Veja como foi o
último dia de exibição de filmes no Cine Éden, nesse texto escrito pela
Jornalista Mariana Moreira e publicado no Jornal "A União", do dia 14 de julho (Domingo) de 1985; Página
12 - Municípios. A quase, 31 anos atrás.
O Ocaso do Cine Éden
Mariana Moreira
Em matéria
veiculada pelo Jornal A UNIÃO, em sua edição do dia 21 de outubro de 1984,
sobre o título “Cinema em Cajazeiras: A Crise Ameaça uma Tradição”, alertava
para no sério problema enfrentado pelos cinemas cajazeirense, onde a
concorrência, até certo ponto desleal, da televisão estava roubando o público e
ameaçando de fechamento tradicionais casas de exibição, cujas vidas se misturam
e se confundem com a própria história da cidade.
E a previsão
acontece. Hoje o Cine Éden, com mais de 50 anos de existência, fecha suas
portas para o público e encerra uma história de vidas e de sonhos. Fundado em
1935, por José Lira, que decide criar em Cajazeiras um espaço requintado onde a
população tivesse acesso aos filmes sonoros, que por essas bandas representava
novidade e sofisticação o Cine Éden, instalado no Edifício OK, na época o que
de mais moderno existia em construção na cidade, não suportou os altos custos
da exibição cinematográfica no interior, aposenta seus projetores.
E a Televisão?
Que culpa tem esse aparelho instalado no conforto de nossas casas com o
fechamento do Cine Éden? Pode parecer lugar comum. Mas não é a Televisão pelo
leque de opções que oferece, além de garantir a comodidade de se estar em casa,
sem o desconforto de se deslocar até o cinema, arcando também com o preço do
ingresso, desponta como fator primordial para que os cinemas, não apenas em
Cajazeiras, mas em todo o país, não resistem as salas vazias.
Com isso vão
desaparecendo de nosso cenário as casas de exibição onde, outrora, os casais de
namorados sonhavam ao som dos musicais hollywoodianos e dos filmes românticos
de Greta Garbo, Clark Gable, Vivian Lin, na ilusão de “E O Vento Levou”,
ousando paqueras mais arrojadas como pegar na mão da namorada ou roubar um
beijo rápido na boca, na penumbra da luz azulada refletida da tela.
O Cine Éden está
fechado. A vendedora de bombons velará sua banca para outras paradas. Os
cartazes não mais anunciarão a próxima grande estreia. Não mais veremos o
atrasado Jornal do Canal 100 de Carlos Niemayer. Estaremos órfão de uma opção
de lazer e cultura A subvenção oficial para salvar o cinema não veio. Um espaço
ficará ocioso na área central da cidade.
Poderia ser aproveitada para exibições cinematográficas, palestras,
debates, conferencias, etc., bastando que uma entidade oficial como a
Universidade Federal da Paraíba ou o Governo do Estado, através da Secretaria
de Cultura encampasse a ideia.
Mas nada disso
acontece. Afinal, nesse país cultura é mercadoria supérflua e aos homens é
negado o direito de pensar.
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