Imagem meramente ilustrativa |
Os cinemas fizeram parte da cidade de Cajazeiras
no início do século XX, sendo uma das poucas opções de lazer entre as
décadas de 1920 e 1930, fruto dos avanços tecnológicos motivados
pelo crescimento das atividades comerciais e aumento demográfico da
zona urbana.
A telona se transformou numa forma das moças
poderem “namorar” ou “paquerar” sem as vistas dos pais, numa época em que tais
formas de sociabilidades eram bem complicadas e difíceis, como Souza (2009,
p.78) destaca:
O certo é que o cinema motivou as atitudes dos
namorados, pois as cenas de amor e ternura dos filmes e, o próprio ambiente
escuro das salas exibidoras, favorecia a troca de afeições entre os
espectadores, criando um cenário ideal para os casais realizarem seus encontros
secretos e sonhos amorosos.
Entretanto, as moças, na companhia ou não de namorados,
sempre deveriam estar acompanhadas de um adulto que pertencesse à sua família,
ou seja, nunca estavam desacompanhadas.
Ao chegar à cidade de Cajazeiras nos anos 1920 o cinema
causou um grande encantamento por parte da juventude que esperava ansiosamente
a hora de assistir a "fita de cinema" como era chamado o filme. Entre os anos
1920-1930, os principais cinemas da cidade, o Cinema Paraíso depois chamado de
Cinema Moderno e o Cine Teatro Éden, eram vistos como a principal diversão das
moças e rapazes da época que além de irem ao cinema para se divertir, iriam
namorar ou paquerar, evidentemente.
“O reflexo daqueles filmes de Tom Mix, Buck Jones, Pola
Negri e Douglas Fairbanks, fazia com que nós adolescentes, imitássemos estes
artistas em nossas brincadeiras, nos pátios dos colégios e nos matagais
próximos” (COSTA, 1986, p. 70). Na Terra do Padre Rolim muitos filmes foram
vistos como motivos de escândalo ou rejeição, pois os pais das moças solteiras
as proibiam de assistir às fitas, devido eles concordarem que havia conteúdo
impróprio para as donzelas.
Souza (2009) destaca ainda que as escritoras da Revista
Era Nova, uma revista feminina que circulava na capital João Pessoa, de 15
de fevereiro de 1922, condenavam as moças que se utilizavam do cinema para
namorar, o que era um desrespeito à sociedade que adotava o respeito à moral e
aos bons costumes. Além do namoro e da paquera, o cinema era também um ponto de
encontro entre pessoas amigas que se encontravam a fim de colocar os assuntos
em dias e discutir os problemas ocorridos à sua volta, a exemplo dos
acontecimentos sociais da cidade.
Afinal, o cinema como uma das mais importantes
conquistas materiais republicanas causou inúmeras mudanças no comportamento de
homens e mulheres, que pensaram em reviver as histórias e passaram a se
enquadrar nos padrões de beleza dos galãs e divas da sétima arte.
Gostaria que em Cajazeiras pudéssemos viver os
velhos tempos do cinema. Uma cidade ainda pacata no que diz respeito à opções
de lazer, o cinema seria uma ótima opção. Afinal, nas grandes cidades continua
em alta e porque não trazer para a nossa amada cidade do Padre
Rolim? Sonho com esses dias...
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referencias:
SOUZA, Lincon César Medeiros. Cinematographo: A imagem
da modernidade e das práticas socioculturais na cidade de Campina Grande
–1900-1940. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Campina Grande.
Campina Grande, 2009.
COSTA, Antonio de Assis. A(s) Cajazeiras que eu vi e
onde vivi (memórias). Gráfica Progresso, João Pessoa, 1986.
fonte: Diário do Sertão
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