Opinião:
por: Cleudimar Ferreira
Me parece ser um
ligeiro incômodo, somente agora se falar em instalação de um museu em
Cajazeiras, se durante muitas décadas, o que se tem dado de contribuição para a
preservação da sua memória e de sua história, foi indiferentemente, ter lapidado imoralmente
as suas vertigens e destruir os resquícios deixados pelos seus antepassados, que através de muita luta, fixaram suas marcas nas fachadas e frontões de suas residencias e nas calçadas de suas ruas. Registros que simbolizaram durante décadas, como se deu o processo de povoamento da cidade.
Muitos desses
resquícios, representados pelo minguado conjunto arquitetônico de formação e
estilo eclético; edificações que se por pouco tempo ainda estão em pé, e que na sua maioria, não existe mais; ou foram descaracterizados da sua
originalidade ou foram sumariamente derrubados na sua totalidade.
Ademais, os
poucos objetos de uso social deixados pelos seus pioneiros - fundadores e patriacas,
praticamente foram abandonados, perdidos, doados ou roubados. O que restou,
umas duas ou três espadas; um coleto que pertencia ao pai do Padre Rolim - Vital
de Souza Rolim e um vestido que supostamente seria de Mãe Aninha; esse material na década de 80, estava jogado, sendo guardados em um deposito isalubre em uma sala no subsolo do Colégio Diocesano, espaço não apropriado, sujeito as intempéries do tempo.
O que restou de
registro da memória do Padre Rolim, é uma incógnita se afirmar que ainda
existe. As duas comendas, por exemplo, pertencentes ao religioso cajazeirense que foram doadas
pelo Imperador Dom Pedro II; uma estava no Instituto Histórico da Paraíba,
juntamente com partes de algumas peças do mobiliaria do padre mestre, mas que
misteriosamente, já não se encontram mais naquela instituição. A outra comenda,
quando do falecimento do Padre Rolim, ficou com parte da família do religioso que
residia na época no cariri cearense. Hoje, não se sabe ao certo se ainda existe ou está em mãos dos parentes do padre naquela região do Ceará.
Desse modo,
Cajazeiras como cidade importante no alto sertão, que tem trazido juntamente
com o percurso da história moderna, a saga dos seus desbravadores e as
conquistas sociais de sua gente, já merecia a muitos anos ter no seu conjunto
urbano, não só um museu, mais vários. Isso porque, cidades bem mais nova do que
Cajazeiras; de importância menor no contexto histórico da região, ou já tem o
seu memorial de fundação ou já tem o seu museu representativo, que conta como foi
origem de seu povo. Só para referendar o
exposto, sito as cidades de Poço de Zé Moura e Triunfo, praticamente vizinhas de Cajazeiras, porém preocupadas em conservar o seu passado e os seus objetos históricos.
Em Poço de Zé de
Moura, há um memorial especialmente construido, composta de auditório e museu Zé de Moura. No município
de Triunfo, há também um memorial com objetos representativos sobre o confronte
entre sertanejos daquelas paradas e as forças leais a sua majestade o imperador
D. Pedro II, que prendeu Frei Caneca, líder da Revolução Pernambucana e da
Confederação do Equador.
No caso de Cajazeiras,
o seu merecimento está muito além de um "museuzinho" simbólico. Pois a cidade, tem
sobrepujado as demais cidades do sertão em diversos campos das linguagens
artísticas, na culturais e no setor educacional, e isso, o credencia a ter um número maior desses
equipamentos públicos e não só um, no imprensado e resumido espaço do Grupo
Escola Monsenhor Milanês, como tem pensado os que estão à frente do projeto de instalação do museu.
Ora, a cidade
merece mais. Merece um museu histórico, por que só de cidade (fora o
tempo de povoado e vila) Cajazeiras já ultrapassou os 150 anos. Merece um museu
diocesano, pois a mitra diocesana chegou este ano de 2014 aos seus cem anos de
instalação. Se formos pensar bem, a cidade por ter se consolidado como a principal
promotora de cultura e arte do interior paraibano, bem que já merecia ter o seu
museu de arte moderna; ter também “um” da imagem e do som e, um memorial alusivo as
obras dos nossos inesquecíveis Zé do Norte e Ivan Bichara Sobreira.
Portanto, se a
ideia da implantação desse museu for realmente concretizada, esse equipamento
tão importante; sonhado por longos anos pela sociedade cajazeirense; já chaga
tardiamente e sem muito alarde. Se assim for, qualquer forma de precipitação
ou pressa na edificação do mesmo, poderá influenciar no perfil de um museu que a cidade
não merecia."Um antiquário composto de amontoadas peças de uso doméstico, que no tempo, perderam sua utilidade social e que nada simboliza, representa ou acrescenta a história da cidade."
LEITURA DAS IMAGENS EM ANEXO:
01. Prédio do antigo Grupo Escolar Monsenhor João Milanez, que já foi indicado para sede do Museu de Cajazeiras.
02. Passado e presente do antigo Edifício OK, no centro da cidade, hoje totalmente abandonado.
03. Passado e presenta da antiga sedo dos Correios e Telégrafos, demolida nos anos 80 para construção de uma nova sede.
04. Passado e presente do local onde era Solar da familia Costa, que depois foi o Hotel Cajazeiras, demolido para construções de pontos comerciais.
05. Promeira Comenda doado ao padre Rolim, por D. Pedro II, doada ao Instituto Histórico da Paraíba e, que misteriosamente desapareceu desse instituição.
06. Segunda Comenda doado ao padre Rolim, por D. Pedro II, doada ao Instituto Histórico da Paraíba e, que misteriosamente desapareceu desse instituição.
07. Único retrato do Padre Inacio Rolim, hoje apenas uma imagem digitalizada, o quadro original não se sabe onde está.
08. Memorial Zé de Moura - Museu e Auditório. O prédio foi construido para sediar o memoral na cidade de Poço de Zé de Moura.
09. O Casarão de Epifânio Sobreira. Seria um local ideal para ocupar o futuro museu de Cajazeiras.
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