10 de Julho: dia da cidade de Cajazeiras, um data esquecida.
Escreveu: José Antonio de Albuquerque
Colégio Diocesano e Catedral Nossa S. da Piedade - Imagens: Cavalcante Junior
A cidade de Cajazeiras completa hoje 10 de julho, 139 anos da elevação da Vila de Cajazeiras à categoria de cidade. Infelizmente uma data esquecida e não comemorada pelos cajazeirenses.
Quando chegaram os primeiros
povoadores à região do que seria o futuro município de Cajazeiras, em quase
todo o Sertão já havia habitantes. Vital de Sousa Rolim e Ana Francisca de
Albuquerque (Mãe Aninha), uniram-se em matrimônio. A união destas duas famílias
deu origem ao povoamento de Cajazeiras. Começava o núcleo que faria o
desenvolvimento da cidade. A Fazenda das Cajazeiras, se constituiu através de
uma doação de Luís Gomes de Albuquerque quando do casamento de sua filha Ana,
com Vital de Sousa Rolim. Em frente à casa da fazenda, Mãe Aninha ergueu um
oratório dedicado à Nossa Senhora da Piedade, onde costumava rezar e assistir
as celebrações feitas pelo filho Inácio Rolim - o padre virtuoso e santo que
soube conduzir a cidade para um grande crescimento, para um futuro promissor.
O Padre Rolim, em 1825, retornou de
Olinda - Pernambuco, ordenado, e a partir de então, dedicou-se de corpo e alma
ao magistério. Fundou o Colégio. As datas da fundação são divergentes: teria
sido em 1837? Ou 1839? Ou ainda em 1843? O seu trabalho como educador
projeta-se por todo o Nordeste. Após o falecimento do Padre, o Colégio
continuou a viver. E se constitui num dos mais tradicionais e importantes da
cidade. Infelizmente teve suas atividades paralisadas e mais uma vez foi fechado.
O Oratório de Nossa Senhora da
Piedade, passou a dignidade canônica de Capela e em 29 de agosto de 1859,
através da Lei Provincial n.º 5, foi criada a Paróquia de Nossa Senhora da
Piedade, sancionada pelo Presidente da Província Paraibana Ambrósio Leitão da
Cunha. Instalada a Paróquia, o seu primeiro vigário foi o Padre José Tomaz de
Albuquerque.
Criada a Paróquia o povo de
Cajazeiras começou a ganhar expressão política.
O povoado de Cajazeiras se
desenvolvia. Já tinha o Distrito representante junto à Câmara Municipal de
Sousa. Foi da iniciativa de Vital Rolim (neto de mãe Aninha e Vital) instalar a
20 de junho de 1864, o município de Cajazeiras, já criado através da Lei
Provincial de nº 92, de 23 de novembro de 1863, cuja Câmara Municipal, instalada
no mesmo dia, sob a presidência do Padre José Tomaz de Albuquerque, que já fora
o primeiro vigário.
Cajazeiras deve a sua independência
política ao Deputado Provincial, do partido Liberal, representante de Piancó,
Dr. João Leite Ferreira. Em sessão de 27 de outubro de 1863, apresentou um
projeto de lei que recebeu o número 23. Após debates, teve a sua primeira
votação em 10 de novembro de 1863. Em sessão, no dia 13 de novembro subiu à
sanção do Presidente da Província Dr. Francisco de Araújo Lima. Cajazeiras foi
elevada à categoria de Vila e sede do município. Passou 12 anos como Vila. Mas
neste pequeno período a vida política do município foi constrangedora,
conturbada e perturbada. Muitos foram os fatos funestos: em 1867, teve duas
câmaras municipais (Câmara Nova e Câmara Velha), em 1868, aconteceu o brutal
assassinato do Tabelião José Leandro Soares. A crise política instalada no
município deflagraria num terrível morticínio. Em 1872, dia de eleição de
vereadores e juízes de paz, no patamar da Igreja Matriz, numa violenta batalha
campal, morreu crivado de balas de bacamarte, um membro do partido liberal, o
jovem Tenente João do Couto Cartaxo.
Esse clima de violência e
truculência política era patrocinado, principalmente, pelos membros do partido
conservador do Distrito de Santa Fé, liderados pelo Alferes João Pires.
Cajazeiras se liberta e se livra do signo da violência quando adquire o foro de
cidade. Os doze anos de Vila foram de insegurança e incertezas para todos os
seus habitantes.
Com a criação do município,
Cajazeiras passava a ter o seu termo Judiciário, datado de 19 de janeiro de
1864, agregado ao termo de Sousa. Somente em 2 de janeiro de 1875, graças ao
Decreto Imperial de n.º 5844, Cajazeiras passa a ter o seu juiz municipal
togado e residindo na cidade. Assumiu nessa condição o alagoano Dr. Bernardo
Lindolfo de Mendonça.
O povoamento, a fazenda, o colégio,
a paróquia, a vila, o município, o termo judiciário e finalmente a cidade,
foram os caminhos percorridos por Cajazeiras para chegar até os dias de hoje.
Cajazeiras, foi elevada à categoria
de cidade no dia 10 de julho de 1876, através da Lei Provincial 616, sancionada
por Dr. Flávio Clementino da Silva (Barão de Mamanguape). Por que não comemorar
esta importante data da história do município? Por que as mais importantes
datas, como o 23 novembro (emancipação política) estão esquecidas ou
simplesmente ignoradas?
Cajazeiras comemora o dia da cidade,
no dia 22 de agosto, data do nascimento de Padre Rolim. Infelizmente, os
discursos proferidos neste dia, anunciam que o 22 de agosto é a data da
emancipação política. Procedendo assim estamos ensinando a história do
município completamente errada. É preciso resgatar os valores maiores da nossa
história. Não podemos, nem devemos tão somente incorporar a História do Padre
Rolim como única. Existem outros inúmeros valores e datas significativas que
devemos resgatar e celebrar. Neste dia 10 de julho, comemore os 139 anos da
cidade de Cajazeiras!
fonte: ac2brasilia.com
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