A lembrança
de ambientes, ruas e locais com os quais convivemos noutros tempos idos e
vividos, num passado não tão distante, é tão presente quanto a convivência com
aqueles que são nossos contemporâneos. Assim é que, por exemplo, prédios,
casas, quiosques e calçadas que nos povoam a memória são tão importantes,
sobretudo para nós, os “exilados”, como Zé Antônio nos classificou, a nós que
vivemos fora da “terrinha”, mas que trazemos o solo natal presente em todos os
momentos. Visualizamos habitats mais
antigos e pensamos em quantos ali nasceram, quantos amores foram ali vividos e
quantas amizades se construíram…
Não vejo
razão plausível para que tantos ambientes não sejam preservados, senão pelos
familiares, que o sejam, pelo menos, pelos seus herdeiros. Já não falamos no
poder público, porque, certamente, o IPHAEP/PB não dispõe de meios para
controlar o boom imobiliário que também
chegou galopante à nossa terra. Tais considerações vêm a respeito de notícia
transmitida pela mídia, dando-nos conta do acidente que vitimou motorista e
passageiros de uma van que fazia a
linha Icó-Cajazeiras. Não sei por que, vendo as imagens do acidente, veio-me à
memória o imóvel da ilustração de hoje, como se ali tivesse sido o tal
desastre.
A este
propósito, esta casa, que fica na confluência da antiga Rua Sebastião Bandeira
(Rua dos Dez Chalés) com a Rua Pedro Américo – próxima de antigas residências
de alguns amigos meus, como Zé de Moça, Donato Braga, Agamenon Holanda, César
Nogueira Rolim (em cuja casa, posteriormente, residiu Arcanjo
Albuquerque, e já bem próxima da antiga Delegacia de Polícia) – pertencia a uma
família cuja origem não lhes sei dizer, mas que possuía uma mercearia
fronteiriça da residência e que era comandada por um “conhecido” nosso que era
deficiente auditivo. Era por aí o nosso caminho em busca do Grêmio Artístico
Pedro Américo, onde estudávamos.
A primeira
vez que a vi foi por volta dos anos 1944/1945. O fato é que há pouco tempo –
2014/2015 – foi a última vez que a vi, mas ela continua ali, intacta e incólume,
sem que ninguém apareça para restaurá-lo, objetivando a sua conservação. Por
que assim acontece? E, como esta, existem, em nossa terra, muitos outros
imóveis. Que não deixemos que os símbolos de dias que se foram se apaguem de
nossa memória e que não sejam apenas lembranças que se foram…
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