O DISTRITO DE
ENGENHEIRO ÁVIDOS E A CONSTRUÇÃO DA CAPELA DE NOSSA SENHORA APARECIDA
por: José Antonio de Albuquerque
O reinicio da construção do Açude Piranhas, em 20 junho de 1932, sendo o engenheiro Silvio Aderne, pertencente aos quadros do IFOCS – Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas, foi causa rápida do aumento da população do povoado e várias iniciativas foram tomadas para atender os desejos e necessidades do povo.
Além do hospital e do cemitério,
construídos em função da epidemia de 1932, Dona Celina Aderne, esposa do
Engenheiro responsável pela obra, Silvio Aderne, encetou uma campanha para a
construção de uma capela neste mesmo ano.
Conseguiu com a firma todo o material,
além dos operários, mestres de obras, pedreiros e o responsável pela construção
do altar foi o marceneiro Zé Cabral.
Dona Celina cotizava os operários que
tinham melhores salários, os comerciantes e os proprietários de terras para
ajudar a comprar o que faltava no almoxarifado da Inspetoria.
O terreno para a construção foi doado
pela família Coura e ainda hoje a igreja usufrui as rendas deste terreno, do
que sobrou para construir a capela que pertence ao patrimônio, através de foros
e laudêmios.
Não se tem conhecimento de quem foi a
iniciativa para ser Nossa Senhora Aparecida como padroeira da capela e no dia
da chegada da imagem da Santa todos os carros que trabalhavam na construção,
além dos demais carros pertencentes a particulares fizeram um grande
acompanhamento e uma enorme festa com a participação do povo foi realizada.
O sino doado pela Inspetoria, que foi
retirado da cafuringa, nome dado ao trem que transportava pedras para a
construção do Açude, ainda hoje é o mesmo que badala para chamar os fiéis para
as celebrações religiosas e principalmente para anunciar o falecimento de
alguém da comunidade.
No ano da conclusão do açude, em 1936, a
capela foi alvo de uma das maiores manifestações de fé e religiosidade do povo
do Distrito, quando foi celebrada a primeira Missão, celebrada por Frei Damião,
que além de atrair toda a comunidade, vieram muitos católicos de outros
municípios.
Frei Damião voltou outras vezes ao Distrito
para celebrar missões e era uma das áreas da Diocese de Cajazeiras, que sempre
freqüentava, mesmo vindo fazer pregações em outras paróquias da cidade visitava
a Vila onde foi sempre muito bem acolhido por sua população e era comum fazer
visitas aos sítios vizinhos da vila.
Esta capela tem um significado muito
importante na vida de nossa família: foi nela que foi celebrado o casamento de
meus pais, Arcanjo e Mãezinha, no ano de 1945, por Monsenhor Abdon Pereira e
foi nela que no ano de 1946 eu fui batizado pelo padre José Linhares e aonde
também, em 1955, fiz minha primeira comunhão.
Alguns fatos relacionados a esta capela
nunca os esqueci e os guardo com muito carinho nas minhas lembranças: quando
das celebrações noturnas eu era escalado para retirar todos os sapos, a bico de
sapato, do patamar da igreja por que as mulheres tinham muito medo deles.
Depois da missão cumprida fazia o que mais gostava: tocar o sino para avisar ao
povo que a novena ia começar. O repicar do sino fazia eco no boqueirão da serra
e para quem teve a oportunidade de trabalhar na construção do açude, a exemplo
de meu pai, e de muitos outros habitantes da Vila, deveriam se lembrar da velha
cafuringa, soltando fumaça pelas ventas, com suas caçambas carregadas de pedras
e o maquinista tocando o sino anunciando a sua chegada.
Por quem este sino dobra? Dobra,
principalmente, pelos muitos operários que morreram na construção do açude que
hoje mata, com as águas do Rio Piranhas aprisionadas, a sede dos cajazeirenses.
fonte: coisa de cajazeiras
Que riqueza de história. Muito obrigado, nesta capelo eu fui batizado e crismado por Frei Damião. Amo muito esse lugar.
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