José Antônio de Albuquerque
Em 1910, o governo reconhece a necessidade
de se construir no Nordeste grandes barragens e em 1921, uma empresa americana,
Dwigtht P. Robinson, especializada em engenharia de açudes e barragens deu início,
além de outras, a de Boqueirão de Piranhas.
Os trabalhos
foram paralisados em 1925, no governo do presidente Arthur Bernardes, e todo o
material e instalações mecânicas foram abandonadas e relegadas pela incúria do
governo federal.
Em 1932, graças
à atuação de José Américo de Almeida, Ministro de Viação e Obras Públicas, os
trabalhos foram reiniciados sob supervisão técnica do engenheiro Lauro de Mello
Andrade, que logo depois do início da construção, adoeceu e teve como
substituto o engenheiro Moacyr Monteiro Ávidos, falecido em 15 de dezembro de
1932, vitimado pelo surto de tifo disentérico que grassava no acampamento, que
ceifou milhares de vida no malfadado ano de 1932. Coube ao engenheiro Silvio
Aderne concluir a construção, por quatro anos seguidos.
José Américo de Almeida, em A PARAÍBA E
SEUS PROBLEMAS, escreve: “nunca
haverei de esquecer esse esforço fecundo que inova, como por encanto a terra
malsinada. Em Piranhas, mais de mil homens formigavam, azafamados, num recanto,
onde um ano antes, não se encontrava vivalma. Florescia o povoado nascente em
condições que já rivalizavam com algumas das mais antigas vilas sertanejas.
Além de trinta casas construídas para o pessoal e operários incrementavam-se,
dia a dia, a edificação particular. O comércio medrava aos surtos, funcionava
uma escola e abriram-se casas de diversão, por iniciativa particular”.
Em 18 de
setembro de 1936, foram concluídos os trabalhos de construção do açude Piranhas
e sua inauguração ocorreu, com muita festa no dia 30 de novembro deste mesmo
ano, com a presença do governador Argemiro de Figueiredo e do jornalista Assis
Chateaubriand.
Com a construção
do açude, em torno dele foi adquirida certa estrutura urbana, o que permitiu
que parte da população se organizasse em outras atividades, ligada ao comércio,
à agricultura e à piscicultura.
Com esta
estrutura urbana, o povoado conquistou o predicado de vila, como sede do
Distrito de Engenheiro Ávidos, criado pelo Decreto 1.010, de 30 de março de
1938.
Durante a
construção dos Açudes de Piranhas, Pilões e São Gonçalo havia uma movimentação
muito grande em Cajazeiras: os americanos não tinham pena de gastar dinheiro,
com suas esposas e principalmente com as suas amantes. Os fartos dólares eram
trocados em Fortaleza por mil-réis e davam pra tudo, inclusive para bebedeiras
e farras nos cabarés.
A quantidade de
dinheiro que circulava com a construção do açude, inevitavelmente, atraíram as
mulheres de vida livre e houve que se interessasse de construir ruas de casas
onde funcionou o baixo meretrício e uma das mulheres que mais se destacou neste
período foi uma conhecida por Chica Viola, dizem que este apelido era por ser
bela e bem-feita e tinha o corpo tipo violão.
Chica Viola e
outra bela mulher se dirigia para a construção do açude e subiam a escada de
uma torre e dentro de uma caçamba tiravam a roupa e olhando para os operários
cantavam lindas canções e faziam propaganda do produto que tinha para vender. À
noite era certeza de casa cheia, ao som do fole de oito baixos de João Gringo,
que residia em uma casa no que é hoje o Sitio Coxos.
A história dos
meretrícios de Boqueirão se prolongou, mesmo depois do término do açude, mas há
testemunhos que muitas destas mulheres morreram de doenças venéreas, naquele
tempo a medicina era muito atrasada e a falta de medicamentos e de médicos
causou muitas vítimas. Este e outros fatos levaram à construção de um Hospital
em Boqueirão.
Uma bela mulher
foi a causa da morte de um americano, com tiro de rifle, na meia noite do dia
25 de fevereiro de 1922, cujo relato será um dos capítulos da história do
Distrito de Engenheiro Ávidos.
fonte: coisa de cajazeiras
2 comentários:
Prezado José Antonio.
Gostaria de entrar em contato com o senhor, principalmente para saber se o senhor tem cópia do Decreto nº 1010, de 30/03/1938. que criou a Vila de Engenheiro Avidos, ao qual o senhor se referiu em “Coisas de Cajazeiras”.
Atenciosamente,
Cornélio Ferreira da Cruz - Historiador
Site: www.cofecruz.com.br
E-mail: cofecruz@gmail.com
Cel. 99995-1847
PATOS (PB)
Presado Cornélio Ferreira da Cruz. Encaminhei sua solicitação de contato para o professor José Antônio de Albuquerque. Para ajudar no seu contato com o mesmo, aí vai o link do Facebook do prof. José Antônio.
https://www.facebook.com/joseantonio.albuquerque.10
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