Antigo complexo Cine Teatro Apolo XI, Lanchonete e Rádio Alto Piranhas |
Cine Apolo XI, não sei esquecer jamais.
........................................................................ Cleudimar Ferreira
Não posso assim suportar, te
ver tão parado aí, nessa esquina calado, num túnel do tempo a esperar os últimos
dias passando. Quem não se lembra dos teus mais vadios devaneios nas noites da Victor
Jurema. Já foi no templo uma quimera, de
imaginações fantásticas, um palco de ilusões onde as ribaltas frenéticas iluminavam
os sonhos de tantos e tantos cinéfilos.
Quisera poder tocar-te e como num
passe de mágica teus projetores falassem. E de tão pusilânime que é, fizesse ecoar
do nada e surgir-se entre as cortinas da tela do teu paredão sagrado, aquelas
que quero ver, Eva Garney e Dietrich; Vivien Leigh e Greta Garbo. Sentir de
volta o meu coração, já cansado e ultrajado, palpitar de emoções. Encontrar-me
com teus fantasmas, brincar de capa e espada, que nos meus sonhos quase reais, surgem fascinantes entre estrelas emblemáticas desfilando entre películas, rolos
de fitas e cartazes.
As lembranças do teu passado se fez
esquecer o presente, já não sou mais um cibernético que um dia amargurado com a
tua perda fugiu. Sumiu entre constelações cadentes, levando as recordações das
cores de tuas imagens, dos teus heróis e mocinhos, vilões que roubaram de mim a
minha cadeira cativa nas matines de domingo, tardes de glamour regadas alá Fred Astaire, Clark Gable, Cary Grant e Humphrey
Bogart.
Hoje passo diante de te, fico a
pensar como pode um gigante tão ativo, que nas imagens focadas, dançava e gritava; tocava, dava
risada e pulava. Que na chuva até cantava, ser levado assim tão fácil a viver
no ostracismo. Onde estavam os teus asteróides, de brilhos e brilhos próprios, Mazzarope, Charles Chaplim, Jerry
Lewis, Gordo e o Magro. Os teus defensores da lei, vorazes nos filmes de
faroeste, Mister Djago, Viva Sabata e Sartana. Por que eles te deixaram, sozinha nas
mãos da modernidade, essa insensata engrenagem que arrancou de teu leite, vitrines,
fanzines e cadeiras; platéias e bilheterias, cabine de projeção.
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