpa tem esse aparelho instalado no conforto de nossas casas com o fechamento do Cine Éden? Pode parecer lugar comum. Mas não é a Televisão pelo leque de opções que oferece, além de garantir a comodidade de se estar em casa, sem o desconforto de se deslocar até o cinema, arcando também com o preço do ingresso, desponta como fator primordial para que os cinemas, não apenas em Cajazeiras, mas em todo o país, não resistem as salas vazias.

Com isso vão desaparecendo de nosso cenário as casas de exibição onde, outrora, os casais de namorados sonhavam ao som dos musicais hollywoodianos e dos filmes românticos de Greta Garbo, Clark Gable, Vivian Lin, na ilusão de “E O Vento Levou”, ousando paqueras mais arrojadas como pegar na mão da namorada ou roubar um beijo rápido na boca, na penumbra da luz azulada refletida da tela.

O Cine Éden está fechado. A vendedora de bombons velará sua banca para outras paradas. Os cartazes não mais anunciarão a próxima grande estreia. Não mais veremos o atrasado Jornal do Canal 100 de Carlos Niemayer. Estaremos órfão de uma opção de lazer e cultura A subvenção oficial para salvar o cinema não veio. Um espaço ficará ocioso na área central da cidade.  Poderia ser aproveitada para exibições cinematográficas, palestras, debates, conferencias, etc., bastando que uma entidade oficial como a Universidade Federal da Paraíba ou o Governo do Estado, através da Secretaria de Cultura encampasse a ideia.

Mas nada disso acontece. Afinal, nesse país cultura é mercadoria supérflua e aos homens é negado o direito de pensar.  



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