segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O imortal poeta Bandeira


O repentista na feira de Cajazeiras, em 1938. Fotos: Luis Saia

Quem conhecer do baralho
Pode encamaçar o seu.
Pois trinta e dois é um jogo
Que nunca nos protegeu
Quem fez trinta, inda ficou!
Trinta e um, bateu! Ganhou!
Trinta e dois, passou! Perdeu!

O ano de trinta foi ruim,
Trinta e um foi ruim também,
Trinta dois rapou o resto
De quem até ia bem!
Deus me permita que eu minta...
Já vi que a era de trinta
Não vai alisar ninguém!

Quem só comia capão
Com seis meses de chiqueiro,
Agora, a custa da fome,
Destruiu o galinheiro,
Comeu galinhas e ovos,
E acabou os frangos novos
Que havia pelo terreiro.

            Os versos são do imortal poeta, violeiro e repentista Manuel Galdino Bandeira, avô dos também repentistas, Pedro Bandeira, Francisco, João e Daudeth Bandeira, filhos de uma de suas filhas, a poetisa Maria Bandeira de França. O poeta não era cajazeirense, mas considerava a cidade como sua terceira moradia, pois nela fizera muitos amigos, era conhecido e a tinha como uma oportunidade de se firmar entre os maiores repentistas do Nordeste. O lendário poeta tinha a feira livre de Cajazeiras (como mostra as fotos acima), como ponto de referência para divulgação do seu trabalho, já que a mesma concentrava um grande número visitante advindos de boa parte das cidades do sertão nordestino. 

             Cantador afamado, o velho Bandeira chegou até cantar para o Presidente Getúlio Vargas. As suas estrofes foram reproduzidas em diferentes livros sobre poesia popular, como por exemplo, o Dicionário Bio-bibliográfico de Repentistas e Poetas de Bancada, onde se encontra a estrofe com que iniciou uma peleja com Pinto do Monteiro. Manuel Bandeira nasceu em Patos, no ano de 1882, mas era radicado na vizinha cidade de São José de Piranha, onde exercia as atividades de agricultor no Sitio Riacho da Boa Vista. Faleceu em 1955. 





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