por Cleudimar Ferreira
Moreno quando era integrante do bando de Lampião
Outra imagem de Moreno |
Na história
recente, Cajazeiras não foi, nem pareceu ser muito, uma daquelas cidadezinhas no interior do Nordeste que nas primeiras décadas do século XX, teve costumeiramente o seu
nome marcado como um entreposto para ações delituosas de grupos de cangaceiros.
Fora a frustrada
investida do seu ex-inquilino - o lugar-tenente de Lampião, Sabino Gomes de Gois,
em 28 de setembro de 1926; ação essa, interpelada bravamente pela força de sua população ou os rumores baseados na oralidade, da circulação de personagens como Lampião e Luiz Padre pelos Sítios Cipó e Baixa Grande, na região da Catingueira, atual cidade Cachoeira dos Índios - que no passado pertenceu ao município de Cajazeiras.
Fora isso, o
que restou para complementar a sua passagem por esse ciclo, talvez nem tenha tanta relação com essa prática, mas mereceu destaque. Além disso, marcou também outros fatos, que não tão muito importantes, se em resume em apenas
algumas isoladas emboscadas pelas suas cercanias. Muitas dessas, sem a
consumação do ato ou outras, esporádicas, com sucesso; como foi a emboscada que produziu a
morte do Coronel Manoel Gonçalves Dias, no Sítio Catolé dos Mangueiras.
Ademais, somente rumores produzidos pela imaginação visionária do seu povo, que dormindo
com o medo e a expectativa de ataques de bandos de cangaceiros, alimentava os
boatos pela cidade, que visitante esse, visitante aquele, estava ou esteve
rondando pela sua zona rural, saqueando, causando prejuízos a donos de terras e
fazendeiros. Se bem que o próprio Sabino, na sua condição de residente na
cidade e antes de entrar no cangaço, tinha dúbia personalidade. Pelas ruas de
Cajazeiras ele parecia ser um cidadão comum, mas pelas terras e sítios que rodeavam a
cidade naqueles idos de 22 a 24, ele se vestia de malfeitor e afrontava, extorquia e vivia no obscurantismo da lei, a desafiar a paciência das autoridades constituídas do município. Fora isso, o que restou para
ser contado, a história ainda não revelou.
Entretanto,
como a pesquisa me parece ser um instrumento mais preciso para se chegar a
história, há fatos na história social cajazeirense desse período, que talvez ainda não foram revelados. Se foram, também não foram bem esclarecidos e que precisam serem investigados com mais profundidades pelos nossos
historiadores. Um desses, foi a passagem pela cidade de Antônio Ignácio da Silva, de alcunha por “Moreno”, que se tornaria mais tarde um dos mais destacados cangaceiros do bando de Lampião.
A direita, da foto - Antiga cadeia da cidade, onde talvez Moreno ficou preso.
Natural de Tacaratu/PE, onde nasceu em 01 de novembro de 1909, Moreno,
chegou à Cajazeiras, após ter fugido às pressas de Brejo do Santo/CE, onde
havia se envolvido em confusão e ter cometido várias mortes. Saindo daquela
cidade cearense onde vivia com a família, ele acabou desembarcando em Missão Velha/CE, onde pretendia realizar
um sonho antigo que era seguir a carreira de policial. Como isso não foi
possível ser realizado, pois ainda era menor de idade, ele deixou Missão Velha,
e partiu sem rumo e sem direção, entrou no Estado Paraíba, chegando até
Cajazeiras.
Em Cajazeiras,
nos primeiros dias de sua estadia, Moreno passou a ser visto e tratado pelos seus habitantes, como um estranho, pois não se sabia de onde via, para onde o mesmo
ia; se estava de passagem ou se veio para ficar; se morava, se tinha algum
parente morando na cidade. Essas dúvidas, fez as autoridades da terra do Padre Rolim,
desconfiar de suas intenções e do seu real caráter. Por essas razões, acabou
sendo preso para averiguações e por ter sido confundido pela polícia com outro
temido cangaceiro - o “Volta Seca”, pertencente na época ao bando de Lampião.
Cangaceiro "Volta Seca" |
Quando tudo
parecia correr bem, um fato inesperado envolvendo Moreno aconteceu nessa fazenda, fazendo com que ele, por circunstâncias da confusão que foi gerada, colocasse um pé dentro do Cangaço. É que após um desentendimento com um casal
de trabalhadores da referida fazenda; motivado por um “fuxico” que envolveu uma sobrinha
do seu patrão, Moreno cometeu um crime, gravando uma faca no peito do seu
desafeto, que morreu de imediato no local. Moreno, "acuado", foge para o Estado de Pernambuco e de lá para Sergipe, onde anos
depois acabou entrando definitivamente no cangaço - no Bando chefiado por Virgulino Ferreira da Silva - Lampião.
Moreno - Foto da Carteira de Trabalho
Moreno com 99 anos, antes de sua morte em 2010.
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fontes:
Blog do Mendes.
https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/regiao/morre-cangaceiro-moreno-aos-100-anos-1.499997
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