O Artista Plástico Modesto Maciel. foto do acevo do artista |
Cajazeiras se prende a expectativa
da abertura na Biblioteca Púbica Municipal Castro Pinto, da exposição de seu mais
representativo artista visual, Modesto Maciel. A mostra com os trabalhos do
artista plástico será aberta às 08h00 do próximo dia 19 e faz parte da programação
cultural alusiva ao dia da cidade.
Modesto ou “Moda” como melhor queiram
chamar, sempre foi um artista identificado com a sua arte. Seu compromisso com
o fazer artístico, se diferencia dos demais produtores de arte da cidade, pelo
engajamento quase que viciado de trabalhar a linguagem que bem domina - a escultura
e, torna-la como seu alimento diário, atitude que o fez atravessar décadas,
esculpindo a madeira, seja ela cedro, mogno, peroba, cravinho ou umburana
branca. Criando peças, imagens representativas do universo místico e religioso de seu povo.
Explorando temas do cotidiano
regionalista nordestino, como em particular a religiosidade e os argutos
sentimentos do homem sertanejo, com muita dramaticidade e expressividade que
chega a lembrar Benedito Santeiro, outro grande escultor nascido em Minas
Gerais, que inspirado na devoção do povo mineiro tem se destacado como o mias
importante escultor sacro da atualidade; Modesto assim define o processo de
criação de suas peças: “Procuro valorizar as imagens sacras, sempre apreciadas
pelos devotos da fé. Esse é o verdadeiro espírito do sertanejo”, afirma o
artista.
Autodidata, cajazeirense da gema
como de diz no popular, Modesto Maciel começou a lidar com a arte no final dos
anos 60, anos que produziu algumas telas de características beirando ao
surrealismo expressivo, cheio de ornamentos definidos pelo desenho mais apurado e bem acabado. Esse preocupação do artista em se mostrar realista, porem, não se apegando tanto ao academicismo, mais preocupado com deformação da forma, o fez produziu excelentes telas com traços e pinceladas nervosas que lembra uma
das fases da obra do pintor norueguês Edvard Munch, autor da tela “O Grito”. Esse
acervo em óleo sobre tela tem também inspiração e temática vinculada ao
imaginário coletivo do povo sertanejo; produção essa que na época foi exposta
em algumas coletivas realizadas na cidade.
Nos anos 70, o artista descobriu o
gosto pela escultura e começou a entalhar e esculpir. Foi nesses mesmos anos,
precisamente em 1978, que Modesto Maciel liderou e formou juntamente com outros artistas plásticos contemporâneo de sua terra, como Mardem Rolim e Graças Rodrigues, uma
forte dissidência, contra o regulamento do 1º Salão Oficial de Arte
Contemporânea de Cajazeiras, alegando que o evento era injusto e o seu
regulamento era falho, pois colocavam numa mesma condição os artistas do sertão, sem muito experiência técnica, como os de João Pessoa, Campina Grande e Olinda, participantes do evento.
Nos anos 80 Modesto foi convidado
por padres italianos ligados à diocese de Cajazeiras para ir a Itália fazer um
curso de aperfeiçoamento técnico. De volta da Itália depois de ter passados
três anos em contato com a arte romana, pisando no solo de Tintoreto e Tiziano,
vivenciando as esculturas de artistas geniais como Michelangelo e Bernini, o
artista desembarcou em Cajazeiras e instalou uma Escola de Artes Plásticas do
interior do Ceará, em Senador Pompeu, onde passou a ensinar a sua arte aos interessados daquela cidade e até as crianças.
Nesse mesmo período, passou a realizar várias exposições e participar de salões de artes em várias cidades do Brasil, como também no exterior, sendo premiado pelo Instituto Ladin Dom B. Brunnel, em Moema na Itália. Em 2005, o artista cajazeirense participou de projetos de incentivo a arte, patrocinados pelo SESI e de uma mostra retrospectiva realizada pelo NAC - Núcleo de Arte Contemporânea, em João Pessoa.
O artista fazendo o que mais gosta, esculturas em madeira |
"Vidas Secas", óleo sob tela de 1978 |
"Rabo da Gata (Bairro)", óleo sob tela de 1977 |
"Filosofia de Gerações", óleo sob tela de 1978 |
"Seca e êxodo rural", óleo sob tela 1983 |
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