tradicional Pedra do Galo, hoje na Rua Vitória Bezerra. |
"... em ter acesa a lâmpada sagrada / e gloriosa tradição
de luz / lembra Anchieta, lembra Coimbra / um livro
aberto os braços de uma cruz."
Cristiano Cartaxo
Pedra do Galo:
Antiga pedra arredondado
com cruzeiro. O cruzeiro possui uma armação de metal com formato de galo e uma
seta abaixo. O objeto artesanal é uma réplica do galo que decora as torres dos
conventos da ordem religiosa dos franciscanos. Ficava na antiga estrada - saída
de Cajazeiras para a cidade de Jatobá - São José de Piranhas, atualmente bairro
de São Francisco.
Segundo o historiador José Antônio da Albuquerque, nos idos
de 1950, houve embate entre as Ligas da Mulheres Cristãs de Cajazeiras e o
poder público municipal a frente o prefeito Otacílio Jurema, com o objetivo de
retirar o cabaré de Cajazeiras que ficava por trás do Cemitério Coração de
Maria, na época conhecido como Ferro de Engomar. Essa querela inflamou mais
ainda, com o grito de Frei Damião que declarou que só voltaria a pregar as
Santas Missões em Cajazeiras depois que o prefeito mudasse velho meretrício de
local.
Acrescente José Antônio, que para comemorar a vitória da luta pela
retirada do cabaré das imediações do Cemitério, foi celebrada uma missa por
Frei Damião. A comunidade católica tomou como base uma pedra existente mesmo em
frente ao novo local do cabaré da cidade, que ficou conhecido como 'A Palha' e
construiu uma cruz e no seu ápice, colocou um galo.
Por muito tempo a Pedra foi
um ponto de espera de transportes para as pessoas que se deslocavam ao
Município de Jatobá, atual São José de Piranhas. Com o crescimento da cidade,
esse ponto foi sucumbido pela urbanização e o cruzeiro com o galo foram
transferidos para a Rua Romualdo Rolim e depois levados para a Rua Vitória
Bezerra, onde passou a ser visitado por quem vêm a cidade.
Todos os anos, a
Pedra do Galo é o ponto de referência para partida da tradicional Via Sacra que
tem como término a Igreja de São João Bosco, na Praça Camilo de Holanda. Um
poema intitulado 'Pedra do Galo' do poeta Irismar di Lyra, descreve as particularidades desse objeto urbano de Cajazeiras.
PEDRA DO GALO
Irismar di Lyra
Que poesia há na estrada de Jatobá,
além do lúgubre das faces desdentadas
gentes e roupas desbotadas
vícios, ócios e duros ofícios!
A Pedra do Galo, inerte, contrasta
com o ruge-ruge dos cabarés,
o frenesi das mariposas,
o zum-zum nervoso dos cafés.
Os Sete Candeeiros resistem à luz elétrica
Uma, quem sabe, Dora esquelética
por um talvez, Beto sifilítico
mata-se a golpes de faca peixeira.
Suposições suscitadas ante o fato:
ciúmes ou coisa de quem perde a estribeira?
Como diria Zefinha de Alfredo:
- vã filosofia, coisa sem eira nem beira
Que poesia há na estrada de Jatobá,
além do lúgubre das faces desdentadas
gentes e roupas desbotadas
vícios, ócios e duros ofícios!
A Pedra do Galo, inerte, contrasta
com o ruge-ruge dos cabarés,
o frenesi das mariposas,
o zum-zum nervoso dos cafés.
Os Sete Candeeiros resistem à luz elétrica
Uma, quem sabe, Dora esquelética
por um talvez, Beto sifilítico
mata-se a golpes de faca peixeira.
Suposições suscitadas ante o fato:
ciúmes ou coisa de quem perde a estribeira?
Como diria Zefinha de Alfredo:
- vã filosofia, coisa sem eira nem beira
Furna da Onça - Localizada no morro do Cristo Rei. |
Furna
da Onça:
Os mais antigos habitantes da cidade costumava contar
que por volta do século XVIII e começo do século XIX, vivia no local uma onça
feroz do serrado que atacava as pessoas que passava nas proximidades, até que
certo dia um senhor de nome Zé Preto, caçador bastante conhecido na cidade, juntamente
com o seu irmão, capturaram e mataram a mesma. Não há comprovação oficial dessa história ou se a onça existiu. Porém a lenda permanece viva até os dias
hoje. A furna da Onça é caracterizada por três pedras escoradas e está localizada
no morro do Cristo Rei, antigamente chamado de Serrote do Jatobá.
Conjunto de residências onde foi os Sete Candeeiros |
Sete
Candeeiros :
Era o antigo bordel da cidade, vulgarmente 'folclorizado' de Frejo. Os Sete Candeeiros funcionava em um sequencia de sete casas conjugadas, formadas por botecos e ponto de prostituição.
Praticamente isolado do plano habitacional da cidade, o local era praticamente esquecido pelo poder público, quase não havia
luz elétrica.
A maioria das sete casas que compunha os sete candeeiros eram iluminadas por
candeeiros e as demais, luz elétrica vermelha. Numa remota Cajazeiras onde
os índices de violência eram praticamente zero, os Sete Candeeiros vez por outra quebrava essa rotina e o silêncio advindo dela, com ocorrências de casos de violência, que geralmente eram divulgadas nas emissoras de rádios da cidade. Os Sete
Candeeiros localizava-se nos arredores do Bairro de Capoeiras, saída para a
cidade de Jatobá - São José de Piranhas.
Parte do que restou das residencias dos 'Deischalé' |
Os Deischalé: (10 chalés)
Conjunto de dez pequenos chalés conjugados situados na Rua Sebastião
Bandeira de Melo, próximo ao centro da cidade. As pequenas casas conjugadas
eram habitadas por pessoas de baixa renda e artífices como sapateiros,
marceneiros, flandeiros e feirantes. Com o passar do tempo veio o crescimento da
cidade e 'Os Deischalé' foram desaparecendo, dando lugar a construções de
residências mais modernas e pontos comerciais.
RUA DOS 10 CHALÉS
Irismar di Lyra
Meio dia,
o Cristo cochila.
O sol castiga
o homem que passa
abraçando à mochila.
Feito boca banguela,
casa sim, casa não,
a rua espia pela janela
o insólito, a desolação.
À boca da noite,
cadeiras nas calçadas,
das poucas casas
que um dia foram dez...
Sebastião Bandeira de Melo,
Nome imponente, majestoso...
Mas não tão singular
quanto os 10 chalés.
Trecho do 'Alto Cabelão' - hoje Bairro Belo Horizonte |
Alto
Cabelão:
Nos finais dos anos
60, a moda ainda era ter cabelos compridos. Seguindo essa moda, comenta-se que esse nome surgiu, pelo fato de residir no lugar um folclórico cidadão que tinha os cabelos bastantes compridos; e que por conta disso, a artéria teria sido batizado pela população de Alto Cabelão. O alto Cabelão era uma média de 300 casas, construídas em duas fileiras e uma larga avenida no meio, que se deslocava sobre uma colina indo até a zona rural da cidade.
Por ter também essas características e parecer com um cabelo comprido, muitos acham que a população folclorizou o espaço urbano batizando com o nome de 'Alto Cabelão'. Por iniciativas do senhor Emídio da Cunha Rolim, comerciante estabelecido no local, o trecho urbano passou a se chamar depois de Alto Belo Horizonte. Nos anos 70,
houve um crescimento rápido da cidade na direção da zona norte. Ruas foram abertas e
a urbanização se alastrando. Para firmar esse feito, o poder público construiu no local um
conjunto habitacional em uma área de terra que ficava por trás do Colégio
Diocesano e Estádio Higino Pires Ferreira. Descaracterizando o traçado geográfico que havia antes.
Vista panorâmica do 'Rabo da Gata' ainda em formação |
Rabo
da Gata:
Conjunto urbano que se formou na região nordeste da
cidade ao longo da antiga estrada de ferro. As terras pertencentes à união
(RFC - Rede Ferroviária Cearense), foram invadidas no final dos anos 70 por comunidades de sem teto e humildes
famílias de agricultores, que fugindo da seca, deixaram suas terras na zona
rural para morar na cidade. A formação do Rabo da Gata começou entre o Cemitério Coração de Maria e a velha estrada de trem que ligava a cidade de Cajazeiras ao vizinho Município de São João do Rio do
Peixe, seguindo o trajeto da desativada linha férrea, indo em direção à zona rural.
Pedra do Sapo:
Na região sul de Cajazeiras, mais precisamente
na parte sudeste da cidade, a natureza nos presenteou com a Pedra do Sapo. A
formação rochosa, natural, está localizada na periferia do Bairro da
Esperança. São duas pedras. Uma sobre a outra sendo a segunda (a de cima) bastante
parecida com um batráquio. Ou seja, tem um formato de um sapo. A pedra foi no
passado um local de lazer para os habitantes do bairro da Esperança, principalmente
para as crianças e a juventude, que usava o local para se divertir nos finais
de semanas.
Era um local ideal para soltar pipa, brincar de cawboy ou mesmo de cima da pedra, observar a linda visão do toda zona sul da cidade. Entre as duas pedras há um espaço bastante estreito e um pouco
longo, onde o desafio entre os frequentadores, era atravessar pela fenda de um lado para o outro. Muitos que enfrentava esse desafio, passava com facilidade,
porém, havia outros que ficava enroscado e precisava da orientação de outras
pessoas presentes, para sair do enroscado.
PEDRA DO SAPO
Irismar di Lyra
Pedra do sapo,
sem verde, sem cacto,
arca ancorada
na croa do serrote
Pedra do sapo
sem mufumbo ou velame
entregue ao destino
maldito, infame.
Pedra do sapo
sem beleza estética,
batráquio em birrado,
marco sul da cidade.
(...)
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4 comentários:
Faltou falar aí do bairro dos remédios bairro bastante conhecido em Cajazeiras que nos anos 70 era muito distante da cidade
Há no blog outra postagem com o título: Pontos Pitorescos de Cajazeiras II. Provavelmente, nesse postagem terá alguma referência sobre o Bairro dos Remédios. Um abraço amigo e continuei acessando nosso blog.
Achei meio vazio os comentários do Bairro Dapaia,embora muito pobre teve uma relevância muito grande na história de Cajazeiras,as boates que se formaram os inúmeros crimes cometidos,
as celebridades que passaram por lá,cantores políticos e por que não ressaltar a Lília e tantas outras que fazem parte da história e folclore de
Cajazeiras.
O objetivo da postagem não era falar sobre personagens, mas mostrar um pouco da história de alguns pontos pitorescos de Cajazeiras. Você pode escrever e mandar para mim que eu publico com a autenticidade sua na postagem. Mande um texto, com fotos ou imagens. Meu E-mail é: cleudimar.f.l@gmail.com
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