porCluedimar Ferreira
Sempre foi apaixonado por cinema.
E essa paixão não troca por nada. A imagem do garoto dirigido por Giuseppe
Tornatore me faz voltar no tempo em que eu era um biscateiro nos lixos dos
cinemas de Cajazeiras. Sempre a
procura de um pedaço de fita de cinema e alguns fotogramas de filmes de
faroeste - os meus preferidos. Usava esses restos de películas para brincar de
cinema com os meninos da minha rua. Se pudesse voltar a esse tempo, faria tudo
de novo. Depois, o contato natural com esse ambiente cinéfilo foi estreitando a minha amizade com os funcionários nas salas de projeção e assim acabei me tornando amigo
dos operadores de projetores dos Cines Teatro Apolo XI e Pax.
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Grandes produções assisti. Ajudei a operar aquelas imensas máquinas. Em
outra fase dessa minha afinidade com os cinemas de Cajazeiras, passei a dividir
a programação de rua com o titular dessa função. Uma atividade em que para mim
era a melhor de todas. Pois costumeiramente, um dia na semana eu ia a Rodoviária
com Cícero Alves (o Cícero do Bradesco), buscar os latões de filmes que vinha
de ônibus do Recife. Para mim às quartas-feiras - dia em que os filmes chegavam
da capital pernambucana era o melhor dia da semana.
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Tempos depois veio o Cinema Novo. Nesse período, passei a integrar a
equipe do Cineclube Vladimir Carvalho, num período em que o mesmo estava
praticamente fechado. Mas como o tempo não é eterno, e junto com ele tudo
passa, como passa nossas vidas. Essa fase com a decadência do Cineclube me
trouxe mais experiência e bem mais afirmação cultural. Atributos essenciais
para a minha formação e definição política ideológica.
Foi um tempo bom. Aprendi mais a ser questionador e crítico do meu tempo
e entender que a decadência do Cineclube não era empecilho para nos desanimar.
Eu e Eugênio Alencar colocamos dois projetores de 16 mm doados pelo Instituto
Gehts Alemã do Recife, em um carrinho de mão e saímos às noites pelos bairros,
associação de moradores e sindicatos da minha querida Cajazeiras, exibindo
documentários de graça para as pessoas interessadas nesse tipo de cinema.
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Hoje as lembranças desse passado, com o passar do tempo, enciste em deixar
e fugir da minha memória de 55 anos. Mas para prendê-las dentro de mim, sonho
quase todas as noites com esse Cinema Paradiso que passou, levando com ele um
pouco da minha adolescência e da paixão pelo cinema da minha terra que envelheceu
e quase já não existe mais.
Informe publicitário do filme Superman no Cine Éden, publicado
no Jornal Tribuna da Paraíba, do dia 02 de junho de 1979. O
Cine Éden era de propriedade do senhor Carlos Paulino.
Página da agenda de Eduardo César Guedes (último dono do Cine Éden),
com endereços e telefones de distribuidoras de filmes no Recife
Cartão Permanente do Cine Éden
Recortes de Jornais de épocas com notícias e propagandas
com a programação dos Cine Éden e Moderno
Recortes de Jornais de épocas com notícias e propagandas
com a programação dos Cine Éden e Moderno
créditos das imagens:
1- Philippe Noiret e Salvatore Cáscio em "Cinema Paradiso"
2- John Weyne em "Rastro de Ódio"
3- Cartaz de divulgação do Cine Éden na Praça João Pessoa.
4- Prédio onde funcionou o Cine Teatro Apolo XI
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