Tela pintada por Cleudimar Ferreira. Acervo:
Cleudimar Ferreira
(Há 30 anos atrás). Em 1984, durante a realização da Gincana Cultural Descubra a Paraíba, evento promovido pelo antigo MOBRAL em parceria com o Governo do Estado, que aglutinou artistas anônimos, desconhecidos com atuações nos mais longínquos lugares da Paraíba, a equipe de Artistas Plásticos do atelier de artes do extinto NEC/UFPB/Cajazeiras, competia com demais artistas do Estado.
Vencendo todas as etapas, o atelier cajazeirense foi a final
em João Pessoa com os nossos artistas (Eu-Cleudimar, Marcos Pê e João Braz) participando da
grande coletiva nas dependências do Liceu Paraibano. No glamour da vernissage
que abriu a exposição dos novos ignorados artistas visuais da arte na
Paraíba-década de 80, um crítico (que eu não vou citar o nome por questões éticas)
bastante conhecido da imprensa paraibana e do movimento cultural da época; com coluna
semanal em vários jornais; ao ficar diante do trabalho acima disse a seguinte
frase: “não acredito que haja no interior do Estado, artistas com capacidade de
produzir esse tipo de trabalho, com esse tipo de temática.”
A coordenadora do Atelier de Cajazeiras, Telma Cartaxo Rolim
estando naquele momento próximo desse jornalista especializado em artes,
rebateu dizendo: “porque não, você acha que é só os artistas daqui da capital
que tem capacidade de produzirem coisas novas? Algo diferente?” O interpelado
crítico, diante da resposta de Telma Cartaxo, fez uma pausa e voltou com uma
pergunta: “É de lá de Cajazeiras esse artista?” Depois da afirmação de “sim” de
Telma, ele, o crítico, saiu de fininho e continuou olhando os demais quadros da
coletiva.
A arte paraibana do interior sempre foi marginalizada, sempre
foi colocada em segundo plano pelos nossos veículos de comunicação. Nos jornais
há mais matérias promocionais com artistas de João Pessoa do que com os artistas
do interior. Os nossos críticos de artes parecem que desconhecem ou por ignorância
não sabem que há produção artística nas cidades paraibanas do sertão, do cariri,
do curimataú, do brejo e das cidades do Vale do Piancó.
Esse desconhecimento foi muito mais gritante no passado, mais
aos poucos vai diminuindo e o comportamento dos nossos críticos de artes, vai
também mudando a contragosto diante do talento que tem os artistas do interior.
A tela acima fez parte de uma sequência de três telas, com mesma temática, que
eu pintei para concorrer no certame promovido pelo Mobral e Governo do Estado. Das
três, duas foram vendidas a uma senhora de Patos e essa que vemos acima, foi vendida
a um primo meu de São Paulo.
Cleudimar Ferreira
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