O grupo paraibano de teatro de rua QUEM TEM BOCA É PRA GRITAR, abre dia 02/10 próximo, às 20h, na
Praça Nossa Senhora de Fátima - a Praça da Cultura, a versão 2015 da Mostra Internacional de
Teatro. Sobre o trabalho grupo, seus objetivos e sua identidade, escreveu
Rosyane Trotta:
“Desde que se decidiu
pelo teatro de rua, o grupo Quem
Tem Boca é Pra Gritar sentiu a necessidade de estabelecer um acampo
de pesquisa capaz de fornecer material para seu crescimento, objetivo para o
trabalho ou, como eles dizem, “um fio para puxar”. Por se tratar de um grupo,
uma proposta de continuidade, este fio precisava alimentar não um único
espetáculo, mas um teatro, englobando tudo o que há entre um ensaio e uma
apresentação, um texto e uma linguagem.
A trajetória do grupo mostra uma
coerência estética orientada pelo enraizamento cultural e pela pesquisa que os
atores empreendem no campo da interpretação. Os elementos culturais que os
circundam são estudos produzidos em ritmo, corpo e jogo teatral. A continuidade
deste processo de assimilação criativa fez com que o grupo formasse uma espécie
de lente pela qual olha e aborda todas as influências externas.
Muitos desses
elementos estavam presentes na memória dos atores, em sua formação. Humberto
Lopes lembra da mala que onde a avó alimentava e mantinha duas cobras pretas,
protetoras da casa contra as cobras venenosas e contra os ratos. Quando uma
mulher da família estava amamentando, a avó fechava a mala a noite porque,
segundo ela, as cobras gostavam do leite e havia casos em que iam mamar nas
mulheres.
Imagem do Espetáculo Cacão, Malazarte e Trupizupe
Pesquisando as festas populares, o grupo de deparou com um material
vasto e nem sempre acessível. Indo em vilas mais distantes, procurando as
origens dos rituais, descobriu que o xaxado nasceu da lavoura quando, com a
enxada, os camponeses ‘xaxavam’ o feijão: com um dos pés afastavam o mato para
um lado e depois para p outro, cortando rente ao broto.
A pesquisa, em sala de
trabalho, se concentrou nos ritmos e na postura física. O deslocamento do eixo
do corpo no coco de roda, nos guerreiros de maracatu, no mestre de pista, na
argolinha, as nuances rítmicas do xaxado, do xote, do baião, que têm como base
o forró, dançado no chão de terra batida com tronco até o dia amanhecer.
Em
todas estas veredas, o Quem Tem Boca é Pra Gritar não está em busca nem de um resgate
cultural nem de uma técnica de interpretação. O que o grupo tem como objetivo
pode ser chamado de ‘verdade’, que para os atores não significa ilusão, mas,
antes, identidade. ”
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CORREÇÃO: Por motivos de mudanças na programação de Mostra Internacional de Teatro, as informações contidas no inicio desta postagem, de que o grupo "QUEM TEM BOCA É PRA GRITAR" faria apresentação dia 02/10, na Praça Nossa Senhora de Fátima, passa a ser desconsiderada. Quem fará a apresentação no lugar do grupo sitado é o Grupo de Teatro Oficina, de Sousa, com o Espetáculo "Do Paraíso ao Pindorama", às 18h, na Praça Nossa Senhora de Fátima.
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