quinta-feira, 26 de maio de 2016

AQUELA CASA DA PRAÇA DA MATRIZ


Francelino Soares


Diz um aforismo bastante conhecido: “Dize-me com quem andas, e te direi quem és”. Outro, bastante conhecido fala que “Por trás de um grande homem, há sempre uma grande mulher”. A estes, eu acrescentaria um terceiro, de minha própria lavra, e que tem muito a ver com a Coluna de hoje: Dize-me onde moras, e eu te direi quem és.

Segundo o meu raciocínio, este último tem tudo a ver com a preservação do patrimônio urbano de nossa cidade, que vai, aos poucos, desaparecendo. Não é apenas saudosismo: é o desejo de manutenção de certas habitações que, num passado recente, nos conduzia a associá-las aos seus proprietários.

Habituamo-nos a associar o habitat aos seus respectivos moradores. Assim é que nos é impossível contemplarmos a residência constante da ilustração da Coluna de hoje, sem associá-la ao casal Romualdo Braga Rolim, sua esposa Nerita (in memoriam) e aos seus filhos Suely e Sóricles. Romualdo, hoje já quase centenário, mostra-se ainda com todo o vigor, desfrutando, na Capital do Estado, daquilo que construiu ao longo de sua existência em nossa cidade. Sempre cuidadoso com Suely e com as netas – Márcia, advogada; Virgínia, odontóloga; e Marina, advogada – Romualdo se faz presente aos eventos que dizem respeito à sua cidade berço.

Em Cajazeiras, é reconhecido hoje como um cidadão que, sem se envolver em querelas políticas, sem disputar cargos eletivos, muito fez pelo progresso social e econômico da cidade e da região. Assim é que se dedicou a transações e intermediações que envolviam a compra e venda de algodão, enquanto o chamado “ouro branco” agitava a economia interiorana. Havia, então, na cidade, grandes firmas que se dedicavam a esta atividade: a SANBRA – Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro – e a CLAYTON – Anderson Clayton & Co. –, sendo que com esta última é que Romualdo movimentava a sua atividade comercial. Mas, foi no setor da construção civil que a firma Construtora Rolim, uma parceria dele com Otacílio Campos, impulsionou o desenvolvimento urbano da região, mormente com a construção de estradas de rodagem. Posteriormente, estabeleceu a sua firma na Capital do Estado, tendo prestado relevantes serviços na sua área por toda a Paraíba.

Os leitores, sobretudo os ausentes da cidade, certamente se lembrarão de sua majestosa residência, localizada na chamada Praça da Matriz, ainda hoje conservada como nos idos dos anos 60. Para isto, Romualdo insiste em conservá-la incólume e bela, deslumbrando as lembranças dos que a contemplam.

Que outros conterrâneos, independentemente da existência de um órgão que gerencie a conservação de prédios representativos da cidade, sigam o seu exemplo: não deixem que o progresso apague das gerações futuras o passado arquitetônico da nossa urbe. (Sim, para vaidade minha, no último encontro que mantivemos, lembrou-me Romualdo que foi o meu genitor, mestre José Soares, que a construiu).



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