Não há o que contestar, quando uma afirmativa aponta que é o barro a matéria prima básica mais utilizada pelas louceiras do Nordeste, para a produção da cerâmica popular. Concordando ou não com esse pressuposto, está mais do que claro, é obvio, que vem do barro o princípio de tudo e onde quase tudo pode emergir, surgir, quando o assunto é colocar a mão na massa e usar a criatividade, mesmo que dela saia uma ação de grande sentido expressivo ou não.
É através do barro, que as mãos
dos artesões buscam a expressão de suas criatividades. Um procedimento que pode acontecer bem aqui perto, no fundo do quintal do meu vizinho ou nos mais longínquos lugares, onde haja vertigem da presença humana. Pois a
cerâmica nesse caso, antes de ser uma atividade que o seu resultado demonstre
ser, mais uma peça decorativa ou artística criada; para fins ornamentais e
de contemplação; também pode ser simplesmente entendida, como um objeto utilitário a serviço do
uso doméstico.
Ao longo da feira livre de Cajazeiras, ocupando há séculos o seu habitual espaço de exposição, esse último argumento, muitas vezes pejorativamente atribuída a sua cerâmica, feita pelas suas artesãs,
(em especial as louceiras do
Bairro São José), sempre foi encarado por muito tempo, como algo verdadeiro. Embora o perfil estético de suas peças, vista pela ótica de seus agentes
culturais; desencadeie na necessidade de que a sua aceitação, seja entendida sob
o ponto de vista da expressão puramente da arte.
Mas para as ceramistas daquele
tradicional bairro de Cajazeiras, as suas peças ali produzida hoje, não deve mais ser
encarada como uma atividade que no passado tinha a necessidade como ponto essencial. Agora, o tempo é outro, e o fez moldar os braços e mãos dos que vivem dessa arte na cidade. Mesmo que a desinformação do sentido artístico;
ainda sucumbido diante do quadro social de exclusão que as suas ceramistas se
encontravam a décadas; o elemento artístico, nesse caso, já aparece como algo
meramente prioritário e de maior importância para o mercado consumidor. Daí a
necessidade de se produzir uma cerâmica com melhor acabamento e de valor estético.
Essa
virada de sentimento das ceramistas de Cajazeiras, sobre o produto por elas confeccionado, tem uma explicação. É que sua
arte começa a ter asas ou criar pernas. E de tanto andar por ai a fora, nas
feiras de artesanatos, ela já decora ou está nos ambientes sociais de várias
cidades desse Brasil. Até no restaurante Mangai em Brasília, (como uma das fotos abaixo mostra) as peças criadas pelas louceiras do Bairro São José, foram vistas. Uma prova que a produção vinda das
mãos de mulheres simples daquele bairro, constitui hoje com muito orgulho, um
marco na arte de moldar da terra do Padre Rolim.
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