por: Pepé Pires Ferreira
Como somente comentei, nos meus textos
anteriores, o problema (gravíssimo) das rebeliões e do crime organizado, fico
pensando no que vocês, que tem o mau gosto de ler essas bobagens, que tanto
mais poderiam ler coisas mais consequentes, que como só estou dissertando sobre
coisas ruins, os senhores podem fazer como o sujeito que tendo um dia
anormalmente ruim, foi comentar ao filho: ”Logo na saída, o pneu do carro
estourou, peguei um táxi, e houve um acidente e fiquei preso no engarrafamento,
depois quando cheguei no escritório, estava faltando energia…” e o filho
interrompeu: “Pai, porque i Senhor não mudou de canal”: Assim, e com receio de
que vocês não mudem de coluna, vou abordar um tema mais local, que no âmbito
familiar (de minhas duas famílias, paterna e materna), e pode se considerar um
exemplo de que como as coisas aconteciam no começo do Século passado, que pra
mim, anda não terminou…
O “motor” do Major Galdino se situava na Praça
major José marques, do outro lado de onde funciona o Posto Texaco, e lá era
sobre um colchão de pedra, que nenhum cacimbão dava água suficiente para a que
pudesse funcionar sua fábrica de óleo-sabão. Como aqui, em sua casa, corria
próximo a revência do Açode Grande, em qualquer lugar que se cavasse era
localização muito favorável para se ter um cacimbão – também conhecido como
poço amazonas, e cavado o dito cacimbão, o Major tratou de fazer uma
caixa–d’água alta o suficiente para que pudesse abastecer sua fábrica.
Contratou assim, o Mestre mais prestigiado de
nossa cidade, o Sr. João José da Silva, que conhecemos sua descendência:
Tio-avô do contador João Meireles, e avô materno de José Aldemir, (os nomes
João e José podem estar trocados, mas vou conferir (que tinha construído o
casarão de Cel. Peba, ao lado da Catedral, e depois construiria entre outas
obras, o antigo Hotel Oriente e a casa de ferragens de Álvaro Marques, feitos
os estudos, tratou-se de construir essa caixa d’água. Note bem, sem cimento, na
areia, na cal e no tijolo maciço, com bases extremamente robustas, que assim permanece
por quase um século.
Um parêntese: durante a construção dessa citada
caixa d’água, se depositava ao pé da obra, enormes quantidades de areis que era
bem fofa, sendo um amortecimento ideal para saltos da caixa d’água em
construção para a areia, uma disputa ficou conhecida no âmbito familiar, a de
do futuro Dr. Lineto (filho do Major), e
de Ivan Bichara, parente próximo e futuro Governador da Paraíba, eles pularam
juntos da cinta que fica no meio da caixa d’água, e Lineto conseguiu a proeza
(na minha opinião loucura) de pular do “olho”, dessa construção, mas quando foi
para cima, nosso campeão não teve coragem.
Pronta a caixa d’água, foi o Major Galdino
parar a encanação que levaria o “precioso líquido” para o “Motor do Major”, mas
quando cavava as valetas para instalar essa tubulação, havia uma pedra (e que
pedra) no meio do caminho, o Chefe da Cidade, era o Cel. Matos, concorrente e
adversário político, que exigiu que o Major Galdino para passar esse
encanamento, teria que construir e manter um chafariz no que hoje conhecemos
como Praça da Prefeitura, para dar água de graça para o povo. O Major Galdino
que também não queria fazer esse favor para benefício de deu adversário e daí
em diante inimigo, retirou o encanamento e ficou levando água de carroça, até
que se perfurou um cacimbão na usina, que era muito profundo, e eu ainda tive a
oportunidade de conhece-lo e tinha medo de cair dentro. Esse pegou um veio
d’água pequeno e com as chuvas do inverno, sustentava água para a usina, e era
suplementada pela água do cacimbão da caixa d’água.
Resultado: os dois, o Cel. Matos e o Major
Galdino, sequer caminhavam na mesma calçada, quando um via o outro, atravessava
a rua, e seguia caminho pela outra calçada.
Posteriormente, meu pai, Dr. Waldemar, filho do
Major, veio a casar-se com minha mãe D. Ica, neta do Cel. Matos, sou
descendente de ambos, por isso tenho uma certa isenção para tocar nesse
assunto, e o chequei dos dois lados. Hoje, por coincidência do destino, estão
ambos enterrados, um quase de frente para o outro, no Cemitério Coração de Maria.
Hoje, numa homenagem às figuras do passado, a
caixa d’água, permanece de pé.
P.S. – Oferece-se essas linhas a D. Tutu, a mãe
de meus amigos Sinilson, Verônica, Sônia e Marcos Barros, que eu tinha uma
grande estima. Vou contar só uma: quando seu filho Sinilson vinha do Rio de
janeiro, a gente às vezes ia para a casa de D. Tutu, e lá no fim do quintal,
acendíamos (eu Sinilson, Gutemberg, Zé Clementino e outros); o “cigarro do
índio”, naturalmente, sem tragar, e ela, com o cuidado de mãe, antecipando
acontecimentos atuais em mais de dez anos, comentava: “Isso aí tudo bem, mas
não queiram saber de fumar o tal do traque, meu filho”. Isso é que é conselho
materno. Eu sempre gostei muito de D. Tutu e considero mais uma mulher batalhadora
que perdemos…
Torre da caixa d'água do casarão
pertencente a família do Major Galdino Pires.
Uma relíquia da arquitetura cajazeirense: construída pelo Major Galdino Pires em um terreno vizinho a sua residência, que teria a finalidade de levar água até a sua indústria situada na Praça José Marques.
A torre simboliza o poder econômico que família Pires Ferreira era detentor na cidade.
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D i r e i t o s R e s e r v a d o s
F l i c k G a l e r i a
Autor: Guaira
Imagem concebida, em 26/jul./2006
Câmera Sony DSL-P73
F
Um comentário:
Sinto muita saudade do tempo em que brincavamos nos quintais e muros de major Galdino e nessa Caixa d'Água Como era bom. Todos crianças: eu, Paulo, Beto, Hélio, Dalton, Ciro, Stênio e Divinha, esta, filha de dpna Diva Cordeiro.
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