* José Antônio de Albuquerque
Monumento a memoria de João Couto Cartaxo na Praça da Cultura |
Os
cangaceiros entraram na Vila de Cajazeiras e acamparam no patamar da Igreja
Matriz, às duas horas da madrugada do dia 18 de agosto de 1872 e fizeram uma
fogueira para dançar e cantar:
“Balança os
cachos, balança os cachos!…
Chegou a
hora de Santa Fé-é-é-é!
Terra de cabra
macho é-é-é-é!
Pra votar
nas Cajazeiras!…
Terra da
“muié” macho-é-é-é!
E dos irmãos
Cartaxos-é-é-é!
Balança os
cachos…”
E às nove
horas da manhã, chega o grupo eleitoral, chefiado pelo Tenente João Antonio do
Couto Cartaxo, do Partido Liberal e em frente da Igreja foi fuzilado com mais
dois companheiros: Bernardino Sena e Inácio Silva.
Cajazeiras
vivia momentos tensos e de grande agitação política, desde a sua emancipação,
ocorrida em 23 de novembro de 1863. O povoado havia sido elevado à categoria de
Vila. No período que passou como Vila, a vida política do município foi perturbada
por uma sucessão de episódios que inquietaram o seu povo, cujo desencadeamento
dos fatos tiveram conseqüências funestas: em 1867, teve duas Câmaras
Municipais, uma nova e outra velha, comandadas uma pelo Partido Liberal e outra
pelo Partido Conservador; no ano seguinte, em 1868, o povo foi abalado pelo
brutal assassinato do Tabelião José Leandro Soares, motivado pela cegueira
político-partidária.
Esses
momentos de triste violência desencadeou na chacina e no sacrifício do jovem
Tenente João Cartaxo, em 1872. Felizmente toda esta agitação durou apenas o
tempo em que Cajazeiras permaneceu como Vila. Ao ser conduzida ao predicado de
cidade, em 10 de julho de 1876, livrava Cajazeiras do signo da violência.
Em 5 de
novembro de 1876, o Tribunal do Júri absolveu o Alferes João Pires Ferreira,
apontado como responsável pelo assassinato de João Cartaxo e logo no dia
seguinte, o bacharel Joaquim José da Fonseca, procurador de Ana Josefa de
Jesus, mãe do Tenente Cartaxo, recorreu da decisão do Tribunal do Júri que
absolveu o Alferes João Pires.
O Tenente
João Cartaxo, que é tio-avô de Otacílio Dantas Cartaxo, falecido recentemente,
se constituiu, em vida, num dos grandes defensores da preservação da memória do
seu ilustre parente. Otacílio, em 1972, no centenário de morte fez aposição de
uma placa de bronze, alusiva ao fato, que foi fixada, inicialmente, na parede
externa da Igreja Matriz de Nossa Senhora de Fátima e posteriormente deslocada
para a lateral da Praça Nossa Senhora de Fátima. No ano de 2000, o mesmo
Otacílio, depois de uma luta grande junto ao poder público municipal, conseguiu
um local para erguer um monumento em homenagem a João Cartaxo, que foi inaugurado
no dia 18 de agosto de 2000 e está localizado na Praça Nossa Senhora de Fátima.
João do
Couto Cartaxo é o nosso herói, morreu em defesa dos seus ideais e em defesa de
Cajazeiras.
fonte: Jornal Gazeta do Alto Piranhas
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