fonte Jornal da Paraíba Reportagem Jocélio Oliveira
A poesia sonora dos
cultos afro-brasileiros, além de bandas de pífanos, ciranda, coco de
embolada, aboio e reisado nordestinos estão reunidas numa coletânea de
dez discos que foi lançada este mês com o nome de Itinerário Musical do Nordeste. Completam o box registros de tambores de crioula, maneiro-pau, incelência, guerreiro, histórias e cantigas coletadas em sete Estado.
O projeto Itinerário Musical do Nordeste é um desdobramento de uma pesquisa realizada nos anos
1976 e 1977, pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj/PE) em parceria com o
Instituto de Etnomusicologia e Folclore de Caracas, Venezuela. Na
época, os pesquisadores visitaram sete estados da região, de Alagoas ao
Maranhão, fazendo registros sonoros, além de fotografias. O objetivo era
preservar a memória cultural desse Nordeste de raiz forte, mas também
de outros países da América Latina.
Na passagem pela Paraíba, foram visitadas cidades como Campina Grande, Sapé, Cajazeiras
e Patos, além da capital onde foram gravadas as disputas de repente
entre Otacílio Batista e Oliveira de Panelas. Para este, o projeto “é
muito bom em se tratando da divulgação da arte e dos valores, tem que
fazer mais coisas desse tipo”.
Os
sons da região ficaram guardados do acervo da fundação pernambucana até
o ano de 2008, com acesso apenas para pesquisadores que soubessem da
existência dos registros preservados em 208 horas de gravação em fitas
de rolo.
Segundo
a diretora de documentação e acervo da Fundaj, Rita de Cássia Araújo,
responsável pelo projeto, a idéia era fazer uma prestação de contas com a
sociedade, além de universalizar e tornar público esse material. "Temos
que devolver isso aos grupos que visitamos para que eles possam se
re-apropriar e recriar a partir desse simbolismo”, disse.
O projeto final tem alguns erros geográficos, com citação a Cajazeiras
em Pernambuco, ou à cidade maranhense de Brejo de Areia como sendo
localizada na Paraíba. Ainda assim, não diminui o valor do esforço da
Fundaj em cumprir o seu papel como uma fundação cultural de serviço
público, que precisa produzir e difundir conhecimentos, assim como
preservar a memória cultural do povo, além de apenas realizar eventos.
Artistas
paraibanos também apareceram na gravação do disco oito, de Maneiro-Pau /
Coco de Embolada, com Geraldo Mousinho (coco) e Cachimbinho (pandeiro),
registrados em Campina Grande.
A outra participação paraibana é no álbum de reisados, o sétimo, com uma lista de seis cajazeirenses: José Miguel dos Santos, Joaci de Souza Costa, Olímpio da Silva e José Barros - todos, cantores, além de Manuel dos Santos no violão e Antônio Oliveira que canta e toca pandeiro. O
lançamento oficial do projeto foi no dia 12, em Juazeiro do Norte,
durante o encerramento do evento Nordeste Múltiplos nos Cariris.
Nenhum comentário:
Postar um comentário